Atravessamos um momento histórico em que a direita tem a faca e o queijo na mão. A esquerda devia ter esse facto em muita atenção, deixar-se de sectarismos estéreis e, de uma vez por todas, juntar forças para combater a ofensiva que o sistema capitalista, na sua versão neoliberal, está a levar a cabo contra aqueles que realmente produzem riqueza, contra os mais pobres, contra os mais necessitados em vários campos.
Ao contrário da direita, a esquerda não sabe distinguir qual o seu inimigo principal, gastando, de forma inútil, preciosas energias a autoflagelar-se.
O blog 5 dias, que funciona como uma espécie de porta-voz oficioso do PCP, aproveita todas as ocasiões para denegrir qualquer iniciativa em que o Bloco de Esquerda esteja envolvido. É o que podemos verificar hoje a propósito do debate público “O que é a Auditoria Cidadã da Dívida?” que abriu os trabalhos nesta sexta-feira pelas 21 horas. Neste debate participam várias personalidades públicas de reconhecido mérito intelectual e político.
Infelizmente, o sectarismo é uma marca genérica dos comunistas que atinge mesmo as gerações mais novas. O Bloco não enferma desta maleita política e, de forma inteligente, não responde às provocações porque o PCP não é, de todo, o seu inimigo principal.
Nem de propósito, o artigo de opinião que o prof. Boaventura Sousa Santos assina na “Visão” de 15 de Dezembro, aborda as razões das dificuldades por que “as esquerdas” estão a passar e propõe “algumas linhas de reflexão”.
O texto que merece ser lido e relido começa assim:
“Quando estão no poder, as esquerdas não têm tempo para reflectir sobre as transformações que ocorrem nas sociedades e quando o fazem é sempre por reação a qualquer acontecimento que perturbe o exercício do poder. A resposta é sempre defensiva. Quando não estão no poder, dividem-se internamente para definir quem vai ser o líder nas próximas eleições, e as reflexões e análises ficam vinculadas a esse objetivo. Esta indisponibilidade para reflexão, se foi sempre perniciosa, é agora suicida. Por duas razões. A direita tem à sua disposição todos os intelectuais orgânicos do capital financeiro, das associações empresariais, das instituições multilaterais, dos think tanks, dos lobbistas, os quais lhe fornecem diariamente dados e interpretações que não são sempre faltos de rigor e sempre interpretam a realidade de modo a levar a água ao seu moinho. Pelo contrário, as esquerdas estão desprovidas de instrumentos de reflexão abertos aos não militantes e, internamente, a reflexão segue a linha estéril das facções. Circula hoje no mundo uma imensidão de informações e análises que poderiam ter uma importância decisiva para repensar e refundar as esquerdas depois do duplo colapso da social-democracia e do socialismo real. O desequilíbrio entre as esquerdas e a direita no que respeita ao conhecimento estratégico do mundo é hoje maior que nunca.”
Ler mais
Luís Moleiro
Ao contrário da direita, a esquerda não sabe distinguir qual o seu inimigo principal, gastando, de forma inútil, preciosas energias a autoflagelar-se.
O blog 5 dias, que funciona como uma espécie de porta-voz oficioso do PCP, aproveita todas as ocasiões para denegrir qualquer iniciativa em que o Bloco de Esquerda esteja envolvido. É o que podemos verificar hoje a propósito do debate público “O que é a Auditoria Cidadã da Dívida?” que abriu os trabalhos nesta sexta-feira pelas 21 horas. Neste debate participam várias personalidades públicas de reconhecido mérito intelectual e político.
Infelizmente, o sectarismo é uma marca genérica dos comunistas que atinge mesmo as gerações mais novas. O Bloco não enferma desta maleita política e, de forma inteligente, não responde às provocações porque o PCP não é, de todo, o seu inimigo principal.
Nem de propósito, o artigo de opinião que o prof. Boaventura Sousa Santos assina na “Visão” de 15 de Dezembro, aborda as razões das dificuldades por que “as esquerdas” estão a passar e propõe “algumas linhas de reflexão”.
O texto que merece ser lido e relido começa assim:
“Quando estão no poder, as esquerdas não têm tempo para reflectir sobre as transformações que ocorrem nas sociedades e quando o fazem é sempre por reação a qualquer acontecimento que perturbe o exercício do poder. A resposta é sempre defensiva. Quando não estão no poder, dividem-se internamente para definir quem vai ser o líder nas próximas eleições, e as reflexões e análises ficam vinculadas a esse objetivo. Esta indisponibilidade para reflexão, se foi sempre perniciosa, é agora suicida. Por duas razões. A direita tem à sua disposição todos os intelectuais orgânicos do capital financeiro, das associações empresariais, das instituições multilaterais, dos think tanks, dos lobbistas, os quais lhe fornecem diariamente dados e interpretações que não são sempre faltos de rigor e sempre interpretam a realidade de modo a levar a água ao seu moinho. Pelo contrário, as esquerdas estão desprovidas de instrumentos de reflexão abertos aos não militantes e, internamente, a reflexão segue a linha estéril das facções. Circula hoje no mundo uma imensidão de informações e análises que poderiam ter uma importância decisiva para repensar e refundar as esquerdas depois do duplo colapso da social-democracia e do socialismo real. O desequilíbrio entre as esquerdas e a direita no que respeita ao conhecimento estratégico do mundo é hoje maior que nunca.”
Ler mais
Luís Moleiro
Sem comentários:
Enviar um comentário