Muitos
observadores da realidade política portuguesa têm realçado a excelência da campanha
eleitoral levada a cabo pela coligação PSD/CDS e os resultados estão à vista,
após quatro anos das tremendas malfeitorias que infligiram ao povo português. Com
efeito, vender gato por lebre e conseguir enganar tanta gente, tem de ser obra
de profissionais de primeira água.
Com
alguma atenção ao que se foi passando nestes últimos meses, é fácil concluir
que todos os pormenores foram tidos em conta, nomeadamente aqueles que pudessem
dar uma imagem negativa da coligação de direita, por mais ténue que fosse.
O
despedimento de 413 trabalhadores – em duas empresas – no período de quatro
dias a seguir às eleições, constitui um exemplo flagrante do que acabámos de
afirmar. Para mais, uma das empresas em causa, a Unicer tinha sido aquela em
que o ministro da Economia, António Pires de Lima, fora CEO antes de ir para o
governo…
É
Nicolau Santos que refere as duas situações no seguinte texto que retirámos do
Expresso Economia de ontem.
A Somague aproveitou o dia
seguinte às eleições para anunciar o despedimento coletivo de 273
trabalhadores. E a Unicer revelou no dia 8 que vai encerrar a sua fábrica de Santarém
e despedir 140 trabalhadores. Ou seja, na semana imediatamente a seguir às
eleições, 413 trabalhadores são alvo de despedimentos coletivos. E por muito
que as empresas justifiquem as decisões com o abrandamento dos mercados onde
trabalham, em particular Angola (o que é totalmente verdade), não fogem à
suspeita de adiarem os despedimentos para não prejudicar a coligaçao, tanto
mais que o ministro da Economia, António Pires de Lima, era CEO da Unicer
quando foi para o governo. Com efeito, não há nada que tenha ocorrido de
domingo para segunda-feira ou de domingo para quinta-feira que tenha mudado
drasticamente o quadro em que as empresas operavam e que justifique o anúncio
das decisões nesta semana. Elas já estavam tomadas e só foram adiadas por
razões que a razão percebe bem.
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