Não há memória de alguém se ter queixado de falta de condições para a preparação da nossa selecção principal de futebol. O Euro 2012 não foge à regra apesar do aperto de cinto a que todos os portugueses estão sujeitos.
Por que será que em Portugal o futebol vive num mundo à parte, em especial, no que diz respeito aos chamados clubes grandes e à selecção nacional? Quantas pessoas haverá que se possam gabar de exercer a sua actividade em condições ideais?
Segundo se pode ler na imprensa, os locais onde são preparadas as participações em grandes competições são sempre idílicos e à prova de qualquer perturbação.
Para além dos 23 jogadores convocados, há mais 24 elementos que os acompanham a que se junta uma chusma de dirigentes que não perdem oportunidade alguma para se pavonearem frente às câmaras de televisão, em especial, nos momentos de vitórias. Também sabemos há muito que os jogadores “portugueses” estão entre os que mais caro custarão em termos das instalações hoteleiras em que irão ficar alojados na Ucrânia.
Pouco, muito pouco, se tem falado nisto se bem que o dinheiro a desembolsar venha da carteira dos contribuintes, mesmo daqueles que não gostam de futebol e dos que, embora gostando, não aceitam de bom grado tamanhas despesas, sabendo-se que a esmagadora maioria dos portugueses se encontra cada vez com menos furos para apertar no cinto.
153 mil euros é a verba que cada jogador da selecção receberá em caso de conquista do título europeu. Cálculos efectuados, esse prémio custaria a todos nós a módica quantia de 3,5 milhões de euros. Sendo este valor apenas a ponta do iceberg, como diria uma conhecida figura pública, “é só fazer as contas”.
De qualquer modo. Perante adversários de tanta monta como aqueles que nos vão calhar, talvez os contribuintes portugueses tenham alguma sorte…
Reflexão final: por que razão tão pouca gente se insurge perante gastos tão exorbitantes numa altura em que sectores como a saúde, educação e segurança social (entre outros) estão a sofrer cortes tão drásticos?
Luís Moleiro
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