segunda-feira, 21 de abril de 2014

ISTO JÁ NÃO É UM GOVERNO


É do senso comum, e já o temos referido aqui, que a direita sabe, em cada momento, reconhecer o seu inimigo principal. A maioria que actualmente governa (?) o país encontra-se em estado de desagregação, mantendo-se unida apenas pelo apego ao poder, em defesa dos mais variados interesses, menos os da maioria do povo português. Já não é possível esconder as contradições entre os dois parceiros da coligação que se revelam até em pormenores caricatos como o chamado imposto das batatas fritas. Aliás, foi o próprio Passos Coelho que na recente entrevista à SIC deixou bastante claro que o divórcio entre PSD e CDS se vai dar, o mais tardar, no final da legislatura, ao afirmar que "vamos até ao fim [da actual legislatura] e depois cada um de nós vai à sua vida". Seria de elementar bom senso que a ruptura se desse já, porque talvez se conseguisse poupar o país a mais sofrimento. Os portugueses estão fartos desta gente e a prova mais evidente é que a entrevista do primeiro-ministro à SIC teve pouca audiência.
Ana Sá Lopes retrata hoje, muito bem, no i, as contradições que corroem o executivo, ao afirmar que isto já não é um governo. É um ajuntamento de pessoas unidas para cumprir o fecho do programa da troika, porque se isso não acontecesse - a manutenção do governo em funções mesmo em estado de colapso - a senhora Merkel ficaria muito aborrecida.
E porque isto já não é um governo, o primeiro-ministro exclui a descida do IRS e o vice-primeiro-ministro volta a pô-la em cima da mesa com a naturalidade dos funerais - Sócrates e Teixeira dos Santos tinham menos divergências e acabaram sem se falar (e os dois fora do governo).
Porque isto já não é um governo a ministra das Finanças anuncia novos impostos sobre produtos prejudiciais à saúde (o já chamado imposto das batatas fritas ou o imposto Sumol). Concorda imediatamente o secretário de Estado da Saúde - que não o ministro - elogiando exemplos estrangeiros. E depois, como se fosse a coisa mais normal do mundo, o ministro da Economia António Pires de Lima aparece em público a desmentir a ministra das Finanças - não, não haverá nenhum imposto Sumol no governo a que ele pertence.
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