segunda-feira, 15 de outubro de 2018

DEMOCRACIA BRASILEIRA À BEIRA DO ABISMO


O Prof. Boaventura Sousa Santos (BSS), Fundador e Director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra é um profundo conhecedor da realidade da América Latina e, em particular do Brasil. Portanto, ele sabe do que fala quando se refere à situação dramática, sob o ponto de vista democrático, que actualmente vive o maior país de língua portuguesa. As suas palavras devem, portanto, ser ouvidas e lidas com muita atenção porque são uma importante fonte de informação verdadeira, numa altura em que muitas notícias por aí campeiam, sem que tenhamos possibilidade de confirmar a sua autenticidade. Muitas são mesmo falsas.
BSS assina esta quarta-feira no “Público” um interessante artigo de opinião onde aponta as razões que, em sua opinião conduziram ao abismo em que actualmente está colocada a democracia brasileira. Desse texto extraímos a s seguintes citações:

O golpe institucional que se iniciou com o impeachment da Presidente Dilma e prosseguiu com a injusta prisão do ex-presidente Lula da Silva está quase consumado.
(…)
Pese embora todos os erros e defeitos, os governos do PT foram os que mais contribuíram para desactivar essa bomba [da extrema desigualdade social], criando políticas de redistribuição social e de luta contra a discriminação racial e sexual sem precedentes na história do Brasil.
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A avassaladora demonização do PT pelos media oligopolistas, sobretudo a partir de 2013, revelou a urgência com que se queria pôr fim à ameaça [da diminuição da desigualdade social.
(…)
[No Brasil] não foi possível punir os crimes da ditadura (ao contrário da Argentina mas na mesma linha do Chile) e, pelo contrário, os militares impuseram aos constituintes de 1988 28 parágrafos sobre o estatuto constitucional das FFAA.
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Muitos dos que governaram durante a ditadura [brasileira] puderam continuar a governar como políticos eleitos no congresso democrático.
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Apelar à intervenção militar e à ideologia militarista autoritária ficou sempre latente, pronta a explodir.
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O que ele diz sobre as mulheres, os negros ou os homossexuais ou a tortura pouco interessa aos “mercados” desde que a sua política económica seja semelhante à do Pinochet no Chile.
(…)
O político de extrema-direita norte-americano Steve Bannon apoia Bolsonaro, mas é apenas o balcão da frente do apoio imperial.
(…)
Os analistas do mundo digital estão surpreeendidos com a excelência da técnica da campanha bolsonarista nas redes sociais.
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A segunda volta é uma questão de regime, um autêntico plebiscito sobre se o Brasil deve continuar a ser uma democracia ou passar a ser uma ditadura de tipo novo.
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O fascismo de massas nunca foi feito de massas fascistas, mas sim de minorias fascistas bem organizadas.
(…)
Ao ponto que chegámos, para assegurar uma certo regresso à normalidade democrática não basta que Haddad ganhe, tem de ganhar por uma margem folgada.

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