Rebuscando na imprensa desta semana, encontramos afirmações de José Reis, director da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), segundo as quais, a adopção de mais medidas de austeridade para cumprir as metas orçamentais, como defende a OCDE, só vai agravar a recessão.
“A minha convicção é que a austeridade costuma ser a causa da recessão e não a sua cura”, disse à agência Lusa o professor catedrático da FEUC e investigador do Centro de Estudos Sociais.
José reis reagia assim á previsões que a OCDE fez na passada terça-feira (22/5) no seu “Outlook” dedicado à economia portuguesa, onde considera que o Governo terá de adoptar novas medidas de austeridade para cumprir as suas metas orçamentais. Segundo a organização, o PIB de Portugal vai encolher 3,2 por cento este ano e voltar a cair 0,9 por cento em 2013, sendo que os dois números são bastante mais pessimistas do que as previsões do Governo.
Admitindo não ter ficado surpreendido com as previsões, José Reis lembra:”Hoje todos temos a noção que a economia está numa trajectória recessiva profunda e muito provavelmente não se inverte subitamente”.
No entanto, o economista defende que a situação não pode ser revertida “insistindo na receita de uma lógica saneadora que se convencionou chamar austeridade”, nem abandonando todas as medidas de austeridade. É preciso “equacionar o crescimento e dizer que isso implica medidas de natureza muito diferente”, defendeu.
Quanto aos números do desemprego – que a OCDE diz que vão continuar a subir e que deverão atingir os 16,2% em 2013 – José Reis considerou que a situação é ainda pior.
“Muito pior que o crescimento do desemprego foi a redução dos postos de trabalho”, afirmou, sublinhando que a redução do emprego e dos postos de trabalho “são realidades convergentes e, ainda por cima, cumulativas”. Para o professor de economia, a forma de reverter a tendência é relançando a procura e o investimento.
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