Dados
do Instituto Nacional de Estatística publicados há pouco tempo mostram quão frágil
é o tecido social português em termos de rendimentos. Os números são arrasadores
e preocupantes: em 2012, sem prestações sociais, quase metade da população portuguesa
estaria no limiar da pobreza. Quem recebe esta informação e está a par do que
se vai passando à nossa volta só concluirá que a situação piorou de então para
cá. Não pode ser de outra maneira, a menos que a se tenha chegado ao ponto de
as mentiras do Governo, à força de muito repetidas, se tenham transformado em
realidade. De qualquer maneira, percebemos que a propaganda da maioria de
direita está a intensificar-se, aproveitando todas as oportunidades para
converter o inferno em que transformou a vida dos portugueses em vitórias de Portugal.
O
texto que apresentamos a seguir foi transcrito do Diário as beiras de ontem e
constitui uma análise sucinta à situação de empobrecimento dos portugueses.
Os resultados do
“Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2013 sobre
rendimentos do ano anterior” dos portugueses,
divulgados pelo INE, revelam um
aumento significativo da pobreza em
Portugal. A partir de 2010, com a chegada da “troika” e a entrada em funções do
governo PSD/CDS, o número de portugueses no limiar da pobreza têm aumentado de
uma forma contínua, representando, em 2012, já 18,7% da população total o que
significa que 1.961.100 portugueses vivem já na miséria.
Outro aspeto
preocupante revelado pelos dados do INE é o facto de que, em 2012, sem
prestações sociais, o número de portugueses que estaria no limiar da pobreza
subiria para 4.918.500, o que corresponderia a 46,9% da população total. Entre
2010 e 2012, o seu número registou um aumento de 10,4%. E como mostram também
os dados do INE, são precisamente as pensões que tiram maior número de
portugueses do limiar da pobreza. Em 2012, mais de 2,2 milhões de portugueses
só não estavam no limiar da pobreza devido às pensões que recebiam. E são
precisamente as pensões e os pensionistas que são o alvo preferencial do
governo e da “troika” na sua fúria de cortes nos rendimentos dos que menos têm
e de aumento das desigualdades.
Interessa
ainda referir que os números anteriores de portugueses no limiar da pobreza
estão subestimados. E isto porque o rendimento em euros que serve para definir
o limiar da pobreza está a diminuir em Portugal devido à quebra nos rendimentos
(considerando 12 meses, e não 14, o rendimento mensal utilizado foi de 433,93€
em 2009; de 420,50€ em 2010; de 416,17€ em 2011; e de 408,67€ em 2012; para
2013 e 2014 os valores ainda não foram calculados. Se atualizarmos o valor de
2009 utilizando, para isso, o aumento de preços verificado entre 2009 e 2012,
conclui-se que, para manter o mesmo poder de compra de 2009, seriam
necessários, em 2012, 468,63€; e o valor deste ano considerado para limiar de
pobreza foi, como vimos, de apenas 408,67€. Isto significa que muitos milhares
de portugueses não foram considerados no limiar da pobreza apenas porque o
valor deste diminuiu, apesar de continuarem na pobreza agravada devido ao
aumento de preços.
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