quinta-feira, 10 de abril de 2014

NEOLIBERALISMO É INCOMPATÍVEL COM DIREITOS HUMANOS


Com a queda do império soviético, o capitalismo e o(s) seu(s) braço(s) armado(s) sentiram-se donos do mundo e assim actuarem de acordo com os interesses das classes dominantes nas potências mais fortes. Os principais lideres actuam nesse sentido, em todas as partes do mundo, conforme as suas conveniências, sem sentirem um pingo de remorso pelo sofrimento causado a populações inocentes e indefesas.  Assim aconteceu no Ruanda, faz agora 20 anos, altura em que foram mortas, durante 100 dias cerca de 800 mil pessoas pertencentes a uma etnia minoritária, numa das “páginas mais sombrias da história da humanidade” como referiu recentemente o Secretário-geral da ONU.
Só que, os principais responsáveis pelo sucedido eram interesses exteriores ao Ruanda como já está plenamente comprovado. Em todo este processo, a França e a Bélgica, em especial, têm as mãos manchadas de sangue.
O autor do texto (*) que apresentamos a seguir, transcrito do Diário de Coimbra de hoje, faz uma longa referência ao massacre de há 20 anos no Ruanda, para, na parte final tirar uma curiosa conclusão sobre o desaparecimento do Boeing das linhas aéreas da Malásia…
Já cansado por mais um dia de trabalho intenso na universidade de Bordéus, chego a casa e eis que televisões e rádios estabelecem os alinhamentos dos fluxos noticiosos com o Ruanda e a violência que teria irrompido no país, colónia belga desde o final da 1ª Grande Guerra. Tudo teria começado – repetiam os media – pelo atentado ao avião em que seguia o presidente Habyarimana, que originou a morte do ditador de etnia hútu, maioritária (85%) no país conhecido pelas “mil colinas”.
Estávamos na primeira semana de Abril de 1994 e, vinte anos depois, ainda me questiono como foi possível eliminar fisicamente, entrar na casa do vizinho e violar mulheres, esquartejar os corpos e decepar crianças, no que veio a constituir um verdadeiro genocídio – em cem dias, 800 mil tutsis foram massacrados.
Tal como o vizinho Burundi, o Ruanda é um país inventado pelos colonizadores, com um terço da área de Portugal e quase o mesmo número de habitantes. Uns, criadores de gado, donos das pastagens e em quem a Bélgica se apoia para administrar o reino e, outros (hútus), que viviam do trabalho nos campos.
A história diz-nos que, já em 1959, tinha ocorrido uma grave crise social, quando os campesinos hutus incendiaram quintas e os seus locatários, matando o gado com instrumentos agrícolas. De nada serviu, já que 35 anos depois veio o desastre. Apesar da presença de outros “interessados” naquele espaço, casos do Reino Unido e dos EUA, e da presença militar, maioritariamente francesa, concluída com a “operação turquesa” cumprindo a estratégia do então presidente Miterrand, para contrariar a hegemonia militar da Frente Patriótica Ruandesa de Paul Kagamé, hoje inoxidável presidente do Ruanda e da sua capital Kigali.
Factos como este não suportam resumos, pelo que me limito a sublinhar que só seis anos depois dos trágicos acontecimentos, o primeiro-ministro belga vem pedir publicamente perdão aos ruandeses, pelo “dramático cortejo de negligências, incompetências, hesitações e erros que criaram condições para uma tal tragédia”, como o recorda o digital francês “Rue89”, que relembra, também, as palavras do então presidente Sarkozy (2010) ao reconhecer, com a ambiguidade diplomática habitual, “certas circunstâncias que impediram de prevenir e acabar com um crime monstruoso”.
Tudo isto surge como inverosímil, mas corresponde à verdade. O mesmo não se passa com o já célebre desaparecimento do Boeing 777/200 das linha aéreas da Malásia. Muito se tem escrito sobre o assunto, mas sempre evacuando a existência de uma das principais bases americanas – Diego Garcia – dispondo de bombas termonucleares, dos mais sofisticados equipamentos de espionagem e local central nas guerras do Vietname, Iraque e Afeganistão, precedendo Guantánamo no tratamento prisional de alegados terroristas.
Escrevendo um mês depôs do colapso do voo, limito-me a deixar aqui o título do artigo de opinião de Gordon Duff, editor sénior do digital “Military Foreign Affairs Journal”, órgão oficial dos veteranos de guerra americanos – uma brincadeira da CIA (The CIA Hoax). Resta-nos o tempo da investigação histórica que será, como quase sempre, o indicador que fará a diferença entre o verosímil e o veredicto.
(*) João Marques, Diplomado em Ciências da Comunicação

Sem comentários:

Enviar um comentário