No
Público de hoje podemos ler um curto mas excelente texto de Francisco Louçã,
carregado de ironia, como convém nos dias que atravessamos, a propósito de uma pequena
falha de memória de Passos Coelho, a qual talvez configure uma malabarice, termo
inventado pelo primeiro-ministro.
Um
dia, Passos Coelho inventou este termo a propósito de qualquer coisa:
malabarice. Não explicou, mas esta filha do malabarismo e da malandrice, que
não existe ainda nos dicionários (pelo menos no Aurélio), foi uma magnífica
contribuição para a literatura nacional, que só posso saudar.
Malabarice
é o que estamos a viver hoje.
Malabarice
é o secretário-geral do Parlamento apresentar informações falsas para proteger
o seu correligionário, quando tem obrigação de prestar informações verdadeiras.
Malabarice
é Passos Coelho fingir que abdicou de 10% a título de exclusividade quando
recebia 15% por ser vice-presidente da bancada, o que o impedia de receber os
malabaristas 10%.
Malabarice
é receber um subsídio de reintegração quando já se tem um trabalho pago e se
continua a ocupar o mesmo posto no mesmo trabalho pago.
Malabarice
era uma empresa que pedia por intermédio de um amigo (Miguel Relvas) um
financiamento de 1,2 milhões para formar 1063 técnicos para 9 aeródromos, dos
quais só 3 estavam abertos e tinham dez trabalhadores.
Malabarice
foi agora a explicação de Passos Coelho para o dinheiro que recebeu da
Tecnoforma enquanto declarava exclusividade no Parlamento.
Malabarice
é dizer que não recebeu qualquer remuneração certa e jogar com palavras, quando
se fazia pagar em despesas de representação, que na época era a forma legal de
não pagar imposto.
Malabarice
é não dizer quanto recebeu nessas despesas de representação.
Malabarice
é viver com subterfúgios para não pagar impostos e depois impor um colossal
aumento de impostos aos trabalhadores e reformados.
Malabarice é dizer a todos os
outros que vivem acima das suas possibilidades e usar todas as suas próprias
possibilidades para não pagar os seus impostos.
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