Cada vez tem mais força a ideia de que ser radical hoje passa por defender a democracia.
A democracia é, na realidade, um empecilho para aqueles – instituições e personalidades – que só usam esse conceito quando esperam tirar vantagens dele. O que se passa com a actuação dos mercados financeiros enquadra-se, perfeitamente, na negação do que é a democracia. A vontade dos povos livremente expressa passou a ser um horror para os “mercados” que, da forma mais despudorada, vão pressionando a substituição dos governantes eleitos por gente da sua confiança. No caso português, nem sequer isso é necessário…
A subversão democrática que vamos referir a seguir tem a ver com uma situação interna que, tal como noutros casos, pode vir a ficar impune: trata-se da democracia à moda de Alberto João (AJ), uma espécie de 25 em 1 que se pretende institucionalizar na Madeira. Com a menor maioria de sempre – não vá o diabo tecê-las – para prevenir o aparecimento de algum trânsfuga, eis que AJ decidiu que o voto de 1 deputado do PSD-M vale pelos 25 eleitos.
Depois da manipulação da informação a que os eleitores madeirenses são sujeitos, a que se juntam alegadas chapeladas de votos, só faltava mais esta artimanha para assegurar um absoluto controle do poder pelo PSD-M e seu líder.
O seguinte excerto de um artigo de opinião que hoje encontrámos no “Diário de Coimbra” ajuda a completarmos o nosso raciocínio:
“A notícia, mais coisa menos coisa, é a de que “na Madeira o voto de um deputado vale por 25”. Percebe-se bem a jogada de antecipação.
E entende-se à luz do provérbio “se vires a barba do vizinho a arder põe a tua de molho”. O PSD Madeira, receoso de viver uma maioria muito curta, com memória do episódio do queijo limiano ou das votações perdidas pela ausência inesperada de deputados da maioria (como aconteceu em algumas votações na AR) tem esta atitude que faz na verdade lembrar um canto de cisne.
Ao deliberar uma decisão destas passa-se um atestado de menoridade aos parlamentares e ao sistema democrático e abre-se uma “caixa de pandora”. Conseguirá, essa menor maioria, estancar a verdade ou o arrojo de trânsfugas evitando assim consequências a eventuais dissidências. Conseguirá eliminar qualquer alteração de poder através da ausência de deputados em determinadas votações. Imagine-se meia dúzia de parlamentares da maioria regional, descontentes com o seu líder (e sabe-se que quando o afundamento se avista e pressente, o descontentamento aumenta exponencialmente…) faltam: a maior minoria alcançaria assim o poder de aprovar medidas.
Esse objectivo é assim alcançado.
Mas o que vai acontecer também é que a partir de agora, nos tempos que correm, alguns apareçam já de lápis em punho dizendo afinal não são precisos nem 230, nem 100 nem 50 deputados, basta apenas um por partido.” (…) (Ferreira Ramos)
Poderemos estar na presença de mais uma das perversões que contaminam a nossa democracia.
Luís Moleiro
A democracia é, na realidade, um empecilho para aqueles – instituições e personalidades – que só usam esse conceito quando esperam tirar vantagens dele. O que se passa com a actuação dos mercados financeiros enquadra-se, perfeitamente, na negação do que é a democracia. A vontade dos povos livremente expressa passou a ser um horror para os “mercados” que, da forma mais despudorada, vão pressionando a substituição dos governantes eleitos por gente da sua confiança. No caso português, nem sequer isso é necessário…
A subversão democrática que vamos referir a seguir tem a ver com uma situação interna que, tal como noutros casos, pode vir a ficar impune: trata-se da democracia à moda de Alberto João (AJ), uma espécie de 25 em 1 que se pretende institucionalizar na Madeira. Com a menor maioria de sempre – não vá o diabo tecê-las – para prevenir o aparecimento de algum trânsfuga, eis que AJ decidiu que o voto de 1 deputado do PSD-M vale pelos 25 eleitos.
Depois da manipulação da informação a que os eleitores madeirenses são sujeitos, a que se juntam alegadas chapeladas de votos, só faltava mais esta artimanha para assegurar um absoluto controle do poder pelo PSD-M e seu líder.
O seguinte excerto de um artigo de opinião que hoje encontrámos no “Diário de Coimbra” ajuda a completarmos o nosso raciocínio:
“A notícia, mais coisa menos coisa, é a de que “na Madeira o voto de um deputado vale por 25”. Percebe-se bem a jogada de antecipação.
E entende-se à luz do provérbio “se vires a barba do vizinho a arder põe a tua de molho”. O PSD Madeira, receoso de viver uma maioria muito curta, com memória do episódio do queijo limiano ou das votações perdidas pela ausência inesperada de deputados da maioria (como aconteceu em algumas votações na AR) tem esta atitude que faz na verdade lembrar um canto de cisne.
Ao deliberar uma decisão destas passa-se um atestado de menoridade aos parlamentares e ao sistema democrático e abre-se uma “caixa de pandora”. Conseguirá, essa menor maioria, estancar a verdade ou o arrojo de trânsfugas evitando assim consequências a eventuais dissidências. Conseguirá eliminar qualquer alteração de poder através da ausência de deputados em determinadas votações. Imagine-se meia dúzia de parlamentares da maioria regional, descontentes com o seu líder (e sabe-se que quando o afundamento se avista e pressente, o descontentamento aumenta exponencialmente…) faltam: a maior minoria alcançaria assim o poder de aprovar medidas.
Esse objectivo é assim alcançado.
Mas o que vai acontecer também é que a partir de agora, nos tempos que correm, alguns apareçam já de lápis em punho dizendo afinal não são precisos nem 230, nem 100 nem 50 deputados, basta apenas um por partido.” (…) (Ferreira Ramos)
Poderemos estar na presença de mais uma das perversões que contaminam a nossa democracia.
Luís Moleiro
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