Nem todos os militantes do PS se vergaram aos ditames do chefe todo-poderoso que parecia possuir olhos e ouvidos em todo o lado para tudo controlar.
Honra seja feita aos que tiveram a coragem de chamar os bois pelos nomes quando as evidências não deixavam quaisquer dúvidas. Não é, certamente, o caso dos actuais dois candidatos à liderança do partido que sempre foram aceitando, sem protestos visíveis, todas as asneiras, perseguições e malfeitorias que Sócrates perpetrou ao longo do seu consulado.
Os resultados verificados no dia 5 de Junho revelam, sobretudo, que o povo português quis ver-se livre de um aprendiz de ditador que os militantes do PS não foram capazes ou não quiseram expulsar. Só assim se explica a opção dos portugueses por uma liderança com tão poucas garantias de qualidade.
De qualquer maneira, devemos estar precavidos em relação a um regresso de Sócrates depois de uns anos de travessia do deserto. A memória, por vezes curta, dos povos dá-lhe a esperança de, quem sabe, vir a candidatar-se às próximas eleições para a presidência da República. Seria pior a emenda que o soneto…
“Retro-escopia de uma tragédia” é o título de um texto publicado na edição de domingo do “Diário de Coimbra" onde um militante do PS, crítico de sempre do reinado socratista, não deixa margem para dúvidas sobre o saldo dos últimos seis anos de Governo e do papel do seu principal protagonista.
Eis alguns excertos desse texto que devem ser guardados para memória futura:
“José Sócrates foi à sua vida que se adivinha de eloquente prosperidade e deixou o país nas profundezas do inferno e o PS atordoado com uma das mais humilhantes derrotas da sua história. As carpideiras de serviço, de vez em quando, interrompem o pranto, para murmurar que ele saiu com ‘muita dignidade’. Não percebo que outra alternativa lhe restava” (…)
(…) “Teve uma votação inferior à de Manuela Ferreira Leite e elegeu menos oito deputados que o PSD em 2009. E muitos se recordarão como esse resultado laranja foi ridicularizado. Manuela Ferreira Leite ficou, na altura, a pouco mais de sete pontos de Sócrates. Agora, o intervalo entre PS e PSD cifrou-se em mais de 10 pontos” (…)
(…) “O saldo de Sócrates é desastroso. Em eleições gerais, ganhou uma maioria absoluta, contra o mal-aventurado Pedro Santana Lopes, e uma maioria relativa, contra a madre superiora, Manuela Ferreira Leite. Em contrapartida, perdeu duas presidenciais, na primeira volta, perdeu duas autárquicas, disfarçadas pela conquista de Lisboa, por António Costa, e perdeu umas europeias. E agora, perdeu estas legislativas por números que a História vai registar. São muitas derrotas, para duas únicas vitórias.
E o país, como ficou, depois disto? Na bancarrota, submerso por uma dívida soberana impagável, um défice incontrolado, uma economia em recessão, com milhares de falências diárias, 12 por cento de desemprego, num movimento ascendente intravável. Mas há mais: o Fundo Monetário Internacional avisou que o rendimento real dos funcionários públicos e dos pensionistas vai descer, durante os próximos seis anos, pelo menos. E vale a pena recordar que esta perda de poder de compra já acontece, há mas de quatro anos. Tudo somado, serão 10 anos a caminho da miséria” (…)
(…) “Depois de três anos a fechar centros de saúde e urgências hospitalares, quem podia a creditar na sinceridade de Sócrates, quando prometia defender o Serviço Nacional de Saúde, até à última gota de sangue? Depois de três anos a encerrar escolas, contribuindo com isso para a desertificação do interior, quem podia acreditar que ele queria mesmo defender a escola pública?” (…) (Sérgio Ferreira Borges, jornalista)
Honra seja feita aos que tiveram a coragem de chamar os bois pelos nomes quando as evidências não deixavam quaisquer dúvidas. Não é, certamente, o caso dos actuais dois candidatos à liderança do partido que sempre foram aceitando, sem protestos visíveis, todas as asneiras, perseguições e malfeitorias que Sócrates perpetrou ao longo do seu consulado.
Os resultados verificados no dia 5 de Junho revelam, sobretudo, que o povo português quis ver-se livre de um aprendiz de ditador que os militantes do PS não foram capazes ou não quiseram expulsar. Só assim se explica a opção dos portugueses por uma liderança com tão poucas garantias de qualidade.
De qualquer maneira, devemos estar precavidos em relação a um regresso de Sócrates depois de uns anos de travessia do deserto. A memória, por vezes curta, dos povos dá-lhe a esperança de, quem sabe, vir a candidatar-se às próximas eleições para a presidência da República. Seria pior a emenda que o soneto…
“Retro-escopia de uma tragédia” é o título de um texto publicado na edição de domingo do “Diário de Coimbra" onde um militante do PS, crítico de sempre do reinado socratista, não deixa margem para dúvidas sobre o saldo dos últimos seis anos de Governo e do papel do seu principal protagonista.
Eis alguns excertos desse texto que devem ser guardados para memória futura:
“José Sócrates foi à sua vida que se adivinha de eloquente prosperidade e deixou o país nas profundezas do inferno e o PS atordoado com uma das mais humilhantes derrotas da sua história. As carpideiras de serviço, de vez em quando, interrompem o pranto, para murmurar que ele saiu com ‘muita dignidade’. Não percebo que outra alternativa lhe restava” (…)
(…) “Teve uma votação inferior à de Manuela Ferreira Leite e elegeu menos oito deputados que o PSD em 2009. E muitos se recordarão como esse resultado laranja foi ridicularizado. Manuela Ferreira Leite ficou, na altura, a pouco mais de sete pontos de Sócrates. Agora, o intervalo entre PS e PSD cifrou-se em mais de 10 pontos” (…)
(…) “O saldo de Sócrates é desastroso. Em eleições gerais, ganhou uma maioria absoluta, contra o mal-aventurado Pedro Santana Lopes, e uma maioria relativa, contra a madre superiora, Manuela Ferreira Leite. Em contrapartida, perdeu duas presidenciais, na primeira volta, perdeu duas autárquicas, disfarçadas pela conquista de Lisboa, por António Costa, e perdeu umas europeias. E agora, perdeu estas legislativas por números que a História vai registar. São muitas derrotas, para duas únicas vitórias.
E o país, como ficou, depois disto? Na bancarrota, submerso por uma dívida soberana impagável, um défice incontrolado, uma economia em recessão, com milhares de falências diárias, 12 por cento de desemprego, num movimento ascendente intravável. Mas há mais: o Fundo Monetário Internacional avisou que o rendimento real dos funcionários públicos e dos pensionistas vai descer, durante os próximos seis anos, pelo menos. E vale a pena recordar que esta perda de poder de compra já acontece, há mas de quatro anos. Tudo somado, serão 10 anos a caminho da miséria” (…)
(…) “Depois de três anos a fechar centros de saúde e urgências hospitalares, quem podia a creditar na sinceridade de Sócrates, quando prometia defender o Serviço Nacional de Saúde, até à última gota de sangue? Depois de três anos a encerrar escolas, contribuindo com isso para a desertificação do interior, quem podia acreditar que ele queria mesmo defender a escola pública?” (…) (Sérgio Ferreira Borges, jornalista)
Luís Moleiro
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