Os deputados de oposição foram unânimes em considerar, na Comissão Parlamentar de Saúde, que o governo está a promover "cortes cegos" no Serviço Nacional de Saúde, com um plano de redução de despesas que vai afectar a qualidade dos cuidados prestados aos utentes .
João Semedo, do Bloco de Esquerda, acusou o Ministério da Saúde de estar a comportar-se "como a madrasta dos hospitais", afirmando ser "absolutamente desnecessário cortar no que é essencial: os recursos humanos".
"Já andaram a prometer tanta poupança... com tanta poupança escusavam de poupar no que faz mais falta", sublinhou.
O Governo anunciou na segunda feira dez medidas para cortar 50 milhões de euros na despesa do Serviço Nacional de Saúde, afirmando que se trata de conseguir "uma gestão mais eficiente" do SNS.
Mas tanto o PCP, quanto o CDS, quanto o PSD, além do Bloco, concordaram que se trata apenas de “cortes cegos”.
Os deputados não deram assim ouvidos à ministra Ana Jorge, que defendeu na comissão que é possível racionalizar a despesa sem pôr em causa os cuidados. "Nenhuma das medidas tem a ver com cortes na admissão de profissionais de saúde. Vai haver regulação na admissão destes profissionais, não cortes", disse.
O Bloco de Esquerda criticou ainda na comissão outra medida anunciada, que dispõe que as receitas médicas passem a informar o utente sobre quanto pouparia no caso de lhe ser prescrito um fármaco genérico. Para João Semedo, esta medida é de grande cinismo: "É absolutamente extraordinária a solução para fingir que está a promover os genéricos. O que não consegue fazer é confrontar-se com os médicos. Está a transferir o conflito para o doente, o que é imoral", indignou-se.
Sem comentários:
Enviar um comentário