Luís Moleiro
Os valores da esquerda fazem parte do seu código genético e não podem ser alienados, sejam quais forem as circunstâncias. O seguinte texto é fabuloso – invejo quem teve inspiração e talento para o escrever – e merece ser celebrado, nesta altura, por quem subscreve completamente a ideia de que a esquerda (aquela que não o é apenas de nome) teve, durante a campanha eleitoral, um comportamento digno de louvor não esquecendo nunca quem deve defender prioritariamente.
A Natureza do Mal e as eleições: elogio e louvor da esquerda.
“No domingo, a direita e o Partido Socialista preparam-se para escrever mais um capítulo do fim da história: a entrega do país à voracidade dos mercados e à irracionalidade da política económica da actual fase do capitalismo. Fim da história, fim da resistência dos explorados, fim da insubmissão dos trabalhadores. Fim do mundo como o conhecemos, também. Um mundo sem árvores e onde os assassinos dos que defendem o ambiente são aplaudidos por um parlamento que os protege legislativamente (Brasília). Um mundo com fanáticos religiosos de um lado e fanáticos da religião do mercado do outro. Segunda-feira, as forças da ordem, nas Portas del Sol como no Rossio, hão-de pôr as pedras a brilhar para sossego de Madame Mubarak e da historiadora. Nesse dia, a direita portuguesa, com ou sem os entreguistas do PS, continuará a cumprir o programa económico dos investidores, sem constrangimentos. Por um momento brilharão os novos heróis colaboracionistas e haverá um minuto de glória para os Viegas e Nobres, uma cadeira no 2º balcão, antes de serem arrastados por outra gente menor e com menos escrúpulos.
Mas esta campanha tem tido uma coisa boa, que nem o fogo-de-artifício, os comentadores e as sondagens têm conseguido obscurecer. A esquerda tem tido um comportamento digno, tem-se esforçado com os meios limitados que tem, ao seu dispor, por mostrar aos eleitores o que está em curso: o equivalente de aquilo a que , num dia de lucidez, Soares chamou um grande embuste. A esquerda leu o acordo da troika e exigiu a auditoria pública das dívidas (e disse Não pagamos a dívida dos bancos!). A esquerda exigiu a identificação dos credores - porque o maior dos crimes foi a culpabilização da gente comum pelos propagandistas dos verdadeiros culpados. A esquerda recusou como solução a redução dos níveis de protecção social, educação, investigação, saúde, reconversão ecológica como remédio para a crise. Disse que a renegociação da dívida e das taxas de juro deveria ser feita agora, enquanto há força…
Tenho orgulho dessa esquerda. Agradeço aos que lutam todos os dias. Aos que mantêm levantado o farrapo vermelho. E mesmo que no domingo estivesse sozinho face à urna, haveria de lhe entregar o meu papel. E dizer aos que mandam e aos colaboracionistas: não nos entregaremos nunca.” (Luís Januário, http//anaturezadomal.blogspot.com/)
Os valores da esquerda fazem parte do seu código genético e não podem ser alienados, sejam quais forem as circunstâncias. O seguinte texto é fabuloso – invejo quem teve inspiração e talento para o escrever – e merece ser celebrado, nesta altura, por quem subscreve completamente a ideia de que a esquerda (aquela que não o é apenas de nome) teve, durante a campanha eleitoral, um comportamento digno de louvor não esquecendo nunca quem deve defender prioritariamente.
A Natureza do Mal e as eleições: elogio e louvor da esquerda.
“No domingo, a direita e o Partido Socialista preparam-se para escrever mais um capítulo do fim da história: a entrega do país à voracidade dos mercados e à irracionalidade da política económica da actual fase do capitalismo. Fim da história, fim da resistência dos explorados, fim da insubmissão dos trabalhadores. Fim do mundo como o conhecemos, também. Um mundo sem árvores e onde os assassinos dos que defendem o ambiente são aplaudidos por um parlamento que os protege legislativamente (Brasília). Um mundo com fanáticos religiosos de um lado e fanáticos da religião do mercado do outro. Segunda-feira, as forças da ordem, nas Portas del Sol como no Rossio, hão-de pôr as pedras a brilhar para sossego de Madame Mubarak e da historiadora. Nesse dia, a direita portuguesa, com ou sem os entreguistas do PS, continuará a cumprir o programa económico dos investidores, sem constrangimentos. Por um momento brilharão os novos heróis colaboracionistas e haverá um minuto de glória para os Viegas e Nobres, uma cadeira no 2º balcão, antes de serem arrastados por outra gente menor e com menos escrúpulos.
Mas esta campanha tem tido uma coisa boa, que nem o fogo-de-artifício, os comentadores e as sondagens têm conseguido obscurecer. A esquerda tem tido um comportamento digno, tem-se esforçado com os meios limitados que tem, ao seu dispor, por mostrar aos eleitores o que está em curso: o equivalente de aquilo a que , num dia de lucidez, Soares chamou um grande embuste. A esquerda leu o acordo da troika e exigiu a auditoria pública das dívidas (e disse Não pagamos a dívida dos bancos!). A esquerda exigiu a identificação dos credores - porque o maior dos crimes foi a culpabilização da gente comum pelos propagandistas dos verdadeiros culpados. A esquerda recusou como solução a redução dos níveis de protecção social, educação, investigação, saúde, reconversão ecológica como remédio para a crise. Disse que a renegociação da dívida e das taxas de juro deveria ser feita agora, enquanto há força…
Tenho orgulho dessa esquerda. Agradeço aos que lutam todos os dias. Aos que mantêm levantado o farrapo vermelho. E mesmo que no domingo estivesse sozinho face à urna, haveria de lhe entregar o meu papel. E dizer aos que mandam e aos colaboracionistas: não nos entregaremos nunca.” (Luís Januário, http//anaturezadomal.blogspot.com/)
Sem comentários:
Enviar um comentário