domingo, 8 de novembro de 2015

DISSOLUÇÃO DO ESTADO


Como se pode constatar com facilidade, os objectivos das políticas levadas a cabo pelo actual Governo, sob a capa da troika, resumiam-se a um redesenho do país conforme as linhas determinadas pelo neoliberalismo mais radical. E essas linhas apontam para a gradual dissolução dos organismos do Estado, convertendo-os o mais possível em negócios chorudos. Temos a esperança de que possamos, a partir de agora, colocar um travão nessas malfeitorias.
O pequeno texto que se segue, da autoria de Nicolau Santos, é sobre este tema e recolhemo-lo no Expresso Economia de ontem.
Um dos aspetos silenciosos destes quatro anos de ajustamento foi a lenta dissolução dos organismos do Estado. A par de um discurso político fortemente negativo para os funcionários públicos, os cortes salariais e o congelamento das promoções e progressões na carreira desmotivaram seguramente muitos dos que trabalham na administração central e local. A par disso, a diminuição das verbas de funcionamento conduziram a situações cada vez mais penosas e humilhantes.
Dois casos ilustram dramaticamente este quadro. O INE cancelou i inquérito sobre o uso de tecnologias de informação e comunicação no sector hoteleiro por falta de pessoal, depois de ter perdido 56 técnicos desde 2011. (e só agora por autorização excecional, vai contratar 20). E a situação no Conservatório Nacional de Música, onde o corte de 43% do orçamento para este ano levou a direção a entrar em desespero, dizendo que o dinheiro acabou e pedindo pelo menos um euro aps amigos e pais dos alunos para pagar contas básicas como água e luz ou, simplesmente, comprar papel higiénico. É um Estado-mendigo e andrajoso aquele que hoje temos.

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