As
últimas semanas trouxeram-nos, um após outro, uma série de escândalos, qual
deles o de maior gravidade. No entanto, cada um que vem a público atira para
segundo plano o anterior, como se este tivesse perdido a sua importância. Todos
os escândalos, independentemente do resultado que tenham na justiça, se
encontram sob um denominador comum: a corrupção.
O
que se passou relativamente à atribuição dos Vistos Dourados só nos pode deixar
alarmados porque foram presos, o chefe de uma polícia que tinha a seu cargo a
defesa das nossas fronteiras e o presidente do Instituto dos Registos e
Notariado. Começamos a acreditar que a corrupção está espalhada por toda a
máquina do Estado e que estamos entregues a gente sem ponta de pudor que não
olha a meios para enriquecer rapidamente.
É
bom não nos esquecermos que os responsáveis máximos pelo que se está a passar
foram os sucessivos governos, de que há a destacar o actual. A acção de Passos
e Portas, totalmente despida de pudor e de ética, dão o exemplo para toda a administração
pública.
O
texto seguinte (*) que transcrevemos do Diário de Coimbra de ontem é um
comentário soft à questão dos Vistos Dourados mas, mesmo assim, vale a pena a
sua leitura.
Os
Vistos Dourados são autorizações especiais que o Estado dá a pessoas ricas que
querem investir pelo menos 500 mil euros em Portugal. Se essas pessoas não fossem
ricas nunca poderiam cá viver. Mas isso só não chega, é preciso que sejam também
honestas e honradas.
É
aqui que entram o SEF e o SIS. Garantindo que esses cidadãos têm a “ficha limpa”
e não representam uma ameaça à segurança das pessoas, portugueses e estrangeiros,
que vivem em Portugal.
Aparentemente
parecia uma boa ideia. Trazer dinheiro para Portugal vendendo a estrangeiros,
maioritariamente chineses, um sonho aparentemente inacessível: Ser Europeus.
Só
que se inverteu o sentido da lei.
Basta
fazer uma busca na internet para perceber que esses vistos deixaram de ser
apenas uma oportunidade de investimento e passaram a ser um bom negócio, com
muitas empresas e advogados a angariar clientes para lhes vender, ao mesmo
tempo, um visto e uma casa. O Visto Dourado deixou de ser uma política
económica para passar a ser um simples negócio imobiliário.
E
quando a condução dos negócios públicos passa a ter mais proveito para os
particulares, os Estados enfraquecem, tornam-se inseguros e perdem soberania.
Como
escrevia o Eça: “Aos políticos: «menos liberalismo e mais carácter».
(*) José
Manuel Diogo, consultor de comunicação
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