domingo, 24 de janeiro de 2010

DETALHES (1)

Coincidências

Na edição do “Expresso” de 23/01/2010, a cidade de Portimão é referida como capital da esquerda por ter albergado, no espaço de três dias, e, curiosamente, no mesmo local, o lançamento da candidatura de Manuel Alegre à presidência da República e um jantar-comício do Bloco de Esquerda, integrado nas jornadas parlamentares daquele partido que tiveram lugar no Algarve.

Faltou referir que o município de Portimão é governado por um partido, eufemísticamente, designado socialista mas, na realidade tendencialmente social-liberal na sua prática.

Passos à direita

Na entrevista que acaba de dar ao “Expresso”, Pedro Passos Coelho, a par de uma de populismo, defendendo a redução dos salários dos políticos, é bem claro nas suas opções de direita:

- Congelamento dos salários por mais um ano (presume-se que para além do próximo);

- Quem quer saúde paga-a;

- Privatização da CGD num futuro próximo;

- Congelamento das despesas sociais;

- Voto contra o casamento gay e a adopção.

Curiosamente, quando se refere a Paulo Portas, diz que o conhece da JSD. “Ele foi o último director do órgão informativo da Jota – “Pelo socialismo””. Ou seja, Paulo Portas liderou uma publicação periódica escrita onde, pelo título, defendia o socialismo. Mudam-se os tempos… Apostamos que o PP já apagou esta parte do currículo do seu chefe.

Se tivermos em conta que candidatos em campanha são mais comedidos quanto às medidas que tencionam tomar uma vez chegados ao poder, é caso para não perdermos de vista este sujeito e aquilo que ele vai dizendo.

Democracia à angolana

Ao fim de quase trinta e cinco anos de independência, foi aprovada a primeira Constituição de Angola.

O processo que levou à aprovação da Lei Fundamental da antiga colónia portuguesa mais não visa do que levar à perpetuação no poder de José Eduardo dos Santos e da sua clique. O horror ao voto popular é tão grande que até a eleição do Presidente da República é feita no Parlamento, onde o MPLA é largamente maioritário…

Em Portugal conhecemos essa prática levada a cabo pelo regime salazarista depois do “susto” provocado pela candidatura do general Humberto Delgado.

Trata-se da pretensa “legalização” de uma situação, de facto, já existente – uma ditadura. De resto, só por ironia a Constituição de Angola exprime que tem como objectivo "a construção de uma sociedade livre, justa, democrática e solidária, de paz, igualdade e progresso social".

Sintomática é a posição da chamada “comunidade internacional” que, noutros tempos e noutros locais se apressava a denunciar “farsas” deste tipo e, agora, se mantém quieta e calada. Sem sombra de dúvida que os petrodólares têm muita força.

Luís Moleiro

Sem comentários:

Enviar um comentário