Há um problema nacional grave de sobrearmamento.
(…)
O sobrearmamento da sociedade portuguesa está intimamente ligado
a práticas de crimes, na esfera pública e na esfera doméstica.
(…)
Há cerca de dez anos atrás, uma estimava por baixo apontava para
um gasto médio anual para o Estado de cerca de 108 milhões de euros em custos
diretos (tratamento hospitalar e perda de produtividade) e indiretos (como
sofrimento e perda de qualidade de vida) dos crimes provocados por armas de
fogo.
Uma trabalhadora do Pingo Doce que ganhe o salário mínimo tem de
trabalhar 20 anos para ganhar o mesmo que o administrador da empresa ganha num
único mês.
(…)
A desigualdade salarial dentro das empresas não tem parado de
crescer nos últimos anos.
(…)
O universo dos gestores funciona como um mercado fechado e
distorcido, sem qualquer regulação.
(…)
Parecem estar reunidas em Portugal as condições para fazermos
história na luta contra a desigualdade salarial.
Infantilizar as mulheres configura uma fórmula gasta de descredibilização
machista.
Ana Cristina Santos, Público (sem
link)
A penalização da especulação imobiliária, seja a título
individual, seja para empresas e fundos de risco, pode fazer sentido, quando
80% das casas são compradas e vendidas em seis meses e é necessário travar essa
evolução vertiginosa, sob pena de as cidades se esvaziarem ainda mais de
residentes.
Amílcar Correia, Público (sem link)
[João Almeida do CDS] afirmou que quem é de direita não pode
levar em conta qualquer posição que venha das “esquerdas”.
(…)
Na verdade, o único interlocutor de Almeida são os “proprietários”,
expressão que prefere a “senhorios”,
porque as palavras fazem parte da guerra.
(…)
[João Almeida] nunca diria que a Lei Cristas “desrespeita
os inquilinos”, pondo-os na rua em massa. E nunca acrescentaria
“sejam
ricos ou pobres”.
Pacheco Pereira, Público (sem link)
Os dirigentes desportivos gozam de uma acalmia, senão mesmo,
quando confrontados com processos judiciais, de uma grande benevolência.
(…)
Um país onde valha a pena ter uma vida minimamente digna passa
certamente pela participação de cada cidadão nos assuntos de toda a sociedade.
(…)
Vale a pena confrontar o grau de criticismo em relação aos
políticos com o grau de benevolência com que se “absolve” os escândalos do
mundo do futebol.
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O facto de Mourinho ou Cristiano Ronaldo fugirem aos impostos
com milhões e milhões de euros passa quase incólume na vida social.
(…)
Repare-se na diferença com que o aconteceria em relação a
qualquer dirigente partidário que fuja ao pagamento dos impostos devidos, como
já aconteceu.
(…)
A sociedade está já encharcada em futebol e tende a substituir o
seu envolvimento na construção de uma vida decente e digna por um amor
clubístico que apenas precisa de impulsos primários.
Domingos
Lopes, Público (sem link)
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