sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
O papel da Esquerda Socialista e dos bloquistas
A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, reunida em 23 de Janeiro, aprovou por maioria a decisão, já anteriormente anunciada, de apoiar a candidatura de Manuel Alegre à Presidência de República.
Esta candidatura é encarada com algum desconforto por muitos aderentes do Bloco de Esquerda, independentemente do entendimento da necessidade de uma candidatura que consiga apoios capazes de derrotar a previsível candidatura de Cavaco Silva.
O facto de as candidaturas à Presidência da República, em Portugal, serem supra-partidárias não é suficiente para que muitos bloquistas e outros homens e mulheres de esquerda vejam com bons olhos a possibilidade de estar ao lado de Sócrates, Maria de Lurdes Rodrigues, Vieira da Silva e outros no apoio a Alegre.
A nossa posição não é fácil, mas nem por isso poderá ser menos clara e transparente.
A Esquerda Socialista e os bloquistas em especial têm, agora, uma responsabilidade aumentada, a de participar, ainda mais activamente, nas campanhas que o Bloco lançou ou venha a lançar, contra a exploração desenfreada, contra o desemprego e a precariedade, contra todas as formas de exclusão, na defesa dos serviços públicos e ainda contra a NATO e a participação de Portugal em guerras a que somos alheios, marcando uma clara oposição às medidas neoliberais que o Governo Sócrates vem assumindo.
Para que não restem dúvidas, encaramos o neoliberalismo como a filosofia que enforma o capitalismo nos nossos dias e opor-nos-emos a ele por todas as formas.
Ao agirmos assim, estaremos a impedir quaisquer tentativas de confusão entre o nosso partido-movimento e o PS e estaremos a honrar os nossos compromissos com a história e com os sectores da população com que sempre nos manifestamos solidários.
O demissionismo e o baixar dos braços não serão o nosso caminho, pelo contrário deveremos dar mais força aos que, em todas as frentes de luta, enfrentam a direita e os seus aliados.
A maioria social de esquerda, capaz de impor uma alteração da situação em que vivemos, só será forjada nas lutas concretas e nunca nos acordos de gabinete, por mais favoráveis que eles pareçam.
O Presidente da Republica, no quadro constitucional português, não tem grandes poderes para influenciar as politicas governamentais. Mesmo que os tivesse, como socialista de esquerda, não colocaria nas mãos , fosse de quem fosse, grandes esperanças nesse sentido.
Estou mais preocupado com o evoluir da capacidade de intervenção social e política do povo português do que com eleições presidenciais, embora entenda que é preferivel ter como PR um homem ou uma mulher com uma prespectiva politica, social e cultural progressistas do que o Cavaco Silva.
Mas este é, apenas, o meu entendimento, aberto à discussão e ao debate.
José Ferreira dos Santos
In Esquerda Nova
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