quinta-feira, 30 de junho de 2011

O CASO RTP

A oposição de Paulo Portas à privatização da RTP parecia mais uma tirada populista do líder “centrista” contra a fúria privatizadora de Passos Coelho. Em termos políticos dava a ideia de colocar o PSD à direita do CDS. No entanto, verifica-se agora que, o mais provável é que Portas já estivesse devidamente informado de que os privados não estão interessados no canal público de televisão porque, caso o mantivessem na situação actual, teriam prejuízo, caso fossem anuladas as presentes limitações na publicidade, isso poderia constituir uma incomportável concorrência para os restantes canais privados.
Aliás, tanto a posição de Pais do Amaral como a de Pinto Balsemão não deixa margem para dúvidas.
Para o presidente não executivo da Media Capital, empresa que detém a TVI, “a RTP deve manter o seu estatuto de televisão pública”, alegando que a “abertura do mercado televisivo irá liquidar jornais e rádio”. Para o fundador do PSD e presidente do grupo Impresa que detém, entre outros, a SIC, o “Expresso” e a “Visão”, o investimento em publicidade tem baixado muito nos últimos dez anos “e não haverá mercado para mais um operador”.
Trocando por miúdos, ficámos a perceber que, enquanto a RTP não constituir um investimento lucrativo, deve ficar nas mãos do Estado para ser suportada pelo dinheiro dos contribuintes. Nada de novo. É assim que funciona o sistema capitalista: privatizar os lucros e socializar os prejuízos.
Sobre o tema das privatizações vale a pena ler o excelente texto de Daniel Oliveira “Privatizações, CTT e RTP: uma história exemplar.

Luís Moleiro

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