quinta-feira, 4 de julho de 2013

CHANTAGENS E PRESSÕES DO IMPÉRIO


O imperialismo norte-americano é o que é, independentemente do inquilino da Casa Branca. Seja ele o ignorante e extremista Bush seja o Prémio Nobel da Paz Barack Obama, quem coloca em causa ou denuncia os atropelos à lei internacional por parte do grande império, sujeita-se a uma inclemente perseguição até às quintas dos infernos. Aconteceu assim com Julian Assange, há muitos meses refugiado na embaixada do Equador em Londres e sucede agora o mesmo em relação ao analista de sistemas da Agência de Segurança Interna norte-americana, Edward Snowden, que revelou no passado fim-de-semana comprometedoras informações sobre actividades de espionagem norte-americana em vários países da União Europeia, depois de ter denunciado um programa de recolha de dados de milhões de cidadãos por todo o mundo, incluindo os Estados Unidos.
Um dos países que poderá estar na calha para conceder asilo político a Snowden é o Equador e, como tal, encontra-se sujeito às maiores pressões e chantagens da administração Obama e dos seus aliados. Engloba-se aqui o triste episódio protagonizado pelo Governo português que impediu o sobrevoo do território nacional e aterragem para reabastecimento doavião de Evo Morales, Presidente do Equador. Trata-se de uma decisão que nem sequer é admitida pelas leis internacionais, mesmo em tempo de guerra…

Verificámos hoje que o embaraço do Governo é evidente. O porta-voz do Conselho de Ministros negou que esta situação tenha sido abordada naquele órgão e desconhece, tal como outros membros do Executivo, quem negou autorização à utilização do espaço aéreo nacional pelo avião de Evo Morales. Estamos esclarecidos. Os silêncios, muitas vezes, dizem tudo.

A propósito, achámos interessante deixar aqui um texto muito conveniente (extraído de um artigo de opinião*) numa altura em que a potência imperial luta por continuar a manter a sua hegemonia mundial em todo o planeta, mesmo recorrendo aos estratagemas mais sórdidos e ilegais.

Quando em 2008, o congresso americano aprovou o FISA (Foreign Intelligence Surveillance Act) que no seu artigo 1881, autoriza a espionagem em massa, no exterior do território americano, não me recordo de quaisquer reparos feitos pelas autoridades europeias, nem pelo tribunal constitucional alemão, sempre atento ao que, de perto ou de longe, pode afetar os interesses germânicos. Alias, está previsto para Setembro, a inauguração no Utah, de um novo espaço fortificado da agência nacional de segurança (NSA), com 300 mil metros quadrados para a instalação de novos servidores e serviços de apoio ao programa FISA, num investimento de dois mil milhões de dólares.

Apesar de sabermos que o cargo que ocupa se deve a uma imposição da dupla Bush/Blair, decorrente da já célebre cimeira dos Açores, abrindo caminho à invasão do Iraque, era expectável que Durão Barroso suspendesse as negociações em curso com o governo de Obama sobre a zona de livre comércio, já que, nem ele, nem nenhum outro dirigente político europeu tem a coragem de oferecer asilo político ao funcionário da NSA (Edward Snowden), no cerne dos acontecimentos.

Todavia, estou cero que a NSA saberá quais as fontes que utilizei , em finais de Maio, para saber como é que o jovem príncipe Tamim foi subitamente escolhido para substituir o seu pai, o poderoso emir do Catar Hamad Al Thani, no comando do reino. Interessante como os media internacionais apresentaram a sucessão: “uma primavera rigorosamente enquadrada”, “sai com a missão cumprida” ou como “provocação” ao seu rival, o rei Abdallah da Arábia Saudita, já com 88 anos.

A verdade é que a decisão foi tomada na Casa Branca, após uma investigação sobre as atividades do xeique, que ultrapassaram em inúmeros casos, os limites fixados por Washington, tanto no que diz respeito à Síria como no financiamento de certas organizações islâmicas, vetadas pelos americanos.

É assim, que uma delegação de altas patentes militares e da CIA se deslocou à capital Doha e, durante um encontro com Al Thani, foi clara. O texto que lhe foi apresentado diz claramente haver uma só escolha, entre duas opções: ou confiscamos todo o património que tiver, em qualquer lugar do mundo, ou abandona a liderança em favor de um filho, que nós designaremos.

Quando o emir pretendeu convencer a delegação a reanalisar a questão, foi-lhe respondido frontalmente pelo chefe da delegação: “não vim aqui para negociar, mas para vos dizer qual é a nossa decisão”.

Qualquer dia, acontece o mesmo por aqui. Depois das eleições de setembro, Berlim não deixará de procurar indicar o(a) mandatário(a).

(*) “Que fazer”, João Marques, Diplomado em Ciências da Comunicação, Diário de Coimbra.

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