quarta-feira, 3 de outubro de 2018

OS LÍDERES DA DISPARIDADE SALARIAL



É muito importante que o tema da disparidade salarial se mantenha em discussão na sociedade portuguesa já que há que pôr termo à continuada perda de remuneração do factor trabalho que se vem acentuando desde há muitos anos a esta parte. Já aqui nos referimos a esta situação nos últimos dias e, para além de reafirmarmos que os grandes perdedores do período de resgate da troika foram os trabalhadores, entendemos voltar à informação que pudemos recolher no Expresso Economia (EE) deste sábado para aqui deixarmos alguns exemplos do fosso salarial entre as remunerações auferidas pelos presidentes executivos (CEO) das empresas cotadas no PSI-20 e o salário médio dos trabalhadores.
O caso mais gritante que retirámos do EE é o de Pedro Soares dos Santos, presidente executivo da Jerónimo Martins (apresentado no gráfico acima) mas há outros igualmente de relevo que vêm referidos no texto seguinte assinado por Cátia Mateus e Sónia Lourenço.
Na lista dos CEO mais bem pagos do PSI-20, António Mexia, CEO da EDP, é sucessivamente referido como exemplo. E confere. No último ano, o presidente executivo da elétrica nacional teve direito a uma remuneração de €2,2 milhões (entre componente fixa e variável), 39 vezes mais do que o salário médio dos seus trabalhadores. Mas António Mexia está longe de ser o maior exemplo de disparidade salarial entre líderes e trabalhadores nas cotadas, ainda que o salário dele tenha aumentado 116,9% entre 2010 e 2017, enquanto o salário médio dos trabalhadores não tenha ido além de um aumento de 23,7% no mesmo período.
O caso mais gritante é Pedro Soares dos Santos, presidente executivo da Jerónimo Martins. No último ano, o gestor faturou €2 milhões, 160 vezes mais do que o salário médio anual dos seus trabalhadores. E o fosso entre a sua remuneração e a dos seus funcionários tem estado a aumentar desde 2010. A média salarial praticada na empresa aumentou 31% nos últimos oito anos, fixando-se em €12.534 brutos anuais. O salário do líder subiu 161%. Em oito anos, o pay-gap da empresa mais do que duplicou.
Também a Sonae está nas posições cimeiras em termos de disparidade salarial. Paulo Azevedo, co-CEO da empresa, ganha 37 vezes mais do que a média dos seus trabalhadores. Contudo, em 2010 — quando havia apenas um presidente executivo e não dois como atualmente —, o fosso era ainda maior, atingindo as 70 vezes. Nesta lista está também a Mota-Engil, onde o CEO Gonçalo Moura Martins ganha 41 vezes mais do que os trabalhadores que lidera. O gestor auferiu no último ano uma remuneração de €537 mil, quando o salário médio bruto anual na empresa não vai além de €17.992.

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