Como
se pode constatar com facilidade, os objectivos das políticas levadas a cabo
pelo actual Governo, sob a capa da troika, resumiam-se a um redesenho do país conforme
as linhas determinadas pelo neoliberalismo mais radical. E essas linhas apontam
para a gradual dissolução dos organismos do Estado, convertendo-os o mais possível
em negócios chorudos. Temos a esperança de que possamos, a partir de agora,
colocar um travão nessas malfeitorias.
O
pequeno texto que se segue, da autoria de Nicolau Santos, é sobre este tema e
recolhemo-lo no Expresso Economia de ontem.
Um
dos aspetos silenciosos destes quatro anos de ajustamento foi a lenta dissolução
dos organismos do Estado. A par de um discurso político fortemente negativo
para os funcionários públicos, os cortes salariais e o congelamento das
promoções e progressões na carreira desmotivaram seguramente muitos dos que
trabalham na administração central e local. A par disso, a diminuição das
verbas de funcionamento conduziram a situações cada vez mais penosas e
humilhantes.
Dois casos ilustram
dramaticamente este quadro. O INE cancelou i inquérito sobre o uso de
tecnologias de informação e comunicação no sector hoteleiro por falta de pessoal,
depois de ter perdido 56 técnicos desde 2011. (e só agora por autorização excecional,
vai contratar 20). E a situação no Conservatório Nacional de Música, onde o
corte de 43% do orçamento para este ano levou a direção a entrar em desespero,
dizendo que o dinheiro acabou e pedindo pelo menos um euro aps amigos e pais
dos alunos para pagar contas básicas como água e luz ou, simplesmente, comprar
papel higiénico. É um Estado-mendigo e andrajoso aquele que hoje temos.
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