A
ocupação ilegal por parte de Israel dos territórios palestinianos não pode
passar despercebida aos olhos do mundo já que é uma situação que não sendo
resolvida com um mínimo de equidade conduzirá a uma fonte de conflitos
permanentes, com derramamento de sangue pelas duas partes em disputa, em
especial dos palestinianos, sem dúvida, o elo mais fraco.
É
importante que se repita até à exaustão, se possível, que Israel ocupa
territórios que não lhe pertencem e que, por esse motivo, já foi alvo de várias
Resoluções da ONU, nunca cumpridas pelo estado sionista, sob a protecção norte-americana.
Trata-se de uma situação que se banalizou de tal maneira que passou a ser
considerada como que um dado adquirido. Os maus da fita, os palestinianos que vêem
a sua terra indevidamente ocupada, são apelidados de “terroristas”, enquanto os
ocupantes pretendem apresentar-se como vítimas. Um mundo ao contrário no Médio
Oriente, como em muitas partes da Terra.
É,
pois, de elementar justiça que se denuncie ao máximo a realidade do conflito Israel-palestiniano
para que não aconteça sermos colocados perante uma mentira que à força de ser
repetida indefinidamente se transforme em verdade. É exactamente esse o
objectivo que se pretende atingir com a divulgação do seguinte texto da autoria
do Embaixador da Palestina, Hikmat Ajjuri, que transcrevemos do Expresso de
ontem.
Barack
Obama, ao discursar na universidade do Cairo, motivou moralmente os
palestinianos. O líder mais poderoso do mundo, por fim diagnosticava
corretamente o “drama” da Terra Santa, que, se não pode ser considerado o coração
do mundo, pode, pelo menos, ser considerada o coração do Médio Oriente, tal é a
sua influência na estabilidade da região.
Apontou
os colonatos, nos territórios palestinianos, como o obstáculo central ao
alcance da paz naquela região. Rabin, o falecido primeiro-ministro israelita –
único líder visionário na história de Israel – disse, em 1976, que Israel seria
um estado de apartheid se continuasse a ocupar o território palestiniano,
apelidando os colonatos na terra palestiniana, de “cancro”.
Tal
como na medicina, um tratamento só é eficaz quando o diagnóstico feito é o
correto. Se Rabin ou o Presidente Obama tivessem feito o tratamento adequado a
este tipo de cancro, ou, pelo menos, tivessem congelado a expansão dos
colonatos, teriam salvo milhares de vidas inocentes na Terra Santa e teria sido
colocada a infraestrutura-base para a fundação do Estado da Pelestina ao lado
do Estado de Israel. Nada disto aconteceu pois, por um lado, Rabin foi
assassinado por um terrorista judeu, que quis evitar qualquer hipótese de
congelamento da expansão de colonatos, e por outro, o Presidente Obama cedeu à
política interna ditada pelo lóbi sionista.
No
Conselho de Segurança, em muitas das suas Resoluções, apelou-se a Israel para
que cessasse a criação de colonatos, internacionalmente considerados ilegais. Mas,
apesar de todos os apelos, Israel continua a sua construção ilegal, com impunidade
garantida pelos vetos dos Estados Unidos e do vergonhoso silêncio do mundo,
corroborado também pelo silêncio de Obama no seu discurso da 70ª Assembleia
Geral da ONU em setembro deste ano, ignorando totalmente as injustiças e o
sofrimento dos palestinianos. Atitude contraditória com o espírito de um Prémio
Nobel.
Esta
postura em conjunto com o flagrante desafio israelita à legitimidade
internacional envia uma mensagem desmoralizadora aos palestinianos, que vivem
sob a ocupação israelita, a mais longa e opressiva da História. Inevitavelmente,
os palestinianos interpretaram esta injustiça como uma traição. Tornando-se assim
questionáveis as suas aspirações em alcançar os objetivos de liberdade do
cativeiro e escravidão desta monstruosa ocupação israelita por meios não-violentos.
Até agora, a legítima
liderança palestiniana é clara em dizer que fará tudo o que lhe for possível
para não militarizar esta revolta palestiniana. Mas, ao mesmo tempo, como é que
alguém pode conter esta revolta quando Israel, o poder ocupante faz de tudo
para que a Terra Santa se transforma num cemitério de esperança para os
palestinianos. Qualquer tentativa de alguém, inclusive da impotente Administração
norte-americana, para sustentar o insustentável statu quo, em vez de encontrar
o estado omisso da Palestina ao lado de Israel, só irá conduzir a mais
sofrimento a todos os habitantes da Terra Santa. Uma maçã caiu e Newton descobriu
a lei da gravidade, dezenas de milhares de habitantes inocentes da Terra santa
caíram até hoje, e ainda ninguém descobriu a lei da humanidade.
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