Na sua última crónica na
Visão (18//), Ricardo Araújo Pereira chamava a atenção para o facto de em
Portugal tudo ser caríssimo. “Comprar um
banco, como sabemos, é bastante dispendioso. Mas vender um banco custa ainda
mais dinheiro. Depois de vendido o BPN, continuamos a pagar milhões às pessoas
que o compraram. Primeiro Portugal tomou conta do banco, o que custou milhões
de euros; e depois vendeu o banco o que custa milhões de euros”.
E a saga vai continuar,
numa espiral sem fim, com o dinheiro a sair do bolso dos contribuintes, de onde
já há muito pouco para rapar.
Sempre que os portugueses
se manifestam contra os intermináveis cortes na saúde, educação e segurança
social, lá vêm os comentadores do regime lembrar que Portugal está à beira da
falência e todos (?) temos de apertar o cinto. Só que, estes comentadores nunca
protestam quando há milhões que seguem dos cofres do Estado directamente para a
banca em virtude de negócios ruinosos levados a cabo por governantes do regime,
nunca chamados à responsabilidade. O que se está a passar com o BPN é um
escândalo, cujos principais protagonistas são figuras gradas do PSD que já
ocuparam ou ocupam cargos governamentais. Num país onde houvesse um mínimo de
decência a actual ministra das Finanças seria imediatamente demitida. Porquê?
Leia-se o texto de Nicolau Santos no Expresso Economia de ontem…
O
BPN é o caso bancário mais escandaloso da democracia portuguesa. Mas quando se
pensava que, embora mal e porcamente, estava finalmente enterrado, eis que
Freddy BPN Krueger ressuscita para nos sangrar (monetariamente falando, claro)
até à morte. Agora, o BIC, o banco angolano que comprou o BPN exige um
reembolso de €100 milhões ao Estado. As verbas resultam do pagamento de acções
judiciais contra o BPN instauradas por clientes e trabalhadores que, no acordo
de privatização, o BIC ficou de pagar, enviando depois as faturas para a
Direção Geral do Tesouro e Finanças. Só que este valor pode chegar aos €816
milhões, que se irão juntar aos €4000 milhões de perdas com este dossiê que o
Estado já assumiu. Pergunta: qual o empenho que o BIC tem para litigar contra
estes pedidos, se lhe basta pagá-los e enviar as faturas para o Tesouro para
ser ressarcido? E quem assina um acordo assim? Resposta: a actual ministra das
Finanças, na altura secretária de Estado das Finanças. Alguém deve explicações
claras ao povo português.
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