MUROS
Numa altura em que tanto se fala a propósito dos 20 anos da queda do muro de Berlim, muitos outros muros se foram entretanto construindo, quer na versão literal do termo quer no sentido imaterial do mesmo. Constata-se que este é, por vezes, muito mais difícil de derrubar do que as paredes de betão, as grades de ferro ou as barreiras de arame farpado.
A propósito, atente-se no seguinte excerto de um texto de opinião da autoria do escritor António Vilhena, publicado na edição do dia 12 de Novembro do Diário de Coimbra:
“(…) Mas quantos muros existem ainda espalhados pelo planeta? A luta pela liberdade não pode ser separada de outros direitos. Não se é livre quando não se tem trabalho, quando não se tem habitação, quando não se pode votar em consciência. As fronteiras do Ser são muitas vezes ocultadas pela máscara dos interesses. O mundo está cheio de pobres, de gente sem voz, que não tem força para lutar pelos seus direitos, que não tem sindicatos, que não tem corporações, que não tem acesso à saúde, que não tem saneamento básico, que não tem dinheiro para mandar os filhos à escola, que não tem esperança. Esta realidade cerca-nos como um muro que, também, nos deve envergonhar. Obama já percebeu que há uma América dos privilégios e uma América dos sem-abrigo, dos doentes, dos desempregados, dos excluídos, dos sem-nome. É por estes que devemos colocar o melhor do nosso esforço para que estes “muros” não inibam ninguém dos seus direitos. “
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