sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dinamização das estruturas locais a partir do confronto democrático



É vital a dinamização das estruturas locais do BE – distritais, concelhias e até de freguesia (se possível) – a partir do confronto democrático entre posições políticas internas diferentes, com a discussão de programas de acção, adaptados a cada área geográfica de intervenção.

Com pelo menos dois anos aparentemente tranquilos pela frente, o Bloco tem todas as condições para fazer esse caminho sem sobressaltos. As estruturais locais não podem continuar fechadas sobre si mesmas. Pelo contrário, têm de assumir responsabilidades pelo trabalho desenvolvido, apresentar propostas alternativas concretas e dinamizar a acção de curto e médio prazo juntamente com os seus aderentes e apoiantes. As estruturas e os seus militantes, desprovidos de quaisquer receios de conotação com a corrente A, ou com a tendência B.

O Bloco de Esquerda tem vindo a defender publicamente novas formas de participação dos cidadãos em defesa dos seus interesses. É absolutamente indispensável instituir, no interior do Bloco, as práticas democráticas que defendemos publicamente, numa clara atitude ética.

A este propósito, o texto de opinião assinado por Rui Tavares, publicado no jornal “Público” de 14 de Outubro deste ano, é claro e explícito quanto ao caminho a seguir:

Nas próximas eleições locais, entre os 305 presidentes de câmara, metade não poderá recandidatar-se. O país deveria aproveitar para iniciar uma autêntica revolução no poder local, feita de um novo discurso urbano e de uma nova prática cívica. A preparação dela começa agora.
Um novo discurso urbano começa por duas dimensões aparentemente simples: onde as pessoas moram e como elas se movem. Mas as suas ramificações têm consequências enormes. Num tempo de crise, é comum falar-se dos efeitos "multiplicadores" do investimento público. É bom lembrar que, em política urbana, os multiplicadores vão muito para além da economia. É investimento público que gera novo investimento, é certo, mas igualmente importantes são os seus multiplicadores culturais e sociais. Em cidades com centros degradados com as nossas, são também multiplicadores de qualidade de vida. Em cidades dominadas pelo automóvel, as políticas de transportes públicos são também multiplicadores ambientais. E promover a participação política local é talvez um dos mais poderosos multiplicadores cívicos.
Aqui entra o segundo plano. Uma nova prática cívica significa promover mais debate local, ter mais abertura, criar mais momentos de deliberação. As pessoas podem não saber tudo sobre macroeconomia ou direito internacional, mas em geral têm uma ideia muito concreta de como querem mudar a sua vida na cidade. Ao discuti-lo não só preparam o caminho para essa mudança como melhoram a qualidade da democracia.

In Esquerda Nova

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