terça-feira, 3 de dezembro de 2013

DENUNCIAR É PRECISO



Paulo Morais é uma conhecida personalidade da opinião pública portuguesa que se tem dedicado a denunciar muitos casos de corrupção existentes na política portuguesa, tendo, inclusive, editado um livro sobre esse tema.
Em geral, quando se fala de corrupção é muito importante que se nomeiem nomes ligados a essa prática criminosa. Não é fácil que isto aconteça pois, por um lado as pessoas não se querem expor ao denunciarem situações muito difíceis de provar em tribunal, embora sejam óbvias para o comum dos mortais e, por outro receiam ser perseguidas, seja sob que pretexto for. Aliás, o tema corrupção tem vindo a servir para meter todos os políticos no mesmo saco, uma prática que é muito conveniente, sem sombra de dúvida, para encobrir os verdadeiros corruptos. Há gente séria na actividade política, nomeadamente na Assembleia da República, que não pode ser confundida com muito joio que se serve dos lugares que ocupa para defender interesses contrários aos do povo português. Por isso, é muito importante que aproveitemos todas as ocasiões possíveis para o denunciar perante a opinião pública. Essa gente que ocupa cargos públicos para, através deles, virem defender abomináveis interesses particulares, tem de ser dada a conhecer aos portugueses.
No texto que hoje assina no CM, Paulo Morais aponta vários nomes que cada um de nós deve fixar para não se deixar enganar em próximos actos eleitorais.
Os maiores grupos económicos portugueses dominam o Parlamento através das dezenas de parlamentares a quem garantem salários e consultorias. Estes deputados colocam-se na posição ambígua que decorre duma dupla representação: do povo que os elegeu e das empresas que lhes pagam.
Assim, quando o deputado Miguel Frasquilho aparece a defender em público o Orçamento de 2014 em nome do PSD, fá-lo porque acredita que o Orçamento é bom para o País, ou porque este favorece a Banca, em particular o grupo Espírito Santo ao qual deve obediência, enquanto funcionário?
A promiscuidade é, infelizmente, a regra. O presidente da comissão de Segurança Social, José Manuel Canavarro, é consultor do Montepio Geral, banco que atua na área da solidariedade. Na saúde, setor tão sensível, o deputado Ricardo Baptista Leite é consultor da Glintt Healthcare, empresa fornecedora de hospitais. Na área da defesa, há interesses privados representados pelo atual presidente da Comissão de Defesa, Matos Correia, advogado no mesmo escritório que o seu antecessor na função, José Luís Arnaut, cujo principal sócio é o ex-ministro, também da Defesa, Rui Pena. Na comissão de agricultura, Manuel Isaac tutela, em nome do Parlamento, um ministério que, por sua vez, influencia a atribuição de subsídios a empresas agrícolas em que detém participações. Também Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola e acionista da Zon, está representada no Parlamento, através do deputado Paulo Mota Pinto, administrador daquela empresa de comunicações.
A lista é interminável e assustadora.
Mas, mesmo assim, no debate sobre regime de incompatibilidades que há dias teve lugar no Parlamento, os deputados que transformaram a Assembleia, a casa da democracia, num escritório de negócios e favores, nem se dignaram a aparecer para se justificarem. Para restaurar alguma higiene democrática, exige-se que os deputados promíscuos se decidam: abandonem os cargos que ocupam em empresas que recebem benesses do Estado ou saiam do Parlamento cuja dignidade arruínam.
Se o não fizerem de moto próprio, nem forem censurados pelos seus pares, terá chegado a hora de pedir uma investigação, a toda a Assembleia, pelo crime de tráfico de influências.

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