quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

TREMENDISTAS

TREMENDISTAS

Com a descrença que por aí grassa, muitos de nós dão atenção a alguns profetas da desgraça que tomam a posição mais cómoda netas circunstâncias: dizer mal de tudo e de todos, “sem qualquer critério”. Subscrevo totalmente o seguinte texto de Daniel Oliveira, inserido na última edição do Expresso de 2009.

2012

“Os tremendistas sempre pagaram bem. E agora dão cartas ao país. Perdidos e sem grandes exemplos a seguir, os portugueses viram-se para os homens que lhes anunciam a hecatombe e que disparam para todos os lados sem qualquer critério. No estilo erudito, Vasco Pulido Valente. A cobrar à bandeirada, Medina Carreira. Os apóstolos do Apocalipse têm colunas nos jornais e programas televisivos em plano inclinado. Trazem-nos a boa nova: o mundo está a acabar e Portugal já acabou. Não há nada a fazer. Ninguém presta. Os portugueses não trabalham, os políticos não valem nada e, tirando eles próprios – todos portugueses e alguns deles ex-governantes – apenas há gente incapaz e incompetente. Quem os ouve e lê pensa sempre que é dos outros que eles estão a falar. Não, caro leitor, é a si que eles se referem.

Espero que um dia esta gente perceba a inutilidade do que fazem. Como opinantes, são preguiçosos. Como cidadãos, são pior do que isso. Mas que não se julgue que são apenas diletantes. As suas profecias servem, mesmo que involuntariamente, muitas agendas. As que se alimentam da resignação, seguramente. As que querem impor aos do costume um cinto apertado também. E, no limite as dos que apostam na descrença total na democracia para nos propor coisa bem pior.”

Luís Moleiro recolheu o texto

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