Até
os peixes sabem que estar de boca fechada traz muitas vantagens. A dra. Isabel Jonet ainda não aprendeu esta
verdade universal e, de vez em quando, talvez querendo fazer-se notada, atira
cá para fora uma asneira de grosso calibre.
A
última aconteceu há poucos dias, num local pouco apropriado para tal, Fátima, “no
final da conferência de encerramento do 29º Encontro da Pastoral Social”.
A
actual Presidente da Federação dos Bancos Alimentares declarou que muitos
pobres andam de mão estendida porque isso lhes dá jeito, não revelando qualquer
vontade de alterar a sua condição de vida. A infeliz expressão de que “há profissionais habituados a andar de mão estendida, sem qualquer preocupação de mudar” tem o condão de induzir a opinião pública no sentido de culpar os pobres
pela condição em que vivem, o que, aliás, é uma ideia muito propagada pelas
correntes mais radicais do neoliberalismo. Na realidade, o que esta senhora
afirmou, mais do que a expressão de ideias próprias é a exteriorização da sua
matriz ideológica – a culpa da existência da pobreza é dos próprios pobres e
está tudo explicado.
Se
há profissionais da pobreza (como é que os ricos poderiam ser generosos se não
houvesse pobres?...), também há gente altamente especializada na prática da caridadezinha,
uma acção cuja intenção não é a erradicação da pobreza mas, apenas, a sua contenção
em níveis que evitem convulsões sociais graves.
Aliás,
a dra. Jonet, numa das suas tiradas periódicas, já mostrou com clareza o lado
em que se posiciona no que diz respeito ao combate à fome e à pobreza. Para ela,
como sabemos, não há alternativa à caridade.
As suas afirmações proferidas na semana
que agora termina, tiveram grande eco na comunicação social e geraram uma forte
onda de críticas de que escolhermos dois exemplos, aqui e aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário