Há
uma exigência ética essencial no tempo que estamos a viver: ouvir o clamor dos
pobres e devolver-lhe o que lhes cabe.
(…)
Estar
com os últimos, fazer deles a razão de ser das nossas escolhas, impõe coisas
difíceis a que a bolsa de valores deste tempo não dá cotações altas.
(…)
Neste
tempo em que a pobreza e a saída dela são estigmatizadas como responsabilidades
pessoais, estar com os últimos como projeto de vida faz da política o seu campo
de materialização privilegiado.
(…)
A
política como serviço aos últimos não se aprende nas universidades de verão das
jotas nem dá direito a promoção social. Pelo contrário, a política como serviço
à opção pelos últimos só dá dores de cabeça e estraga agendas sociais
perfumadas e prestigiantes.
O país vive a condição dramática de devedor. Não de servo.
(…)
O Estado subordina-se à Constituição e esta não se “acomoda” aos
desígnios de um ou outro poder.
Os verdadeiros
sociais-democratas sabem que a social-democracia europeia (e não só) se
alimentou e conjugou com os valores, os objetivos estratégicos e a ação dos
sindicatos.
(…)
A construção de plataformas
de entendimento à esquerda necessita de uma forte dinâmica social, assente em
propostas onde se conjuguem pequenas mudanças com objetivos estratégicos em
dimensões locais, nacionais e europeias.
A promiscuidade entre jornalistas e “fontes”, a troca de favores
e cumplicidades, as amizades e os amores, as vinganças e elogios interessados
passam-se de modo subterrâneo, mas explicam muito da atitude de jornalistas
face aos detentores do poder político, actual ou passado.
(…)
A mentalidade adversarial da comunicação social, já em si mesmo
uma fragilidade, deu lugar a uma enorme complacência com o poder.
António José Seguro aparenta querer ficar bem com Deus e com o
Diabo, não se comprometer com uma oposição cristalina e mais parece gerir o
passar do tempo e da sua imagem pública à espera que o poder lhe caia no colo.
Não apenas nada de essencial mudará depois do verão, como o
prosseguimento do caminho da devastação seguido nos últimos anos será uma
inevitabilidade.
Pedro
Adão e Silva, Expresso (sem
link)
Decidir descer o IRC em vez de descer os impostos sobre os
trabalhadores e os consumidores, que sustentam praticamente sozinhos o Estado,
é uma escolha impossível de explicar.
Daniel
Oliveira, Expresso (sem
link)
Com todos a ficarem mais pobres será difícil que as clivagens
sociais aumentem.
Nicolau Santos, Expresso Economia (sem link)
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