Desde
o dia 1 de Outubro foram assassinados 25 palestinianos, homens e mulheres e
mais de 1330 ficaram feridos, como resultado de mais uma onda de repressão do exército
israelita. A juventude palestiniana levanta-se contra a ocupação mas não há a
mais pequena dúvida de que a desproporção de meios é abissal.
Não
é demais salientar que são gerações de jovens, desde a formação do Estado de
Israel, que vivem como párias numa terra ocupada, constantemente perseguidos
nos guetos rodeados de muralhas, para onde foram atirados – um autêntico inferno
social.
Não
é demais dar voz àqueles que denunciam esta situação, perante o vergonhoso silêncio
da chamada comunidade internacional. Por esse motivo aqui divulgamos o seguinte
artigo de opinião do Embaixador da Palestina, Hikmat Ajjuri vindo hoje à
estampa no Público.
Um
silêncio ensurdecedor da comunidade internacional é o que se ouve perante todas
as imagens aterradoras provenientes da Terra Santa. Imagens estas que são
divulgadas todos os dias nas diversas estações de televisão por todo o mundo.
Crianças
vivas a serem queimadas, pessoas mortas de forma fulminante, em suma, 25
mortos, desde o início de Outubro, nas mãos dos israelitas ocupantes, colonos,
agentes infiltrados, soldados contra civis palestinianos sob a sua ocupação.
Mortos e feridos entre a população civil palestiniana aumentam drasticamente,
dia após dia.
O
crime que está a ser cometido por estes palestinianos é o seu grito pela
liberdade do cativeiro e da escravidão israelita, especialmente depois de terem
percebido que, sem dúvida, a intenção, não declarada, dos israelitas ocupantes
é manter o actual statu quo;
onde os palestinianos são “convidados” a serem escravizados pelos seus
ocupantes em troca de comida. Uma ocupação rentável, à qual se acrescenta o
roubo de terras e um apelo, do primeiro-ministro israelita, aos seus cidadãos
judeus para transportarem armas livremente.
Os
palestinianos têm sofrido, há quase cinco décadas, desta vida desumana, de
escravidão e de um estado de ilegalidade e impunidade perante os colonos
judeus, sob a ocupação israelita. Não foi só no mês passado ou no ano passado,
mas está, sim, a tornar-se um processo contínuo de repressão israelita,
violência e punição colectiva, desde que Israel conquistou os territórios
palestinianos em 1967. Infelizmente, os vetos adoptados pelo Conselho de
Segurança são para evitar que Israel preste contas sobre os seus crimes de
guerra e contra a humanidade (Relatório Goldstone, 4 de Abril de 2011).
Esta
irresponsável atitude, tomada pela maior instituição de segurança
internacional, garante a Israel uma espécie de impunidade para que se possa
comportar como um país acima da lei internacional.
O
que está, no presente, a acontecer na Terra Santa não se resume apenas a mais
uma intifada
(revolta),
mas sim a uma contribuição palestiniana no combate ao terrorismo, exactamente
da mesma forma como todas as outras nações o fazem na nossa região.
A
diferença é que o alvo dessas nações é a cauda de terror, enquanto os
palestinianos estão a alvejar a cabeça desse mesmo terror, a ocupação militar
israelita do Estado da Palestina, território que abriga os santuários mais
sagrados de muçulmanos e cristãos. A relação da ocupação israelita com a
expansão do terror global na região foi afirmada por muitos líderes e políticos
de todo o mundo. Entre outros, o ex-Presidente dos EUA Bill Clinton, que disse,
a 21 de Setembro de 2010: "Resolver o conflito israelo-palestiniano tirará
muita da motivação para o terrorismo em todo o mundo".
A outra diferença é que os
palestinianos, indefesos, estão a enfrentar 380.000 metralhadoras transportadas
por colonos judeus fora da lei, protegidos igualmente pelos agentes israelitas
infiltrados e do exército de ocupação israelita. Estas forças de ocupação estão
a fazer tudo o que lhes é possível para provocar os palestinianos, de forma a
que estes usem armas, exactamente como fizeram durante a segunda intifada. Este comportamento
irresponsável por parte das forças de ocupação israelita, que visam aterrorizar
e prejudicar os palestinianos sob ocupação, pode levar ao desenrolar de uma
situação já, por si só, frágil. Esta crueldade das forças de ocupação israelita
deverá ser proibida imediatamente pela Comunidade Internacional, representada
pelo Conselho de Segurança, na sua qualidade de guardião do Direito
Internacional e do Direito Humanitário Internacional. Porque os palestinianos
não são pessoas a mais neste mundo, apesar de o seu Estado ainda estar a menos,
precisando de ser viabilizado, mais cedo do que mais tarde, na Terra Santa,
lado a lado com o de Israel.
Sem comentários:
Enviar um comentário