quinta-feira, 18 de julho de 2013

E O POVO PÁ?


O corte de 4700 milhões de euros, que troika e Governo pretendem fazer na despesa pública, é um dos principais pontos da discussão que está a ocorrer entre PS, PSD e CDS no âmbito do chamado “compromisso de salvação nacional”. Se fosse levado a cabo, determinaria uma significativa degradação dos sistemas públicos de educação, saúde e segurança social, com o despedimento já agendado de milhares de trabalhadores do Estado. Esta é uma discussão importantíssima nos dias que correm, na medida em que, por exemplo, no sector da cobrança de impostos o Estado deixa de arrecadar milhões de euros, precisamente devido à falta de trabalhadores, milhões esses que chegariam “para não ser necessário cortar na despesa pública essencial e para reduzir o défice”. É esta a conclusão a que chega o economista Eugénio Rosa, através de contas simples, baseadas em dados oficiais, num texto que podemos ler hoje no "Diário As beiras".

O governo e “troika” continuam a insistir no corte de 4.700 milhões de euros na despesa pública essencial para os portugueses. A prova disso é intenção declarada, já traduzida em leis, uma delas (Portaria 221-A/2013 ) já publicada e outras ainda em discussão na Assembleia da República ou em negociação com os sindicatos, de despedir dezenas de milhares de trabalhadores na Administração Pública. Se isso se concretizar, verificar-se-á uma maior degradação dos serviços públicos do que aquela que já se verifica atualmente, que resulta do ataque aos direitos dos trabalhadores da Função Pública que se têm verificado nos últimos anos, pois os sistemas públicos de educação, de saúde, de segurança social, de cobrança de impostos, etc., não podem funcionar sem trabalhadores. A justificação deste governo e da “troika” é que o atual nível da despesa pública em Portugal é incomportável apesar de ser inferior à da União Europeia.

Utilizando apenas dados oficiais, mostro que com este governo e com a “troika” o nível de incumprimento na área de pagamento dos impostos e de contribuições para a Segurança Social disparou. Entre 2010 e 2012, a divida ao Fisco aumentou de 16.536 milhões € para 18.105 milhões €, e a divida à Segurança Social subiu de 7.270,5 milhões € para 9.779 milhões €, ou seja, em conjunto aumentaram em 4.077,5 milhões € em apenas dois anos atingindo, no fim de 2012, uma divida gigantesca de 27.884 milhões €. Por outro lado, só no período 2007/2011 prescreveram impostos no valor de 4.392,9 milhões € devido à incapacidade do Estado em cobrar atempadamente o que lhe devem. Portanto, bastava medidas efetivas neste campo para cobrar as dívidas aos grandes devedores para não ser necessário cortar na despesa pública essencial e para reduzir o défice. Mas governo e “troika” preferem, por opção de classe, despedir dezenas milhares de trabalhadores degradando ainda mais o Estado, e impedindo-o de cumprir as suas funções.

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