Presidente da Associação de Municípios exige medidas para minimizar impacto.
Os concelhos do interior do País estão em risco de ver reduzido o ensino básico a três escolas. A estimativa é do Sindicato dos Professores da Região Centro depois de conhecidas as negociações entre o Ministério da Educação e a Associação Nacional de Municípios para o encerramento de todas as escolas com menos de 20 alunos.
As negociações entre aquela associação e o Ministério da Educação (ME) já estão a decorrer e foram ontem confirmadas ao DN por Fernando Ruas, que assumiu a intenção do Governo de "encerrar escolas do ensino básico com menos de 20 alunos".
Francisco Almeida, do Sindicato dos Professores da Região Centro, garantiu que essa medida irá afectar "só no distrito de Viseu a grande maioria das 500 escolas do ensino básico".
O responsável, que é também dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof), alertou ainda que "no País serão milhares de escolas a fechar", acrescentando: "Haverá concelhos que ficarão com 2, 3 escolas no máximo." Além disso, o sindicalista lembra o desperdício, sublinhando "as obras e investimentos feitos em muitas escolas que agora vão encerrar, depois de terem acolhido alunos de escolas fechadas".
Além disso, e para reduzir custos, o ME pretende ter apenas um órgão de gestão por concelho. Isto é "juntar várias escolas, básicas e secundárias, concentrando milhares de alunos no mesmo edifício e criando órgãos de gestão gigantescos", adiantou ao DN fonte da Direcção Regional de Educação do Alentejo (ver caixa em baixo).
O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) adianta que as negociações com o Ministério da Educação "já decorrem à muito" e que pediu ao Governo "cautelas no processo". Fernando Ruas garante que avisou que só aceita o encerramento de escolas "com o acordo das autarquias e desde que sejam cumpridas algumas condições entre as quais o "transportes" e a entrada em funcionamento dos centros educativos, "nos locais onde esteja previsto encerrar escolas".
"Não é a mesma coisa encerrar uma escola na cidade ou numa aldeia ou encerrar se já estiver prevista a cobertura através de centro escolar. É preciso ponderação para que as crianças não mudem de escola, de forma provisória e depois para uma solução definitiva quando entrarem em funcionamento os centros escolares", diz.
O presidente da ANMP assumiu "não conhecer o número de escolas a fechar," mas reconheceu serem "muitas". "Se aquando do critério dos dez alunos fecharam bastantes, com vinte alunos serão muitas mais", explicou Ruas, referindo-se ao processo anterior que em 2006 e 2007 levou ao fecho de 2300 escolas primárias, a maioria com menos de dez alunos, mas também várias com menos de vinte e com uma taxa de insucesso inferior à média nacional (ver texto). O certo, avisa Ruas, é que a intenção do ME é "uma machadada na desertificação". Já Francisco Almeida diz que "está em curso um processo de concentração de alunos e promete "contestação". "É um disparate e o Governo pode querer levar a sua avante, mas não vai fazê-lo sem os protestos das populações e dos professores", avisou. O DN contactou o ME que não prestou esclarecimentos.
Sem comentários:
Enviar um comentário