sábado, 13 de setembro de 2014

PROFISSIONAL DA CARIDADEZINHA


Até os peixes sabem que estar de boca fechada traz muitas vantagens.  A dra. Isabel Jonet ainda não aprendeu esta verdade universal e, de vez em quando, talvez querendo fazer-se notada, atira cá para fora uma asneira de grosso calibre.
A última aconteceu há poucos dias, num local pouco apropriado para tal, Fátima, “no final da conferência de encerramento do 29º Encontro da Pastoral Social”.
A actual Presidente da Federação dos Bancos Alimentares declarou que muitos pobres andam de mão estendida porque isso lhes dá jeito, não revelando qualquer vontade de alterar a sua condição de vida. A infeliz expressão de que “há profissionais habituados a andar de mão estendida, sem qualquer preocupação de mudar” tem o condão de induzir a opinião pública no sentido de culpar os pobres pela condição em que vivem, o que, aliás, é uma ideia muito propagada pelas correntes mais radicais do neoliberalismo. Na realidade, o que esta senhora afirmou, mais do que a expressão de ideias próprias é a exteriorização da sua matriz ideológica – a culpa da existência da pobreza é dos próprios pobres e está tudo explicado.
Se há profissionais da pobreza (como é que os ricos poderiam ser generosos se não houvesse pobres?...), também há gente altamente especializada na prática da caridadezinha, uma acção cuja intenção não é a erradicação da pobreza mas, apenas, a sua contenção em níveis que evitem convulsões sociais graves.
Aliás, a dra. Jonet, numa das suas tiradas periódicas, já mostrou com clareza o lado em que se posiciona no que diz respeito ao combate à fome e à pobreza. Para ela, como sabemos, não há alternativa à caridade.
As suas afirmações proferidas na semana que agora termina, tiveram grande eco na comunicação social e geraram uma forte onda de críticas de que escolhermos dois exemplos, aqui e aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário