É
muito importante que o tema da disparidade salarial se mantenha em discussão na
sociedade portuguesa já que há que pôr termo à continuada perda de remuneração do
factor trabalho que se vem acentuando desde há muitos anos a esta parte. Já aqui
nos referimos a esta situação nos últimos dias e, para além de reafirmarmos que
os grandes perdedores do período de resgate da troika foram os trabalhadores,
entendemos voltar à informação que pudemos recolher no Expresso Economia (EE) deste
sábado para aqui deixarmos alguns exemplos do fosso salarial entre as
remunerações auferidas pelos presidentes executivos (CEO) das empresas cotadas
no PSI-20 e o salário médio dos trabalhadores.
O
caso mais gritante que retirámos do EE é o de Pedro Soares dos Santos,
presidente executivo da Jerónimo Martins (apresentado no gráfico acima) mas há
outros igualmente de relevo que vêm referidos no texto seguinte assinado por
Cátia Mateus e Sónia Lourenço.
Na
lista dos CEO mais bem pagos do PSI-20, António Mexia, CEO da EDP, é
sucessivamente referido como exemplo. E confere. No último ano, o presidente
executivo da elétrica nacional teve direito a uma remuneração de €2,2 milhões (entre
componente fixa e variável), 39 vezes mais do que o salário médio dos seus
trabalhadores. Mas António Mexia está longe de ser o maior exemplo de
disparidade salarial entre líderes e trabalhadores nas cotadas, ainda que o
salário dele tenha aumentado 116,9% entre 2010 e 2017, enquanto o salário médio
dos trabalhadores não tenha ido além de um aumento de 23,7% no mesmo período.
O
caso mais gritante é Pedro Soares dos Santos, presidente executivo da Jerónimo
Martins. No último ano, o gestor faturou €2 milhões, 160 vezes mais do que o
salário médio anual dos seus trabalhadores. E o fosso entre a sua remuneração e
a dos seus funcionários tem estado a aumentar desde 2010. A média salarial
praticada na empresa aumentou 31% nos últimos oito anos, fixando-se em €12.534
brutos anuais. O salário do líder subiu 161%. Em oito anos, o pay-gap da
empresa mais do que duplicou.
Também
a Sonae está nas posições cimeiras em termos de disparidade salarial. Paulo
Azevedo, co-CEO da empresa, ganha 37 vezes mais do que a média dos seus
trabalhadores. Contudo, em 2010 — quando havia apenas um presidente executivo e
não dois como atualmente —, o fosso era ainda maior, atingindo as 70 vezes.
Nesta lista está também a Mota-Engil, onde o CEO Gonçalo Moura Martins ganha 41
vezes mais do que os trabalhadores que lidera. O gestor auferiu no último ano
uma remuneração de €537 mil, quando o salário médio bruto anual na empresa não
vai além de €17.992.
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