quarta-feira, 31 de julho de 2013
A MARCHA DAS VADIAS
A Marcha das Vadias surgiu a partir de uma declaração de um policia,numa universidade do Canadá, em que alertava que, para evitar estupros, as mulheres deveriam deixar de se vestirem como vadias.
terça-feira, 30 de julho de 2013
TOME NOTA 12
1.A formação de um enfermeiro custa por ano a cada contribuinte 25 mil euros.
2.Desde 2009 emigraram 7239 enfermeiros, o que representa 732,9 milhões de euros investidos.
3.Só este ano, até 30 de Junho, 1152 enfermeiros solicitaram a documentação necessária para exercer a profissão na União Europeia.
OBRAS PARADAS NA 125
Com a aproximação das eleições autárquicas começa a vir ao de cima a hipocrisia daqueles que durante quatro anos se esqueceram de que as populações existem e têm necessidades e anseios que não se padecem com táticas eleitorais. Está neste caso o PS Algarve que, com o seu silêncio, se tem colocado objectivamente ao lado do Governo no que se refere à situação que as populações algarvias estão a viver em virtude do pagamento de portagens na Via do Infante. Sendo certo que é inadmissível a paragem nas obras de requalificação na EN 125, não é menos verdade que, mesmo depois de estas obras ficarem concluídas, o problema fundamental continua a colocar-se, desde que não haja alteração na política do pagamento de portagens na A22. Diz o PS Algarve que a “suspensão dos trabalhos e o abandono dos estaleiros de obra causam um conjunto significativo de riscos” ameaçando o recurso aos tribunais para que “as obras se iniciem e sejam devidamente concluídas”. Palavras de circunstância que ficam sempre bem em campanha eleitoral mas que não têm qualquer significado em termos práticos, configurando, isso sim, um acordo tácito com a situação que se vive actualmente.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
domingo, 28 de julho de 2013
TOME NOTA 11
1.Em 2012 emigraram mais
de 121 mil portugueses.
2.Muitos presos recusam
sair em liberdade condicional por não encontrarem trabalho cá fora. Na prisão
sempre vão tendo comida e cama, garantem.
APRESENTAÇÃO DA CANDIDATURA DO BE À AUTARQUIA DE FARO
O núcleo de Faro do Bloco de Esquerda apresentou ontem, dia 27 de
Julho a sua candidatura autárquica.
João Ruivo será cabeça de lista do BE à Câmara da capital do Algarve.
sábado, 27 de julho de 2013
CITAÇÕES
A defesa da renegociação da dívida e a defesa das
alternativas políticas e económicas são o núcleo duro da defesa da democracia
no nosso tempo em Portugal.
Temos que reconhecer talento a este executivo – conseguiram
colocar em lugares-chave representantes de cada um dos maiores escândalos deste
regime.
O
PR agiu, ardilosamente, de forma a acentuar o descrédito no exercício
democrático da política e distanciou o povo do direito de intervir para
discutir e decidir, em tempo útil, sobre o seu futuro.
(…)
A
crise que vivemos, "instituição" criada para impor um brutal
retrocesso na vida de milhões de seres humanos, foi e é, antes do mais, um complexo
sarilho causado pela finança internacional e por quem a colocou em rédea solta,
para facilitar roubos e lavagem de dinheiro.
(…)
Observando
a composição do Governo e as práticas dos governantes, vemos que as exigências
de competência, de rigor, de verdade e de ética para o exercício da governação
deixaram de existir.
Seguro continua preso nas
contradições inerentes a um partido que se diz social-democrata e assinou um
programa de austeridade neoliberal como é o memorando da troika.
São José Almeida, Público (sem link)
O "novo ciclo" do
Governo, naquilo que não é pura sobrevivência eleitoral, mas discurso de
feiticeiro, serve para reciclar a linguagem do poder aos mesmos interesses de
sempre.
Pacheco Pereira, Público (sem link)
Não
há nenhum motivo para acreditarmos que desta vez será diferente.
Pedro Adão e Silva,
Expresso (sem
link)
Machete
não pode vir do esgoto que era a SLN para o Governo, enxuto e limpinho, como se
não devesse explicações a ninguém.
Daniel Oliveira, Expresso (sem
link)
sexta-feira, 26 de julho de 2013
O BLOCO NOS MEDIA
Por acaso ou talvez não, cedo
desapareceram hoje da página inicial do DN e do Público, respectivamente, a
chamada de atenção para um artigo de opinião de Francisco Louçã e declarações
de João Semedo à comunicação social.
Francisco Louçã assina
esta sexta-feira no DN um artigo de opinião em que fala do futuro da esquerda após a crise política e das negociações falhadas entre PS, PSD e CDS.
João Semedo, por sua vez,
declara que a” austeridade é a pior das soluções para equilibrar as contas públicas”.
FALSOS GESTOS DE ESQUERDA
Quando não está no Governo
o PS tem, frequentemente gestos de esquerda. Esta afirmação parece conter um tom
provocatório mas é a expressão da realidade porque, uma vez no poder, porta-se
quase como um partido adepto das nefastas políticas neoliberais, vergando-se
inexoravelmente perante as mais duras exigências da troika estrangeira e dos
seus mandantes. A prática “socialista” tem sido esta e, pelo que se pode
constatar actualmente, existem fortes receios de que tudo continue na mesma,
caso venha a vencer as próximas eleições legislativas, tenham elas lugar quando
tiverem.
Com este pano de fundo, é
muito importante que fiquem registadas determinadas tomadas de posição dos seus
dirigentes de topo para percebermos as punhaladas nas costas com que o povo português
é fustigado, logo que o PS chega ao poder. É exemplo desta afirmação um artigo
que vem hoje inserido no Público, assinado por Óscar Gaspar, dirigente nacional
do PS e antigo Secretário de Estado da Saúde do último Governo de Sócrates. O
essencial do texto de Óscar Gaspar, que aqui vamos deixar reproduzido, tem,
certamente, a concordância de qualquer força de esquerda. O pior para os
portugueses é quando chega a hora da verdade...
Colunista
do PÚBLICO, reagindo ao meu artigo "a pior troica é a que não quer
ver", diz que enfia o barrete. Só faltou identificar qual o pilar em que
se reconhece. Recordo que, na quinta-feira, eu falava de resignação, ideologia
e incompetência.
Comecemos
pelo primeiro: resignação. Recordamo-nos bem daqueles que no 2.º semestre de
2011 justificavam a tese do ir além da troika
com o estafado argumento TINA (there
is no alternative) de Margaret Thatcher. Aumentou-se o IVA da
restauração para o máximo e cortou-se um subsídio de Natal, mas os comentadores
convertidos gemiam: "Não há dinheiro". Em 2012 já era claro que algo
não estava a correr bem, mas diziam ainda que a troika exigia e aprovaram-se 2 mil milhões de euros de aumentos
do IVA e cortes nos subsídios de férias e de pensões dos funcionários públicos
e dos pensionistas. Para 2013 repete-se que "a troika não deixa, não quer", ensaia-se o escândalo da TSU e
há um compromisso nunca explicado de cortar 4,7 mil milhões de euros. A
economia afunda, o desemprego vai a caminho dos 19%, mas, afinal, dizem que não
há razões para alarme porque estes serão efeitos automáticos de fragilidades
estruturais. Repetidamente o Governo, e quem o apoia, entende que a evolução é
esta porque tem que ser, mas tal será apenas uma leitura apressada do
evolucionismo...
A
segunda opção é a da ideologia. Durante três anos os políticos e os
comentadores de direita (com vossa permissão incluo aqui os liberais) foram os
arautos da teoria da austeridade expansionista. Como gastámos de mais, agora
temos que reduzir despesa para que os mercados ganhem confiança e para que o
investimento ocorra. Acontece que, à data em que escrevo, a tese de Alberto
Alesina feneceu sem glória no Excel de Rogoff com um epitáfio imposto pela
realidade: não funciona! Por si só, esta história merecia um livro aos
quadradinhos.
Os
defensores do Governo dizem que não há alternativa aos cortes porque a despesa
do Estado estrangula a economia. Desculpem: digam isso, por favor, aos
portugueses, sem se rirem, e justificando como os sacrifícios imensos dos
cidadãos não se traduzem em consolidação orçamental. Depois do próprio FMI e do
Banco de Portugal terem demonstrado os multiplicadores da recessão, não será
este o momento de evoluir um pouco na argumentação de quem só defende cortes?
Por
fim, a incompetência. Mas aqui suponho que a carta de demissão de Vítor Gaspar
não deixa guarida para muitos mais se acoitarem. Independentemente do carácter
mais ou menos activo, para além da questão da ideologia poderia, ainda assim,
haver alguns resultados da política. Pois não há. Os aumentos de impostos
esfumam-se nas falências e no desemprego, as dívidas do Estado não decrescem
apesar dos despachos e a hidra da despesa não só parece ser de pai incógnito,
mas também de improvável domador. De nada servem leis de compromissos ou
garrotes administrativos à despesa se não se alterarem processos e
comportamentos.
Para o comum dos
portugueses “de nada servem” “compromissos” prévios ou juras de guerra às políticas
troikistas “se não se alterarem processos e comportamentos” dentro do PS.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
FASCISMO INFORMATIVO
É cada vez mais aflitiva a
unanimidade de opiniões que encontramos na comunicação social, em especial na
televisiva. Tanto em noticiários como em programas ditos de diversão – nestes ainda é mais grave – aparecem invariavelmente
os mesmos figurões a debitar opiniões, sem qualquer contraditório, como se
fossem os donos da verdade e os cidadãos não necessitassem de qualquer outro
esclarecimento. Para que fique claro, estes opinadores são, invariavelmente, da
cor do regime e o que dizem fica como verdade absoluta sem o ser. Cada vez vão
rareando mais os verdadeiros debates e, é quase agulha em palheiro o aparecimento
de comentários anti-regime sem contraditório. Estamos quase a viver em fascismo
informativo. Onde ainda encontramos alguma abertura para opiniões contrárias ao
sistema é na imprensa escrita mas isso tem uma explicação óbvia: cada vez menos
gente lê jornais (talvez excepção feita aos desportivos). Os mais velhos
encontrarão aqui, provavelmente, algum paralelismo com o que acontecia no tempo
da ditadura – na imprensa escrita o torniquete da censura era um pouco menos
apertado do que na rádio e na televisão. O curioso, no meio de tudo isto, é que
pouca gente aborda esta gravíssima situação que coloca num gueto os
contestatários do sistema como se as suas opiniões e propostas não tivessem
qualquer correspondência com a realidade quando o que se verifica é exactamente
o contrário. Desde há pelo menos dois anos que gente de esquerda (o PS, aqui, quase
não conta) se vem pronunciando contra as gravíssimas medidas de austeridade implementadas,
prevendo quase todas as desgraças que vêm acontecendo ao país, fruto da
política “custe o que custar”, tão do agrado do Governo Passos/Portas. Para quem
não se contenta com a informação/propaganda governamental que nos entra todos
os dias em nossas casas, sem convite, deve aproveitar todas as oportunidades de
diversificação de opiniões.
GOVERNAR PARA GENTE
Deixamos aqui um importante texto que o conhecido e respeitado sociólogo
Alfredo Bruto da Costa assina no Público de hoje. Dada a sua extensão resolvemos
(abusivamente?) sublinhar algumas expressões que consideramos mais
significativas.
1. Na sua carta de demissão, dirigida ao
primeiro-ministro, disse o ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar: "O
incumprimento dos limites originais do programa para o défice e a dívida, em
2012 e 2013, foi determinado por uma queda muito substancial da procura interna
e por uma alteração na sua composição que provocaram uma forte quebra nas
receitas tributárias. A repetição destes desvios minou a minha credibilidade
enquanto o ministro das Finanças."
2.
Está aqui o testemunho mais
autorizado e insuspeito do falhanço global de uma política que visava, acima de
tudo, atingir aqueles dois objetivos - falhanço que vem na sequência de
sucessivos "sucessos" com que o Governo e a sua maioria encheram os
dois anos de governação, e de sete "bem sucedidos" exames regulares
associados ao resgate. Inexplicavelmente, tantos triunfos não conseguiram
impedir que a credibilidade do ministro das Finanças fosse minada.
Uma
leitura mecanicista do texto gaspariano permite concluir que a culpa do
desastre estaria nas receitas tributárias, as quais, por sua vez,
responsabilizariam pelo insucesso a procura interna. Ou seja, a
responsabilidade estaria nos factos. Uma interpretação mais credível vai,
porém, no sentido de a carta do ex-ministro das Finanças conter o
reconhecimento do erro de política (e/ou do modo como foi
implementada). Foi a "repetição dos desvios" que minou a sua
credibilidade.
Em
qualquer dessas interpretações, o que objetivamente decorre da carta do
ex-ministro Vítor Gaspar é que a política seguida e/ou o modo como a mesma
foi implementada falharam. O preço humano seria demasiado elevado mesmo no
caso de sucesso. Perante o fracasso, poderemos estar, em perspetiva ética,
perante um crime social de governação.
Outros
aprofundarão os eventuais aspetos penais, nacionais ou internacionais, da
situação. O que interessa aqui, é i) saber quem deve responder por este crime e
de que maneira e ii) identificar as lições do fracasso para o futuro.
3.
Pelo que respeita à responsabilidade,
é evidente que as principais entidades envolvidas são o Governo, a troika
e todos quantos (sobretudo na Europa, mas também fora dela) propalaram a ilusão
de que "Portugal está no bom caminho".
4.
Pela dureza das medidas e pelo
modo impositivo como as tomaram, o Governo e a sua maioria puseram em causa
o Estado de direito, fazendo tábua rasa de direitos consagrados na lei
(por exemplo, no caso das pensões). Generalizou-se a ideia de que "vivemos
acima das nossas posses", sem nunca se ter analisado quem, de facto, assim
procedeu. Entretanto, é a generalidade da população que suporta os dislates dos
aventureiros, especuladores e agiotas do mundo financeiro.
Debaixo
da filosofia iníqua do poder absoluto do credor, o Governo e a maioria adotaram
um conceito despersonalizante de "credibilidade externa", que os
conduziu a um beco em que o principal condutor, o ministro das Finanças -
trágica ironia! - viu minada a sua credibilidade. Esqueceu-se, além do mais,
que, neste caso, não se trata de um negócio qualquer, mas de um acordo entre
parceiros com obrigações recíprocas de justiça e solidariedade, que vêm
do passado e se projetam no futuro.
5.
O Governo e a maioria
enfraqueceram a democracia. Suspensos nos resultados eleitorais, ignoraram que
ser eleito é condição necessária de legitimidade democrática, mas não é
condição suficiente. A
legitimidade democrática exige também democraticidade no modo de exercer o
poder. Devemos ser cautelosos quando lançamos os resultados eleitorais
como fundamento único de legitimidade democrática dos eleitos, individualidades
ou instituições, não para a recusar, mas para a temperar.
Por
outro lado, não basta ter da liberdade uma noção meramente formal. A
liberdade pode nada significar quando não estejam garantidas as condições do
seu exercício. Quem passa fome (por não ter o que comer) não é livre (Amartya
Sen). Antes do mais, não é livre de comer. Acresce que também não tem
condições para exercer as outras dimensões da liberdade. Isto tem a ver com a
qualidade da democracia.
6.
Poderá haver quem pense que
existe equidade na repartição dos sacrifícios. Importa, aqui, ter
presente que a equidade se mede não apenas pelo que se retira do rendimento,
mas também, e sobretudo, pelo que fica depois de retirados os impostos e os cortes.
Um
estudo sobre seis países europeus revela que, em Portugal, entre 2009 e 2011, a
percentagem do efeito das políticas de austeridade sobre o rendimento
disponível das famílias variou inversamente com o nível do rendimento, tendo
sido de -6% nas famílias mais pobres e de -3% nas mais ricas. No caso de
famílias com crianças, os valores extremos foram de -9% e -3%. Relativamente
aos benefícios sociais e pensões, as percentagens variaram entre -6% e -1% (Social
Europe, European Commission, Novembro 2011, pp. 19, 21 e 22). Não há razões
para admitirmos que em 2012 e 2013 terá havido maior equidade.
Seria
interessante levantar de vez o crónico véu de silêncio e sombra que se estende
sobre os sacrifícios a que estão sujeitas, em tempo de emergência, por exemplo,
as 25 maiores fortunas de Portugal, que representavam 14,4 mil milhões de euros
em 2012 (Online 24, lido em 20-07-2013).
7.
A prática do Governo e da maioria
esvaziou o respeito pela dignidade humana e pelos direitos humanos.
Vivemos
um apagamento quase total dos direitos humanos na vida e no debate político em
Portugal. Os direitos humanos não são benesses que os governantes concedem
aos povos. São conquistas civilizacionais e culturais, nalguns casos
conseguidas à custa de muito sacrifício e até de vidas humanas. O estado de
"emergência" não pode servir para governar como se o país não tivesse
história e fosse constituído por seres sem alma, nem dor, nem dignidade.
Não são medidas assistencialistas que podem compensar a eliminação do quadro
dos direitos económicos e sociais.
8.
Está igualmente fora de dúvida a responsabilidade
da troika. A postura autoritária da troika, designadamente no que
respeita aos juros e prazos dos empréstimos e do conteúdo do programa de
ajustamento, é inaceitável em qualquer caso, mas sobretudo quando se sabe que
alguns (ou todos) dos seus membros nunca tinham trabalhado com países
assimiláveis aos da zona euro. As frequentes declarações de responsáveis do
FMI reconhecendo os seus próprios erros (e não só os seus) são outros tantos
sinais da irresponsabilidade com que se tem agido sobre pessoas humanas
como se tratasse de cobaias de laboratório, conduzindo a problemas humanos e
sociais graves e em larga escala.
Para
além de partilhar da responsabilidade do insucesso global do programa, a União
Europeia está hoje transformada numa quinta dos mais poderosos (sob o
comando do Governo da sra. Merkel e do sr. Schäuble). Também aqui a qualidade
de contribuinte líquido tem pesado mais do que a qualidade,
incomparavelmente mais pesada, de beneficiário líquido das vantagens
económicas colhidas na União.
Finalmente,
também são responsáveis pelo insucesso das políticas adotadas todos quantos, na
Europa e fora dela, vêm repetindo o slogan ilusório de que "Portugal
está no bom caminho".
9.
Que implicações para o futuro do
país? Antes do mais,
a circunstância de que um governo que não reconheça o insucesso dos últimos
dois anos, e a consequente necessidade de mudança profunda e urgente neste
domínio, não está apto a governar Portugal.
10.
Qualquer sociedade precisa de
finanças equilibradas e dívidas resolúveis. São fatores importantes, porém,
instrumentais. Mas precisa também do respeito pela dignidade humana,
pela justiça social e pelos direitos humanos. São fatores
que, além de importantes, constituem valores fundamentais, objetivos finais que
integram o bem comum da sociedade. Quanto a isto, o desempenho do Governo e da
sua maioria de apoio foi catastrófico, e o comportamento dos cidadãos mais
ricos e/ou influentes não foi, de modo geral, particularmente edificante.
11.
É imperioso que tanto o Governo
como a troika e os governos mais influentes da UE abandonem a prática
autoritária. Os ditames da troika não podem continuar a
ser considerados como definitivos e inquestionáveis! O seguidismo acrítico
perante os poderosos das finanças não constrói credibilidade, como ficou
provado. Trata-se de um combate que, sendo em defesa de causas, terá de
assentar numa estratégia de alianças europeias que se mostrem
necessárias.
12.
Quando os interesses/opiniões da troika
e os de Portugal coincidem, algo vai mal, de um lado ou do outro, mais
provavelmente do nosso. A UE sofreu um retrocesso notório na sua
democraticidade e na vivência dos valores fundacionais de solidariedade e
de justiça entre os Estados--membros. Só uma nova cultura poderá
reavivar e reforçar esses valores, abolir a classificação dos países entre
"mandantes" e "obedientes e obrigados" e retomar o caminho
da construção de uma União civilizada, democrática, justa e solidária.
13. Por
último, um ponto fundamental: o Governo terá de saber distinguir o técnico
do político, procedendo por critérios de equivalência e equiparação. O
Governo despromove-se quando negoceia com técnicos das instituições credores,
por mais qualificados que sejam. As verdadeiras negociações devem ter lugar
entre responsáveis políticos, nacionais e europeus, embora
preparadas por técnicos, de um lado e do outro.
A PROPÓSITO DO PEQUENO PRÍNCIPE
Para lá
de toda a encenação á volta do nascimento do novo herdeiro do trono britânico,
há realidades que vale a pena recordar e que nenhuma televisão nem revista
cor-de-rosa foram capazes de expor:
- De acordo com uma pesquisa governamental, um em cada três bebés que nascem no Reino Unido – cerca de 4 milhões de pessoas – irá viver na pobreza.
- O Instituto Nacional de Estatística britânico prevê que o actual montante de 2,4 milhões de crianças vivendo na pobreza aumente para 3,4 milhões em 2020.
- Segundo dados da UNICEF, o crescimento da pobreza nos países desenvolvidos é preocupante desde o início da crise. Somente em terras britânicas, 15% das crianças vivem em pobreza extrema.
Para
sorte do pequeno príncipe, que veio ao mundo já com título de nobreza, não faz
parte da fatia dos desfavorecidos…
quarta-feira, 24 de julho de 2013
CANDIDATURA AUTÁRQUICA BE-PTM 02
EM POLÍTICA O QUE PARECE É...
Será
que a dra. Isilda Gomes conhece o ditado popular “com quem te vi com quem te
comparei”?
Será
que a cabeça de lista do PS à Câmara de Portimão nas próximas eleições
autárquicas também não sabia de nada?...
Quantos
cidadãos de Portimão comprariam ao dr. Carito um carro em segunda mão?...
27 JULHO: CUVI ORGANIZA NOVO BUZINÃO E MARCHA LENTA CONTRA PORTAGENS
Um buzinão e uma marcha lenta, pela
EN125, entre Altura e Tavira, é a nova ação
de protesto contra as portagens agendada para sábado, dia 27 de julho, pela
Comissão de Utentes da Via do Infante.
Também
Aqui
terça-feira, 23 de julho de 2013
QUEBRA DE TRÁFEGO NAS EX-SCUT
Numa altura em que a CUVI
prepara uma nova onda de contestação ao pagamento de portagens na Via do
Infante é bom termos presente que o Algarve é a região do país onde houve uma
maior quebra de tráfego numa ex-scut, como se pode verificar no gráfico.
CANDIDATURA AUTÁRQUICA BE-PTM 01
Uma candidatura aberta aos cidadãos de boa vontade!
A candidatura do Bloco de
Esquerda às eleições autárquicas de Portimão é uma candidatura de esperança, de
luta e de ruptura com o que se passa em Portimão! É também uma candidatura abrangente
e aberta a todos os cidadãos de boa vontade. A todos os cidadãos que acham que
é preciso afrontar, sem medo, os poderes corruptos instalados em Portimão! A todos
os cidadãos que acham que é preciso que Portimão mude e que coloque as pessoas
em primeiro lugar!
Portimão precisa de mudar!
Os portimonenses não são números! É preciso afrontar a corrupção, o nepotismo e
a incompetência que está instalada em Portimão pelas mãos do PS que governa a
Câmara há quase 40 anos! É preciso atender os mais fracos, os que mais
precisam, os excluídos, os cidadãos! É preciso responder à emergência e resgatar
a democracia em Portimão!
Chegou a hora de mudar! O Bloco
de Esquerda está a construir as suas listas para todos os órgãos autárquicos do
concelho e está aberto e está aberto à participação de cidadãos independentes –
ou até de outras pessoas que já não se revêem nas políticas desastrosas de
outros partidos. Basta que nos contactem e vamos conversar! Vamos tornar vencedora
a candidatura do Bloco de Esquerda!
Vamos juntar forças para
MUDAR PORTIMÃO!
Um abraço fraterno a todos
JOÃO VASCONCELOS – 1º
Candidato à Câmara de Portimão pelo Bloco de Esquerda
segunda-feira, 22 de julho de 2013
A CAMBALHOTA DE CAVACO
Esta encenação levada a
cabo pelo Presidente da República e que ficou conhecida pelo “compromisso de
salvação nacional” pode ter sido criada para patrocinar um branqueamento da
desastrosa acção governativa, como se nada tivesse acontecido nos últimos dois
anos. Com a declaração que ontem fez ao país, Cavaco Silva deixou a ideia de
que foi contraditório em relação às premissas que havia enunciado para atrair o
PS para uma armadilha política de que acabou por não sair completamente incólume.
Muitos comentários têm
sido feitos desde ontem, alguns deles pouco esclarecedores da realidade e, por
isso achámos interessante deixar aqui a opinião avalisada do Prof. Boaventura
Sousa Santos, director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra,
que recolhemos na imprensa de hoje:
A
primeira decisão do Presidente da República era já desastrosa e esta suposta
emenda é ainda mais. Um PR pode alterar uma decisão, mas não pode alterar as
premissas sob a pena de estar a ser irracional. As premissas da decisão eram
que este Governo e a sua remodelação eram inaceitáveis e tanto assim é que
propunha eleições para 2014. O PR deu uma cambalhota e caiu e os portugueses é
que vão pagar a factura.
AINDA BEM QUE A HIPOCRISIA NÃO MATA...
Este vídeo é muito curto
mas diz tudo sobre a hipocrisia do PS. De uma forma mais ou menos soft, quando
chegarem ao poder, os “socialistas” vão continuar as medidas de austeridade do
Governo Passos/Portas porque, quem nos meteu no buraco não nos vai tirar de lá.
O PS também assinou o memorando do caminho da desgraça dos portugueses e só nos
pode trazer mais do mesmo.
TAMBÉM NO IVA DA RESTAURAÇÃO ESTAMOS NO PÓDIO
Ainda que o IVA da
restauração descesse para o nível anterior (13%), continuaríamos a ter um dos
mais elevados da Europa…
MAPA DO DESEMPREGO NA EUROPA
Em Maio de 2013 a taxa de
desemprego em Portugal situava-se nos 17,6% da população activa, continuando a
terceira mais elevada da Europa. Um triste pódio que já se tornou uma não notícia
para os portugueses.
FAMÍLIAS EM DESESPERO
Só no primeiro trimestre
deste ano mais de 17 mil famílias pediram ajuda à DECO por motivo de
sobreendividamento. Segundo uma responsável da Associação de Defesa do
Consumidor, "as causas que estãoa levar as nossas famílias a entrar em dificuldade têm a ver com as situações de desemprego, de cortes salariais e, quando falo aqui de cortes salariais, falotambém do corte nas pensões".
Não nos iludamos em relação
a qualquer espécie de luz que esteja a surgir ao fundo do túnel, quando o
Governo se prepara para fazer cortes de 4700 milhões de euros que vão atingir,
de uma forma particular a saúde, a educação e a segurança social, com dezenas
de milhares de despedimentos.
domingo, 21 de julho de 2013
A GUERRA COLONIAL EXISTIU...
MILITARES
PORTUGUESES MORTOS NA GUERRA COLONIAL
Numa altura em que quase não
se fala na Guerra Colonial, é bom não esquecermos que o regime salazarista
envolveu Portugal numa guerra em três frentes, Guiné, Angola e Moçambique, que
exauriu o país em dinheiro e vidas durante mais de 13 anos.
Para além dos militares
mortos, existem ainda muitos milhares de afectados quer com deficiências físicas
quer com problemas de ordem psíquica.
É bom não esquecermos esta
faceta da ditadura a par da polícia política, do cerceamento da liberdade e do
grau de pobreza em que os portugueses viviam quando por toda a Europa se
assistia a um fervilhar de desenvolvimento. Centenas de milhares dos nossos
compatriotas emigraram nos anos 60 e começos dos 70 para fugirem à miséria, à
guerra e à falta de liberdade.
PESADELO SEM FIM...
Na sua última crónica na
Visão (18//), Ricardo Araújo Pereira chamava a atenção para o facto de em
Portugal tudo ser caríssimo. “Comprar um
banco, como sabemos, é bastante dispendioso. Mas vender um banco custa ainda
mais dinheiro. Depois de vendido o BPN, continuamos a pagar milhões às pessoas
que o compraram. Primeiro Portugal tomou conta do banco, o que custou milhões
de euros; e depois vendeu o banco o que custa milhões de euros”.
E a saga vai continuar,
numa espiral sem fim, com o dinheiro a sair do bolso dos contribuintes, de onde
já há muito pouco para rapar.
Sempre que os portugueses
se manifestam contra os intermináveis cortes na saúde, educação e segurança
social, lá vêm os comentadores do regime lembrar que Portugal está à beira da
falência e todos (?) temos de apertar o cinto. Só que, estes comentadores nunca
protestam quando há milhões que seguem dos cofres do Estado directamente para a
banca em virtude de negócios ruinosos levados a cabo por governantes do regime,
nunca chamados à responsabilidade. O que se está a passar com o BPN é um
escândalo, cujos principais protagonistas são figuras gradas do PSD que já
ocuparam ou ocupam cargos governamentais. Num país onde houvesse um mínimo de
decência a actual ministra das Finanças seria imediatamente demitida. Porquê?
Leia-se o texto de Nicolau Santos no Expresso Economia de ontem…
O
BPN é o caso bancário mais escandaloso da democracia portuguesa. Mas quando se
pensava que, embora mal e porcamente, estava finalmente enterrado, eis que
Freddy BPN Krueger ressuscita para nos sangrar (monetariamente falando, claro)
até à morte. Agora, o BIC, o banco angolano que comprou o BPN exige um
reembolso de €100 milhões ao Estado. As verbas resultam do pagamento de acções
judiciais contra o BPN instauradas por clientes e trabalhadores que, no acordo
de privatização, o BIC ficou de pagar, enviando depois as faturas para a
Direção Geral do Tesouro e Finanças. Só que este valor pode chegar aos €816
milhões, que se irão juntar aos €4000 milhões de perdas com este dossiê que o
Estado já assumiu. Pergunta: qual o empenho que o BIC tem para litigar contra
estes pedidos, se lhe basta pagá-los e enviar as faturas para o Tesouro para
ser ressarcido? E quem assina um acordo assim? Resposta: a actual ministra das
Finanças, na altura secretária de Estado das Finanças. Alguém deve explicações
claras ao povo português.
sábado, 20 de julho de 2013
CITAÇÕES 94
A salvação nacional a que o PS escolheu dar
preferência é um balão de oxigénio para este Governo morto e para a perpetuação
desta política mórbida, com mais nuance ou menos nuance.
As
eleições são neste momento o único instrumento que poderia permitir libertar Portugal
da austeridade e recuperar a soberania.
O ardil que foi montado ao PS figurará no pequeno tratado das
ratoeiras políticas.
O
povo português não merece os vexames a que vem sendo sujeito em resultado das
conceções retrógradas e reacionárias, da tacanhez, da incompetência, das
práticas de traição política dos "estadistas" que nos governam.
(…)
Portugal
precisa de um acordo feito por protagonistas sérios, por democratas, por forças
progressistas, pela participação ativa dos partidos da esquerda.
Que democracia representativa
pode existir num país em que vigora uma encenação de poder como esta? Que
credibilidade, perante o país, terão os partidos cujos líderes aceitam
representar este papel?
São José Almeida, Público (sem link)
E
basta ter ouvido Passos Coelho no Parlamento para perceber que nem com esta
crise a realidade económica e social do país lhe entra pelos olhos dentro.
Daniel Oliveira, Expresso (sem
link)
Estes
cortes [4700 milhões] são politicamente perigosos porque são economicamente
irracionais.
Pedro Adão e Silva,
Expresso (sem
link)
Um
novo estudo do FMI sobre 173 casos de consolidação orçamental entre 1978 e 2009
mostra que ela aumentou a desigualdade, diminuindo a parte dos rendimentos do
trabalho em relação aos lucros e aos rendimentos das rendas, aumentando o
desemprego de longo prazo e o seu risco de agravamento como um problema
estrutural.
Nicolau Santos, Expresso
Economia (sem
link)
sexta-feira, 19 de julho de 2013
UM BOM SINAL À ESQUERDA
PCP e Bloco de Esquerda
afirmam ter encontrado pontos de convergência. Na reunião que ambos os partidos
tiveram esta manhã, na sede do Bloco, a pedido dos comunistas, pedem eleições
antecipadas, renegociação da dívida e rejeição do pacto com a troika.
"NO BOM CAMINHO"... DA GRÉCIA
A intervenção da troika na
Grécia teve lugar um ano antes de Portugal e, a toda a hora nos chegam notícias
e imagens altamente chocantes sobre o resultado desta intervenção. O país encontra-se
como que ocupado por uma potência estrangeira que trata os cidadãos gregos como
se os seus direitos mais básicos estivessem suspensos. O pior de tudo é que, se
calhar, as notícias da desgraça grega estão a banalizar-se de tal forma que
tornam os seus receptores quase insensíveis quando chega ao seu conhecimento
mais um sinal da catástrofe que está a atingir o povo helénico.
De qualquer maneira, não é
caso para deixarmos de divulgar toda a informação que nos chega, pois a situação
portuguesa segue o mesmo caminho que a grega, na medida em que, aqui, foram
levadas a cabo as mesmas políticas que conduziram a Grécia ao abismo. Neste sentido,
é que deixamos aqui um texto que transcrevemos do “Diário de Coimbra” de ontem,
muito significativo para o momento que estamos a viver.
Feitos ao bife
(*)
Como
é sabido, a Grécia foi intervencionada pelo FMI e a União Europeia, um ano
antes do nosso país, pelo que, face ao verdadeiro folhetim do “compromisso de salvação
nacional” a que assistimos, tem todo o cabimento dar uma olhadela ao que por lá
se passa.
Em
primeiro lugar, um verdadeiro desastre social com 27% de desempregados (três vezes
mais que em 2009), percentagem que duplica nos jovens. O trabalho quase perdeu
o significado de emprego, feito informalmente à hora, ao dia ou à semana,
apesar de, oficialmente, existir um salário mínimo de €456. O nível de vida
médio, resultante da baixa de salários e aumento das tarifas públicas, diminuiu
50%, colocando um terço da população abaixo do nível da pobreza.
Do
ponto de vista sanitário, o descalabro é evidente. Com 1,5 milhões de gregos afastados
do serviço nacional de saúde (sem trabalho nem subsídio de desemprego) e com
taxas insuportáveis, €30 para uma simples consulta num hospital, alguns dos
quais já nem de seringas e compressas dispõem em quantidade suficiente, como o
principal, em Atenas.
Com
a criação de um fundo de exploração do património público (Taiped), praias,
florestas, sítios arqueológicos, ilhas e, naturalmente as empresas dos sectores
estratégicos – até a lotaria nacional – estão à venda, numa verdadeira época de
saldos.
Enquanto
isto, os dois partidos do “arco da governação” perderam a pouca credibilidade
que já tinham, permitindo o aparecimento à esquerda e à direita de duas
formações políticas, uma das quais Alvorada Dourada, reclamando-se do nazismo e
cujos militantes multiplicam as agressões no espaço público ou colocando-se ao lado
da polícia de choque nas manifestações de cidadãos, cerca de oito mil, nos
últimos três anos.
A Grécia está, assim no “bom caminho de
regresso aos mercados”, expressão que só se poderá compreender se soubermos que
77% dos €207 milhões concedidos pela troika foram diretamente para os bancos. Não
admira, portanto, que haja banqueiros com salários anuais superiores a dois milhões
de euros, conforme indica um relatório do European Banking Authority (EBA), de
15 de Julho.
Aqui
ao alado e apesar de a intervenção ser dirigida ao setor financeiro, a corrupção
atinge o atual partido do governo e o primeiro-ministro Rajoy, numa saga
envolvendo financiamentos ilícitos e salários extraordinários das principais
figuras do partido. No que seria mais uma “exigência dos mercados”, o referido
relatório diz-nos que 125 banqueiros, por pouco, não chegavam aos €2,5 milhões/ano.
Entre
nós, só uma dúzia atinge 1,6 milhões, certamente no reconhecimento do “compromisso
de salvação nacional”. Envolvendo os três partidos com hábitos de poder, a
iniciativa presidencial tem a enorme vantagem de nos revelar, sem quaisquer
ambiguidades, o estado a que chegou o que resta da democracia. Para quem
confundiu a autoria do célebre livro do humanista e renascentista Thomas More
(A Utopia), editado por Erasmus (Lovaina, 1516, com Thomas Moore (1779/1852) já
nada espanta.
Para
concluir e regressando à (minha) Grécia, depois de mais uma greve geral nesta
terça-feira [16 Julho], hoje [quinta-feira] as ruas não vão ficar quietas com a
visita prevista do ministro das finanças alemão, cujo nome recuso escrever.
Pena
é que tanto ele como Cavaco Silva não façam umas pequenas férias em Atenas, de
4 a 10 de Agosto, onde estarão presentes dois mil filósofos, no seu XXIII
Congresso Mundial.
Entretanto,
derivada de uma teologia mercantil pós-moderna, de origem anglo-saxónica e do
início dos anos oitenta, encontramo-nos enclausurados numa situação bem
conhecida pelos lusitanos – feitos ao bife.
(*) João Marques, Diplomado em Ciências da
Comunicação
quinta-feira, 18 de julho de 2013
A BORRACHA CEGA MAS NÃO CALA
Pelo
rumo que a situação de descalabro social está a tomar em Portugal, há ocorrências
que vão tendo lugar por esse mundo fora que precisam ser divulgadas porque, o
melhor é estarmos prevenidos.
O fotógrafo Sérgio Silva foi uma das inúmeras
vítimas da violência policial que marcou o dia 13 de junho de 2013 e a história
das manifestações sociais no Brasil.
Enquanto cobria o acto contra o aumento dos
preços dos transportes em São Paulo, ele foi atingido no olho por uma bala de
borracha disparada pela Polícia de Choque, e pode perder a visão
esquerda.
Nesta entrevista, Sérgio conta como têm sido
seus dias desde a agressão.
E O POVO PÁ?
O corte de 4700 milhões de
euros, que troika e Governo pretendem fazer na despesa pública, é um dos
principais pontos da discussão que está a ocorrer entre PS, PSD e CDS no âmbito
do chamado “compromisso de salvação nacional”. Se fosse levado a cabo,
determinaria uma significativa degradação dos sistemas públicos de educação,
saúde e segurança social, com o despedimento já agendado de milhares de
trabalhadores do Estado. Esta é uma discussão importantíssima nos dias que
correm, na medida em que, por exemplo, no sector da cobrança de impostos o
Estado deixa de arrecadar milhões de euros, precisamente devido à falta de
trabalhadores, milhões esses que chegariam “para não ser necessário cortar na
despesa pública essencial e para reduzir o défice”. É esta a conclusão a que
chega o economista Eugénio Rosa, através de contas simples, baseadas em dados
oficiais, num texto que podemos ler hoje no "Diário As beiras".
O governo e “troika” continuam a insistir no corte de 4.700 milhões de
euros na despesa pública essencial para os portugueses. A prova disso é intenção declarada, já
traduzida em leis, uma delas (Portaria 221-A/2013 ) já publicada e outras ainda
em discussão na Assembleia da República ou em negociação com os sindicatos, de
despedir dezenas de milhares de trabalhadores na Administração Pública. Se isso
se concretizar, verificar-se-á uma maior degradação dos serviços públicos do
que aquela que já se verifica atualmente, que resulta do ataque aos direitos
dos trabalhadores da Função Pública que se têm verificado nos últimos anos, pois
os sistemas públicos de educação, de saúde, de segurança social, de cobrança de
impostos, etc., não podem funcionar sem trabalhadores. A justificação deste
governo e da “troika” é que o atual nível da despesa pública em Portugal é
incomportável apesar de ser inferior à da União Europeia.
Utilizando apenas dados oficiais, mostro
que com este governo e com a “troika” o nível de incumprimento na área de
pagamento dos impostos e de contribuições para a Segurança Social disparou.
Entre 2010 e 2012, a divida ao Fisco aumentou de 16.536 milhões € para 18.105
milhões €, e a divida à Segurança Social subiu de 7.270,5 milhões € para 9.779
milhões €, ou seja, em conjunto aumentaram em 4.077,5 milhões € em apenas dois
anos atingindo, no fim de 2012, uma divida gigantesca de 27.884 milhões €. Por
outro lado, só no período 2007/2011 prescreveram impostos no valor de 4.392,9
milhões € devido à incapacidade do Estado em cobrar atempadamente o que lhe
devem. Portanto, bastava medidas efetivas neste campo para cobrar as dívidas
aos grandes devedores para não ser necessário cortar na despesa pública
essencial e para reduzir o défice. Mas governo e “troika” preferem, por opção
de classe, despedir dezenas milhares de trabalhadores degradando ainda mais o
Estado, e impedindo-o de cumprir as suas funções.
Mais Aqui
quarta-feira, 17 de julho de 2013
POEMA DA "MENTE" (Imperdível)
Há um
primeiro-ministro que mente.
Mente de corpo e alma, completamente.
E mente de maneira tão pungente
Que a gente acha que ele mente sinceramente.
Mas que mente, sobretudo, impunemente...
Indecentemente... mente.
E mente tão racionalmente,
Que acha que mentindo vida fora,
Nos vai enganar eternamente.
Mente de corpo e alma, completamente.
E mente de maneira tão pungente
Que a gente acha que ele mente sinceramente.
Mas que mente, sobretudo, impunemente...
Indecentemente... mente.
E mente tão racionalmente,
Que acha que mentindo vida fora,
Nos vai enganar eternamente.
ESTRATÉGIA DE CAVACO
A forma como Cavaco Silva
está a tutelar as reuniões entre os partidos do arco da troika está a tornar-se
surrealista. Não acreditamos que, num qualquer país com a democracia
consolidada isto pudesse acontecer. Faz lembrar um pai que, em idade avançada, não
confia, na totalidade, aos seus filhos a gestão dos negócios de família
enviando, para o representar um seu empregado de confiança que lhe vai
relatando as ocorrências. Bem vistas as coisas, o Presidente da República está
a enviar, inadvertidamente, uma mensagem aos portugueses, no sentido de não
confiarem nos dirigentes dos três partidos envolvidos no chamado “compromisso
de salvação nacional”.
Mas não tenhamos quaisquer
ilusões sobre as verdadeiras intenções de Cavaco perante o monumental
descalabro a que levaram as políticas empreendidas pela actual maioria de
direita. Nada como tornar o PS muleta dessas políticas e ostracizar a restante
esquerda, neste momento com um potencial de intenções de voto, na ordem dos
20%. Para a direita pura e dura, esta jogada, a resultar, seria magistral e,
por isso, a aplaudiu com entusiasmo.
Também é esta a ideia que
encontrámos neste texto que transcrevemos do Diário de Coimbra do passado
domingo.
Ao nível (de) Cavaco Silva (*)
Cavaco
Silva decidiu prolongar o layoff de Passos Coelho e Paulo Portas e reincidiu na
sua atávica confusão, entre crise política e crise governamental. Quando se esperava
uma clarificação, o Presidente da República interrompeu a sua greve de
silêncio, para aumentar a confusão.
Recusou
liminarmente a possibilidade de dissolver, no imediato, o parlamento e convocar
eleições antecipadas, mas deixou essa possibilidade em aberto, para Junho de
2014, dependendo de um acordo entre os três partidos que assinaram o Memorando
de Entendimento. Com isto, deixou toda a gente insatisfeita, da esquerda à
direita.
Os
partidos da esquerda, porque queriam eleições já, correspondendo com essa
reivindicação a um desejo largamente maioritário, na sociedade portuguesa. Os
da direita, porque ficaram sem saber o que pensa o Presidente da proposta de
nova estrutura governamental que lhe apresentaram. Ficaram ainda com mais uma razão
de queixa. A confiança política que Cavaco lhes deu é de curto prazo, só dura
até Junho de 2014, altura em que termina o Programa de Assistência Financeira.
A
proposta de antecipação de eleições para o verão do próximo ano é cínica, ou
pouco inteligente, ou acumula essas duas propriedades. Nessa altura estaremos
sensivelmente a um ano do fim da legislatura, portanto, colocam-se os mesmos
constrangimentos de prazos usados agora por Cavaco, para não dissolver o
parlamento. Se o calendário se processasse com a velocidade por ele enunciada,
a antecipação das eleições traria um magro resultado de cinco ou seis meses.
Portanto, seria um esforço irrelevante, numa análise de custo/benefício.
Além
diss, a dissolução do parlamento, como o presidente tem repetido, é uma bomba
atómica, para uso exclusivo em situações de crise extrema. Isso quer dizer que
Cavaco Silva está a adivinhar uma situação de crise, com um ano de
antecedência. Comentadores, analistas e outros observadores podem fazê-lo. Mas
esse exercício especulativo deve estar interdito àquele que tem, como dever
constitucional, zelar pelo bom funcionamento e estabilidade das instituições.
Mais uma vez, Cavaco caiu numa contradição insanável.
No
cerne de tudo isto estão os anticorpos que Cavaco vem desenvolvendo, de há
muitos anos a esta parte, contra a esquerda política, sindical e sociológica e,
de forma muito concreta, contra o Partido Socialista. Ao renovar a sua estafada
proposta de acordo de regime – ele não usou a expressão – juntando os socialistas
à direita e excluindo o PCP e o Bloco de Esquerda, o Presidente da República
quis apenas neutralizar toda a esquerda. Dito de outra foram, Cavaco quer que o
PS faça respiração boca-a-boca a um Governo que já é um pré-cadáver, de modo a
que os socialistas não capitalizem o descontentamento geral.
É
evidente que António José Seguro não pode aceitar tal coisa, que o isolaria de
grande parte do partido e do seu eleitorado tradicional.
É
difícil, num só discurso, cometer tanta asneira. A crise governativa agravou-se,
a crispação política e a intolerância aumentaram. Ao excluir de qualquer
solução dois partidos que, no seu conjunto valem 20 por cento do todo nacional,
Cavaco Silva entrou em campanha eleitoral, abdicando do papel de árbitro que a
lei lhe confere e que, obviamente, exige imparcialidade.
Compete
ao Presidente da República contribuir para a coesão nacional, evitando que as
legítimas diferenças de opinião – um bem inalienável da democracia – se
transformem num factor de clivagem social.
Mas,
com este discurso, Cavaco Silva deu novo fôlego à direita dos interesses e à
direita trauliteira que veio abertamente pedir soluções de músculo, contra a
esquerda reivindicativa. O exemplo mais eloquente foi dado pela imatura
Assunção Esteves. A presidente do parlamento não admite que o protesto alheio
incomode os seus privilégios. E, sem perda de tempo, passou ao insulto, de que
ainda não se retratou. Se os protestos na galeria não foram bonitos, a reacção
de Assunção Esteves foi muito feia. E ignorou que a presença de cidadãos nas
galerias resulta de um direito legal, e não de qualquer decisão benevolente da
presidente.
Vi,
no entanto, que a direita das ideias, a direita inteligente e elegante foi
rápida a demarcar-se, tanto do discurso do Presidente da República, como da
reacção nervosa de Assunção Esteves. Nenhum deles contribui para a resolução da
crise político-governativa.
(*)
Sérgio Ferreira Borges
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