É
do senso comum, e já o temos referido aqui, que a direita sabe, em cada
momento, reconhecer o seu inimigo principal. A maioria que actualmente governa
(?) o país encontra-se em estado de desagregação, mantendo-se unida apenas pelo
apego ao poder, em defesa dos mais variados interesses, menos os da maioria do
povo português. Já não é possível esconder as contradições entre os dois
parceiros da coligação que se revelam até em pormenores caricatos como o
chamado imposto das batatas fritas. Aliás, foi o próprio Passos Coelho que na
recente entrevista à SIC deixou bastante claro que o divórcio entre PSD e CDS se
vai dar, o mais tardar, no final da legislatura, ao afirmar que "vamos
até ao fim [da actual legislatura] e depois cada um de nós vai à sua
vida". Seria de elementar bom senso que a ruptura se desse já, porque
talvez se conseguisse poupar o país a mais sofrimento. Os portugueses estão
fartos desta gente e a prova mais evidente é que a entrevista do primeiro-ministro
à SIC teve pouca audiência.
Ana
Sá Lopes retrata hoje, muito bem, no i, as contradições que corroem o
executivo, ao afirmar que isto
já não é um governo. É um ajuntamento de pessoas unidas para cumprir o fecho do
programa da troika, porque se isso não acontecesse - a manutenção do governo em
funções mesmo em estado de colapso - a senhora Merkel ficaria muito aborrecida.
E
porque isto já não é um governo, o primeiro-ministro exclui a descida do IRS e
o vice-primeiro-ministro volta a pô-la em cima da mesa com a naturalidade dos
funerais - Sócrates e Teixeira dos Santos tinham menos divergências e acabaram
sem se falar (e os dois fora do governo).
Porque
isto já não é um governo a ministra das Finanças anuncia novos impostos sobre
produtos prejudiciais à saúde (o já chamado imposto das batatas fritas ou o
imposto Sumol). Concorda imediatamente o secretário de Estado da Saúde - que
não o ministro - elogiando exemplos estrangeiros. E depois, como se fosse a
coisa mais normal do mundo, o ministro da Economia António Pires de Lima
aparece em público a desmentir a ministra das Finanças - não, não haverá nenhum
imposto Sumol no governo a que ele pertence.
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