Numa
altura em que a coligação de direita assim como todas as forças que a suportam
não conseguem aceitar terem ficado em minoria na Assembleia da República, é muito
importante que se vá recordando aos portugueses a situação em que o governo
Passos/Portas deixou os nossos cidadãos e o país.
A
comunicação social, muito controlada pelos mesmos interesses que suportaram o
Governo agora apeado do poder, mostra-se pouco aberta a debater e revelar a
pobreza que cresce em Portugal, fruto das lamentáveis e desastrosas políticas
levadas a cabo pela maioria de direita.
A
cortina de fumo que se quer levantar sobre os resultados eleitorais vai
servindo para esconder aos portugueses a verdadeira realidade em que o país se
encontra.
Por
isso mesmo é muito importante aproveitar uma ou outra fresta que permita ao
cidadão anónimo exprimir a sua indignação pelo que vê à sua volta, sem precisar
de outra informação para além dos seus órgãos dos sentidos. Está neste caso o
texto seguinte que transcrevemos do Diário de Coimbra de ontem, parte de um artigo
de opinião (*) com o significativo título “A pobreza é um flagelo”.
Cerca
de dois milhões de portugueses vivem em risco de pobreza, ou seja, têm
rendimentos mensais inferiores a 411 euros por mês, ou menos. Um estudo mostra
que houve um recuo de 10 anos, nas condições de vida das famílias.
A
desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres aumentou nos últimos anos,
revela um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre as
condições de vida. O rendimento dos mais ricos era, em 2013, superior em 11
vezes o rendimento da população com menos recursos.
Este
é o país que temos depois de anos de austeridade, ao gosto do capitalismo
selvagem.
E
são as crianças e os idosos os mais atingidos pelas políticas de austeridade,
aplicadas pelos governos, obedientes e submetidos à troica.
De
2011 para 2013, a taxa de risco de pobreza aumentou. Atinge quase metade do
país. A perda de apoios como pensões de sobrevivência, os cortes nas reformas e
em outros apoios sociais, que eram os suportes das famílias, aumentaram as
situações de pobreza.
E
os tão apregoados sinais de recuperação económica, que ninguém vê, não servem
para suavizar o flagelo social que se vive.
E
são as crianças e os idosos as principais vítimas. São muitas crianças que
chegam às escolas mal alimentadas.
Para
acudir e tentar disfarçar este flagelo, o Estado optou por uma política de
assistencialismo e de caridadezinha, desprezando os direitos das pessoas e das
famílias e os deveres do Estado em acudir aos mais necessitados.
A
situação de quase abandono em que os idosos vivem é de desumanidade. São os mais
pobres desta Europa.
Portugal
falhou no combata à pobreza. “Temos um nível de prestações sociais inferior à
média da União Europeia e, mesmo assim, sofreu uma fortíssima redução nos
últimos quatro anos”.
O
debate sobre a pobreza tem de voltar ao debate político, tornando-se um dever
dos próximos governos.
A
prolongada crise económica arrastou enormes dificuldades, tirando às famílias o
dinheiro necessário para as despesas correntes, nomeadamente com a saúde e a
educação dos filhos.
Portugal
é dos países mais pobres e desiguais da OCDE, com 1% dos portugueses senhores e
donos de 21% da riqueza total do país. Um fosso de desigualdades entre ricos e
pobres, um dos países mais desiguais e com maiores níveis de pobreza da OCDE.
E
neste país de pobres temos um grupo de gente escandalosamente rica. O
presidente da EDP a ganhar 1644 euros por dia. No mínimo, porque o Sr.
Presidente da EDP ganha 600 mil euros por ano, mas pode chegar a 1,9 milhões de
euros, com prémios de produção e outras regalias.
E
os restantes administradores executivos da EDP, com remunerações anuais de 480
mil euros, podem ultrapassar os 1,5 milhões, com prémios e outras regalias.
E
o que faz essa gente tão bem paga?
Perante
estas obscenidades, estas afrontas à justiça, o presidente da Caritas
Internacional, o cardeal Óscar Maradiaga, um dos mais próximos conselheiros do
Papa Francisco, critica a austeridade que tem “a economia como Deus”, alertando
que “a economia é para o Homem e não o Homem para a economia”. E acrescenta que
“se entendermos a austeridade como um ajuste da economia, temos de a combater,
de a rejeitar, porque esses ajustes não beneficiam os povos. Servem para
produzir mais pobreza. A economia é para o Homem. Não é o Homem para a
economia”.
E
o Papa Francisco diz: “rezo a Deus para que nos conceda mais políticos que
levem verdadeiramente a peito a sociedade, as pessoas, a vida dos pobres”. Por
sua vez, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, diz que em Portugal não haverá
silêncio enquanto houver pessoas sem as condições básicas para sobreviver.
Que
o grito de justiça vença o silêncio.
(*) Manuel
Miranda
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