O ano que agora está prestes a terminar
terá sido o pior que os portugueses viveram desde o fim da ditadura. Não são necessárias
estatísticas oficiais, ou não, para sabermos que nos encontramos perante uma
verdade incontornável. De qualquer maneira, o número de portugueses que
emigraram (cerca de 120 mil), só comparável ao que sucedeu nos anos 60 e 70 do
século XX, para fugirem à guerra colonial e à pobreza, é suficiente para nos
dar a dimensão da calamidade que se abateu sobre nós, após as criminosas
medidas de austeridade levadas a cabo pelo Governo Passos/Portas depois do
pontapé de saída dado pelo PS de Sócrates. Apesar disto, tudo indica que, daqui
a um ano, cheguemos à conclusão de que 2014 ainda terá sido pior que 2013, caso
os portugueses não consigam correr com o actual Governo e, sobretudo, não se
inverta o rumo das actuais políticas. Que fique claro: mudar os protagonistas
no poder nada altera de significativo caso o rumo político permaneça ainda que
com matizes menos agressivos.
Manuel Loff escreve hoje no Público sobre
a acção do Governo durante este ano, numa abordagem que vale a pena ler:
Está a acabar o pior ano na vida
dos portugueses nos últimos 30, aquele em que mais perdemos direitos e
bem-estar, por comparação com o passado imediatamente anterior, desde a II
Guerra Mundial.
Cento e vinte mil portugueses emigraram. Tanto quanto nos
piores anos da vaga migratória dos anos 60 e 70, quando se fugia à guerra em
África e à pobreza em Portugal. Os nossos natais voltaram a parecer-se com o
que sempre foram até há 30 anos: emigrantes que voltam por uns dias, lágrimas e
dor, a sensação de que este país não chega para todos... Qualquer retórica
sobre a recuperação económica ressoa cinicamente aos ouvidos de quem continua
desempregado, de quem viu subsídio cortado, de quem vê os filhos partirem. Mas
é verdade que:
1. O Governo não caiu, mas sabe
bem que não tem sustentação social mínima. Em julho, Vítor Gaspar, o mago
das Finanças, disse-o quando abandonou o barco: “Há uma erosão
significativa no apoio da opinião pública às políticas necessárias ao
ajustamento orçamental e financeiro.”
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