Lemos e não queremos acreditar nas posições defendidas por José Manuel Fernandes, um assumido neoliberal, no artigo de opinião que assina na edição de sexta-feira (16/12) do ‘Público’ (transcrito no blog ‘blasfémias’), sobre a crise do euro. A novidade não é o que é afirmado mas quem o afirma. Mais vale tarde que nunca adoptarem-se – talvez conta vontade – posições críticas em relação ao caminho que estão a tomar “os seguidores das imposições de Merkel e Sarkozy”, entre os quais se encontram os actuais governantes portugueses. A esquerda a sério anda há imenso tempo a denunciar os atentados “contra princípios elementares das nossas democracias abertas e respeitadoras da liberdade” que estão a ser levados a cabo pelos burocratas de Bruxelas. O mesmo se passa em relação à consagração constitucional de um défice de 0,5% que constitui uma irresponsabilidade política que será causa da desagregação europeia. “Ninguém acredita que será inscrevendo nas Constituições a tal "regra de ouro" que os países indisciplinados do Club Med se tornarão, de repente, aplicados zelotas do rigor teutónico”. Estamos hoje com um programa de austeridade gravíssimo para atingirmos défices da ordem de 5,9% (mesmo com alguns artifícios). Se pretendêssemos que esse valor passasse para 0,5% de forma permanente, tal medida constituiria uma desgraça social para o nosso país.
Luís Moleiro
Luís Moleiro
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