segunda-feira, 13 de junho de 2011

O ALERTA DOS PEPINOS

O modelo económico que nos rege está exclusivamente virado para o lucro. À escala alimentar não é excepção. Em grande parte do que comemos, quase sem darmos por isso, estamos entregues a empresas multinacionais que colocam a ganância muito à frente da saúde das populações. A verdade é que tudo isto vai sendo escondido da opinião pública sabendo-se que, muitas vezes, são as nossas vidas que correm perigo. “Episódios como a gripe suína, dioxinas nos alimentos, carnes contaminadas, embalagens tóxicas fazem parte de um enorme rol de histórias que se vão somando.”
A eliminação sistemática das pequenas produções agrícolas e industriais locais não acontecem por acaso pois são um meio de favorecer a concentração da produção em grandes empresas. Todos conhecemos as exigências que, por exemplo, estão a ser feitas aos nossos pequenos produtores de queijo artesanal que vão levar, em muitos casos, à sua extinção porque eles não têm qualquer hipótese de competir com as grandes empresas.
Se é verdade que uma contaminação pode acontecer em qualquer lado, não é menos verdade que é muito mais fácil detectá-la e eliminá-la numa pequena produção local do que numa exploração em larga escala. Para além disso, neste caso, torna-se muito mais difícil a sua denúncia pelos interesses poderosos que se encontram em jogo.
A suposta ameaça dos pepinos espanhóis pode ter vindo lançar a discussão sobre aquilo que estamos a comer, como é produzido e que escuras vantagens comporta para determinados grupos empresariais. É por isso que é muito importante reflectirmos sobre um texto de Marisa Matias, eurodeputada do BE, onde é abordado este tema muitas vezes esquecido.
A certa altura podemos ler:
“O modelo de produção agro-industrial que venceu nos últimos anos pôs-nos dependentes de pouco mais de uma mão cheia de multinacionais e a comida que consumimos torna-se cada vez mais uma ameaça à saúde e menos uma necessidade ou um prazer. O uso e abuso destas bactérias na produção, assim como de conservantes e outras variações, tem sido parte de um modelo que coloca o lucro à frente da saúde pública e que tem dado origem a novas estirpes de bactérias cujos impactos só podemos desconhecer.”
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Luís Moleiro

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