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Prof. Boaventura Sousa Santos (BSS), Fundador e Director do Centro de Estudos
Sociais da Universidade de Coimbra é um profundo conhecedor da realidade da
América Latina e, em particular do Brasil. Portanto, ele sabe do que fala
quando se refere à situação dramática, sob o ponto de vista democrático, que
actualmente vive o maior país de língua portuguesa. As suas palavras devem,
portanto, ser ouvidas e lidas com muita atenção porque são uma importante fonte
de informação verdadeira, numa altura em que muitas notícias por aí campeiam,
sem que tenhamos possibilidade de confirmar a sua autenticidade. Muitas são
mesmo falsas.
BSS
assina esta quarta-feira no “Público” um interessante artigo de opinião onde
aponta as razões que, em sua opinião conduziram ao abismo em que actualmente
está colocada a democracia brasileira. Desse texto extraímos a s seguintes
citações:
O golpe institucional que se iniciou com o impeachment da Presidente
Dilma e prosseguiu com a injusta prisão do ex-presidente Lula da Silva está
quase consumado.
(…)
Pese embora todos os erros e defeitos, os governos do PT foram
os que mais contribuíram para desactivar essa bomba [da extrema desigualdade
social], criando políticas de redistribuição social e de luta contra a
discriminação racial e sexual sem precedentes na história do Brasil.
(…)
A avassaladora demonização do PT pelos media oligopolistas,
sobretudo a partir de 2013, revelou a urgência com que se queria pôr fim à
ameaça [da diminuição da desigualdade social.
(…)
[No Brasil] não foi possível punir os crimes da ditadura (ao
contrário da Argentina mas na mesma linha do Chile) e, pelo contrário, os
militares impuseram aos constituintes de 1988 28 parágrafos sobre o estatuto
constitucional das FFAA.
(…)
Muitos dos que governaram durante a ditadura [brasileira]
puderam continuar a governar como políticos eleitos no congresso democrático.
(…)
Apelar à intervenção militar e à ideologia militarista
autoritária ficou sempre latente, pronta a explodir.
(…)
O que ele diz sobre as mulheres, os negros ou os homossexuais ou
a tortura pouco interessa aos “mercados” desde que a sua política económica
seja semelhante à do Pinochet no Chile.
(…)
O político de extrema-direita norte-americano Steve Bannon apoia
Bolsonaro, mas é apenas o balcão da frente do apoio imperial.
(…)
Os analistas do mundo digital estão surpreeendidos com a
excelência da técnica da campanha bolsonarista nas redes sociais.
(…)
A segunda volta é uma questão de regime, um autêntico plebiscito
sobre se o Brasil deve continuar a ser uma democracia ou passar a ser uma
ditadura de tipo novo.
(…)
O fascismo de massas nunca foi feito de massas fascistas, mas
sim de minorias fascistas bem organizadas.
(…)
Ao ponto que chegámos,
para assegurar uma certo regresso à normalidade democrática não basta que
Haddad ganhe, tem de ganhar por uma margem folgada.
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