O responsável pela luta contra a gripe A na OMS disse que a organização manteve contato com as farmacêuticas e laboratórios para garantir que estes uniriam esforços na luta contra a pandemia, mas que "em nenhum caso fomos influenciados por interesses comerciais".
Keiji Fukuda explicou que nas análises prevaleceu o "princípio da precaução", ou seja "preparar-se para o pior e esperar que ocorra o melhor". E acrescentou que as críticas são "desrespeitosas" para as 13 mil pessoas mortas por causa desta doença. Respondendo a quem acusa a OMS de ter exagerado a gravidade da pandemia, Fukuda lembra que "desde o início, a OMS disse que podia ser de moderada a severa".
A OMS admitiu esta semana submeter-se a uma avaliação por peritos independentes, mas só após ser declarado o fim da pandemia, o que poderá demorar anos a acontecer. A declaração surgiu depois da organização ter sido duramente criticada esta semana pelo presidente da comissão de saúde da Assembleia do Conselho da Europa.
"A grande campanha de pânico que vimos foi uma oportunidade de ouro para os representantes dos laboratórios que sabiam que eles iriam atingir o jackpot, no caso de uma pandemia ser declarada", afirmou Wolfgang Wodarg, acrescentando que esta pandemia "é um dos grandes escândalos de medicina do século”. A Assembleia aprovou a sua proposta de investigação sobre o papel das empresas farmacêuticas na definição das escolhas políticas face à gripe A e vai debater o assunto no próximo dia 25.
"Queremos esclarecer tudo que causou esta grande operação de desinformação. Nós queremos saber quem fez as decisões, com base em quais provas, e precisamente como a influência da indústria farmacêutica passou a ostentar-se na tomada de decisões", declarou Wodarg, acrescentando que um grupo de pessoas na Organização Mundial de Saúde "está associado estreitamente com a indústria farmacêutica" que já lucrou 5 mil milhões de euros com o fabrico de vacinas.
O debate sobre o tema está a ganhar terreno em países como a Inglaterra, que se pergunta agora o que fazer com mil milhões de libras em vacinas encomendadas no momento auge do receio pelo H1N1. Os planos de contingência ingleses previam 65 mil mortes e foram dadas instruções para a preparação das morgues e do exército para prevenir os motins esperados pelo acesso à vacina. Mas ao todo morreram 251 pessoas, muitas delas doentes crónicas.
O jornal Daily Mail contribuiu para adensar as suspeitas de conflito de interesses, ao noticiar que Roy Anderson - um cientista conselheiro do governo sobre a resposta à gripe A - é um dos quadros superioresda GlaxoSmithKline, uma das farmacêuticas que mais ganhou com a venda de vacinas.
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