Um cartaz do candidato era projetado num ecrã plantado no palco do Teatro Académico Gil Vicente. "Coimbra tem uma voz à esquerda". Essa voz é José Manuel Pureza.
Para reeleger o seu líder parlamentar, que sondagens colocam fora de S. Bento, o Bloco de Esquerda (BE) faz uma campanha dentro desta campanha. Nos comícios em que está presente Francisco Louçã, nenhum outro candidato a deputado noutro distrito teve uma décima parte do destaque que é dado a José Manuel Pureza.
A bola de neve que rola em Coimbra, e que sai das fronteiras do BE, também ajuda, claro. Antes dos discursos da longa noite de segunda-feira (terminou à meia-noite, após uma intervenção de Francisco Louçã que demorou 42 minutos), foram projetados vídeos com várias declarações de apoio a José Manuel Pureza.
Nessas imagens, lá estavam dirigentes nacionais do Bloco (como Miguel Portas, por exemplo), mas sobretudo personalidades coimbrãs, entre as quais alguns professores universitários, como Boaventura Sousa Santos ou João Leal Amado. O papel de José Manuel Pureza na "defesa de Coimbra" é comum aos vários depoimentos.
Também Joana Amaral Dias, ex-deputada que desde há alguns anos está distanciada da direção de Francisco Louçã, fez um apelo ao voto em José Manuel Pureza.
Abraço socialista
Quando subiu ao palco do Gil Vicente, Pureza saudou os "homens de esquerda que não são do Bloco". Quis destacar os nomes de alguns: José Reis, Rosário Gama, Elísio Estanque, António Casimiro Ferreira, Jorge Leite, Boaventura Sousa Santos. Alguns deles, como Rosário Gama, Elísio Estanque e António Casimiro Ferreira, são militantes do PS. "A cidadania é o avesso do medo", disse o candidato do Bloco de Esquerda.
Prosseguindo no agradecimento dos que estão ao seu lado, José Manuel Pureza destacou o "grande exemplo de coragem e de liberdade que estão a dar ao país".
Um país que se encontra "empatado e encalhado", segundo o candidato. Os 'empatas' são os partidos do Bloco Central, cabendo ao BE ser o fiel da balança. "A responsabilidade do BE é desempatar o país", afiança.
E querendo fazer pontes com os que agora lhe estendem a mão e o impulsionam, o cabeça de lista por Coimbra garante que o Bloco de Esquerda fará "todas as convergências necessárias" em direção a uma "mudança socialista". A meta ficou traçada: "O Bloco não quer menos do que governar o país".
Mais do que um deputado
"É com os socialistas que não desistem de ser socialistas que queremos estar" - uma formulação que, apesar de não ter mencionado os comunistas, os inclui, como explicou José Manuel Pureza ao Expresso no final do comício. "Coimbra quer ter muitas vozes nessa construção do Governo de esquerda", afirmou Pureza.
Para manter o seu líder parlamentar em S. Bento, o BE colocou toda a sua máquina em campo e reuniu em Coimbra um vasto leque de apoios, com figuras coimbrãs de outros sectores da esquerda. Se José Manuel Pureza for eleito, o Bloco ganhará mais do que um simples deputado. Mas se não for, também perderá muito mais do que um deputado.
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