sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SALÁRIO MÍNIMO


Numa altura em que ter emprego já deixou de ser garantia de fugir à pobreza e em que dez por cento dos portugueses figuram como os mais pobres entre nós, o presidente da CIP, por incrível que pareça, vem defendendo o congelamento do salário mínimo nacional com o argumento da falta de competitividade das nossas exportações.

O economista Pedro Vaz Serra põe o dedo nesta ferida no seguinte excerto de um artigo de opinião publicado dia 13 de Novembro no Diário de Coimbra:

“ É triste, para não dizer constrangedor, que haja alguém com responsabilidade no meio empresarial e com conhecimentos e informações precisas e detalhadas sobre o enquadramento da nossa matriz exportadora, que continua a insistir na competitividade das exportações portuguesas indexada aos salários baixos. Este não é, de todo, o nosso caminho. O nosso caminho, a consistência das nossas exportações, tem de estar suportada nas competências instaladas, nos conhecimentos adquiridos e na correcta articulação com o desenvolvimento tecnológico. Sempre que privilegiamos os salários baixos como vantagem competitiva estamos a hipotecar um pouco mais (o pouco que resta…) deste nosso país e estamos a adiar um problema e não a resolvê-lo. Para além do que, por acção e omissão, contribuímos, a cada dia que passa, que mais e mais jovens com habilitações específicas procurem outras paragens para exercer a sua actividade profissional. Portugal não pode dar-se ao luxo de potenciar a emigração qualificada – aqueles que partem fazem muita falta ao país. Portugal tem de criar as condições para que possa exportar conhecimento. Aquele conhecimento que acrescenta valor, que incorpora tecnologia, que potencia competitividade e que aumenta a produtividade dos meios e processos. Insistir nos baixos salários é promover a cultura de país terceiro-mundista. E não esqueçamos que o emprego é promovido, de forma sustentada, concorrendo com os melhores, detectando novos mercados, novos segmentos e novas metodologias de abordagem. Os argumentos de um país como Portugal devem tender para a sofisticação dos nossos produtos e para a excelência dos nossos serviços e não para a competição com os países que baseiam a disseminação dos seus produtos e serviços, de forma redutora, no factor preço.”

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