domingo, 8 de novembro de 2009

UMA QUASE FRAUDE


OPINIÃO (IX)


O Programa Novas Oportunidades, até pela sua própria designação, é o exemplo acabado daquilo que se costuma intitular de politicamente correcto.

Desde o seu lançamento até final de Outubro deste ano já se tinham efectuado mais de 1 milhão de inscrições de adultos e atribuído 320 mil diplomas.

Sabendo da geral apetência dos portugueses por um diploma, mesmo que não signifique quase nada em termos de aptidões e conhecimentos, o Governo Sócrates resolveu explorar uma mina que, para além de, estatisticamente, melhorar, de um dia para o outro, as aptidões académicas dos portugueses, conquista a simpatia de muitos eleitores e, por conseguinte, o voto.

É certo que é melhor que nada mas, qualquer pessoa que contacta com esta realidade reconhece, facilmente, que constitui uma quase fraude. Décadas atrás chamava-se a esta habilidade “passagem administrativa”. Por assim dizer, tratava-se de obter a aprovação numa ou mais disciplinas de um curso, sem ter de prestar provas. Este expediente traz mais uma desmotivação para os jovens que actualmente frequentam a escola pois eles sabem que, se não obtiverem agora um diploma, mais tarde chegarão a ele, com muito menos esforço.

Em vez de se proporcionarem verdadeiras condições para as pessoas puderem estudar, tais como horários de trabalho compatíveis com a frequência de uma escola, oferecem-se, de mão beijada, diplomas que não têm qualquer significado como prova de aprendizagens realizadas. Qual é o empregador que leva a sério um diploma destes? Há quem lhe chame certificado de ignorância.

Luís Moleiro (aderente do BE)

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