terça-feira, 28 de junho de 2011

O EXEMPLO ESCONDIDO

Uma mentira repetida até à exaustão acaba por ser tomada por verdade como se pode constatar pela acção das máquinas de propaganda de alguns partidos políticos. Por outro lado, uma verdade inquestionável, à força de ser silenciada acaba por se converter num facto inexistente.
A utilização da classe económica nas deslocações ao estrangeiro dos nossos novos governantes foi repetida até à náusea, poucos dias atrás. Mesmo depois de se saber que quando viajam em serviço, os membros do Governo não pagam bilhete na TAP, os noticiários televisivos continuaram a mencionar que, para poupar dinheiro do Estado, Passos Coelho vai voar sempre em classe económica para a Europa.
Na actual legislatura, dos 230 parlamentares em funções, apenas 60 são mulheres deputadas de todas as bancadas o que corresponde a 26% do total.
Entre os partidos com representação na AR, apenas o Bloco de Esquerda tem uma paridade de 50% entre homens e mulheres (4 membros de cada em 8 mandatos). O que mais se aproxima da Lei da paridade é o PSD que, mesmo assim, não ultrapassa 29%. Na CDU, há duas mulheres em 16 deputados…
Se bem que a lei só imponha um mínimo de um terço de mulheres nas listas de candidatos ao Parlamento, a verdade é que, se a paridade de parlamentares eleitos estivesse próxima dos 50%, isso permitiria o exercício da democracia com mais diversidade e, portanto, com maior qualidade.
Mas este tema – que é política – não é abordado pelos comentadores que pululam na nossa comunicação social porque não interessa aos grandes partidos. Alguém se lembra de ouvir algum comentário nos noticiários televisivos a realçar que o Bloco tem um grupo parlamentar paritário entre homens e mulheres? Coisa sem significado para a democracia? Certamente que não! Apenas uma virtude que não deve ser salientada num partido que, por ser muito incómodo para os maiores, deve ser desacreditado a todo o custo.

Luís Moleiro

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