O
i publica hoje uma extensa entrevista a Marisa
Matias, cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias.
Ao fim de
três anos de troika, a candidata do BE às eleições europeias diz que "as
contas públicas não estão mais seguras"
A cabeça
de lista do Bloco de Esquerda às europeias desafia o PS a decidir se é de
esquerda, apontando a defesa do Tratado Orçamental como
"incompatível" com uma política de esquerda. Pisca o olho ao
eleitorado socialista que concorda com este ponto e radicaliza o discurso
contra "a Europa da austeridade", a que também chama "Europa
alemã".
Qual a
eficácia de se referendar um tratado europeu?
Desde
logo, trata-se de colocar a decisão onde ela deve ser colocada porque ninguém
perguntou às portuguesas e portugueses se queriam mais 20 ou 30 anos de
política de austeridade, como a que tivemos nos últimos três anos. Depois,
porque se trata de um tratado intergovernamental que passa a ter valor legal
semelhante à Constituição e impede qualquer política de esquerda, ou
contra-cíclica, nos próximos anos. Estamos a falar de um dos maiores programas
ideológicos possível. E a História já nos mostrou que quando foi o referendo ao
Tratado Constitucional em França e na Holanda, todas as ameaças foram feitas
que sairiam da União Europeia e do euro, e a verdade é que votaram
"não" e nada disso aconteceu.
Mas não
há aqui uma tentativa de capitalizar o descontentamento, mais do que referendar
um tratado?
Este
tratado não é europeu, é intergovernamental. Houve países que não o assinaram,
como o Reino Unido, que não está numa situação caótica e insustentável e à
beira de sair da União Europeia por não ter ratificado o Tratado. Existe a
possibilidade de uma saída unilateral. Ao contrário de um tratado europeu,
neste podemos decidir desvincularmo-nos.
Diz que o
tratado impede uma política de esquerda. O PS acha que não. Ou é o PS que não
tem uma política de esquerda?
A
liderança do PS e o cabeça-de-lista do PS às europeias, ao defenderem o Tratado
Orçamental, defendem também uma política de Bloco Central e não uma política de
esquerda. Confundir isso com o povo socialista é abusivo, mas a verdade é que a
liderança do PS faz essa escolha. Há aí uma linha divisória. Ao promover um
tratado que garante a continuidade da austeridade... sabemos que ela é
incompatível com a criação de emprego e com o Estado Social.
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