quinta-feira, 3 de abril de 2014

1,4 MILHÕES DE PREGUIÇOSOS NAS REDES SOCIAIS, SEGUNDO JONET


Em declarações, no mínimo infelizes, a directora do Banco Alimentar Contra a Fome acha que os desempregados passam demasiado tempo nas redes sociais em vez de procurarem emprego. É uma afirmação obviamente absurda porque o facto de 1 milhão e 400 mil desempregados andarem à procura de emprego, todos ao mesmo tempo, não levaria à criação de qualquer posto de trabalho. O desemprego tem, isso sim, a ver com as políticas recessivas levadas a cabo pela maioria de direita no Governo.
As palavras de Isabel Jonet não poderão ser levadas a sério, porque a ninguém de boa fé passa pela cabeça que 1,4 milhões de desempregados não trabalham porque estão entretidos com as redes sociais. Talvez a senhora esteja a querer fazer humor negro com a situação de calamidade que o país vive. De qualquer maneira são afirmações que abonam pouco a sua inteligência e, por esse motivo, devem ser tratadas como o fez o ex-deputado bloquista e actual candidato às eleições europeias, João Teixeira Lopes, no Público de hoje, onde assina uma crónica, muito a propósito intitulada Os dez deveres do desempregado segundo Isabel Jonet.
Ei-los:
1  – Os desempregados têm por dever principal trabalhar e não mandriar. Só o trabalho liberta. Devem acordar cedo, fazer ginástica e comer pouco.
2  – Os desempregados devem rezar as matinas e as vespertinas, com sentimentos puros.
3  – Os desempregados devem agradecer a Deus. Por não serem pobres. Ou se são pobres, por não serem miseráveis. Ou se são miseráveis, por não viverem no Uganda.
4  – Os desempregados não podem receber subsídio, pois isso torna-os moles, dependentes e com um agudo défice de empreendedorismo.
5  – Os desempregados jamais devem usar as redes sociais. Podem encontrar por lá o Papa Francisco e enveredar por maus caminhos.
6  – Os desempregados devem lavar os dentes com água de três dias. 
7  – Os desempregados devem trabalhar como voluntários sob a estrita condição de nunca pedirem remuneração.
8  – Se alguma entidade insistir em remunerá-los apenas devem aceitar uma pequena quantia, inferior a dois euros, para poderem dar esmola. 
9  – Os desempregados são europeus, por isso estão autorizados a ir a Lourdes a pé uma vez por ano.
10  – Os desempregados existem para a caridade alheia, tal como os pobres. O seu futuro é o passado e o seu fim último é esperarem, limpinhos, com paciência, humildade e singela alegria. O país não seria o mesmo sem eles.

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