A acção deste ministro da Educação, num
país decente, já há muito teria levado à sua demissão. Pelo próprio pé ou por
iniciativa do Primeiro-Ministro, Nuno Crato deveria estar de volta ao posto que
ocupava antes da sua nomeação para o Governo. Infelizmente, em Portugal criou-se
o hábito de a contestação à acção de um ministro incompetente servir para
reforçar ainda mais a sua continuação no cargo. Não é de agora, convenhamos,
mas está a fazer escola. Como se isto não bastasse, o ministro Crato, em vez de
proceder ao reconhecimento e correcção das asneiras, de forma humilde, insiste
na ideia arrogante de que o caminho que mantém é o único que está certo. Foi exactamente o que fez através de um “discurso
absurdo” por ocasião da celebração dos 36 anos da UGT.
Um dos temas abordados pelo Prof. Santana
Castilho, no Público de hoje, foi a desmontagem oportuna, do auto-elogio de Crato
aquando do aniversário daquela central sindical.
A UGT fez 36
anos. Crato passou por lá, disse que a educação ia na direcção certa e
ofereceu-nos um discurso absurdo, próprio do condutor que entra na auto-estrada
em contramão e se queixa dos outros, todos, que acusa de estarem na faixa
errada. Pareceu aquele desequilibrado fundamentalista carnívoro que, da maçã,
só aproveitava o bichinho. Vejamos, em síntese, o despudor com que se elogiou.
Reforçou os conhecimentos essenciais dos alunos? Que
são conhecimentos essenciais? Em que evidências se apoia para dizer isso? Há
uma evidência, sim: queimou tudo o que é de raiz personalista e pública e
promoveu a educação-mercadoria e privada.
Reforçou a avaliação externa? Fez os piores e mais
iníquos exames de sempre, cujos resultados desmentem o que disse.
Valorizou o ensino profissionalizante? Eu digo de
outro modo: elitizou o ensino, mandando crianças de 12 anos, com dificuldades,
aprenderem uma profissão que não lhes dará emprego.
Aumentou o acompanhamento dos alunos com dificuldades?
Como? Reduzindo professores de apoio, disciplinas, financiamento, todo o tipo
de auxílios e complementos? Mesmo para a mentira há uma “ética”. Respeite-a,
quando mente com tal despudor!
Valorizou a qualidade da docência? Varrendo a formação
contínua? Instituindo a sinistra PACC? Despedindo em massa? Promovendo um
concurso de vergonha sem fim? Tratando os professores como peças de um sistema
acéfalo?
Deu maior autonomia às escolas? Qual? A que ninguém vê
e o Conselho das Escolas lhe jogou à cara em documento que, num país decente, o
demitiria ou ao conselho? A que resulta das estúpidas metas curriculares, que
afogam e castram?
Aumentou
a competitividade internacional do ensino superior e da ciência? Com a fraude
da avaliação dos centros de investigação, que todos aniquilaram
fundamentadamente, Conselho de Reitores por último?
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