sexta-feira, 3 de junho de 2011

Louçã: «Devia haver óscares para o descaramento na política»


Louçã

Francisco Louçã, coordenador do Bloco de Esquerda (BE), esteve, esta sexta-feira, último dia de campanha, reunido com sindicalistas, na Junta de Freguesia da Senhora da Hora, em Matosinhos. O encontro era para ser apenas com trabalhadores da Metro do Porto, mas também lá estiveram representantes sindicais da Sonae, da Efacec e desempregados.

E não foi por estar mais a Norte que Francisco Louçã deixou de lembrar problemas de outros locais do país e chamou a atenção para a contradição socialista sobre o Metro da Lousã. «Acabaram com os carris. Venderam os carris a peso para pagar aos administradores. E agora é uma das prioridades do programa eleitoral do PS para o distrito de Coimbra», acusou.

«Devia haver óscares para o descaramento na política. Ia dar uma cerimónia bonita», ironizou.

Francisco Louçã, acompanhado do cabeça de lista do Bloco pelo Porto, João Semedo, e da eurodeputada Marisa Matias, ouviu queixas de «pressões» na Sonae e também de contradições dentro da empresa de Belmiro Azevedo. «O senhor Paulo Azevedo veio dizer que ninguém ganha menos de 700 euros na Sonae. Mas é uma ideia completamente errada. Eu ganho 520 euros e tenho o meu salário congelado há três anos», disse um trabalhador.

João Semedo considerou que «o maior défice democrático que existe em Portugal está nas empresas». «A vida nas empresas é uma caricatura da democracia», sublinhou o candidato bloquista pelo Porto.

Fernando Teixeira, maquinista na Metro do Porto, insurgiu-se, perante Louçã, contra a má gestão nas empresas públicas. «Está-se a tirar a quem já não tem. Está-se a tirar aos trabalhadores, valha-me Deus!», exclamou.

«Quem anda a gerir mal as empresas de depois tira aos trabalhadores tem de ir para o lugar certo. Tem de se criar uma lei penal para pôr estes senhores onde deviam estar. Na prisão!», disse ainda Fernando Teixeira, perante a concordância de Louçã.

O coordenador do Bloco ouviu também um desempregado da hotelaria, com 42 anos, queixar-se que já não arranja trabalho. «Sou um jovem e já ninguém dá trabalho a pessoas da minha idade», disse.

Louçã aproveitou para lembrar que «o acordo com a troika prevê que se facilitem os despedimentos e até fazendo-o de uma forma que viola a Constituição».

Outro trabalhador lembrou que comprou casa, «sem nunca ter tido nenhum apoio nem nenhum crédito bonificado». «Tenho um filho a estudar e agora até os ridículos 11 euros do abono de família me tiraram», queixou-se.

«Não ouvi ninguém dizer que ia acabar com carros de 100 mil euros para os deputados, com os cartões com plafonds de não sei o quê. Não ouvi ninguém dizer que ia acabar com ir comprar roupa a Nova Iorque», enumerou ainda o mesmo eleitor.

Loução até concordou e corrigiu apenas que «os deputados não têm carros de 100 mil euros».

No final do encontro, em declarações aos jornalistas, Francisco Louçã fez um breve balanço de campanha, para dizer que «o Bloco fez uma escolha. A mais difícil de todas. A mais necessária de todas. A de apelar à inteligência das pessoas». «Democracia é isto: trazer à todos liça, em nome de um país que não se pode afundar», rematou.

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