quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A QUE GENTE ESTAMOS ENTREGUES?


As últimas semanas trouxeram-nos, um após outro, uma série de escândalos, qual deles o de maior gravidade. No entanto, cada um que vem a público atira para segundo plano o anterior, como se este tivesse perdido a sua importância. Todos os escândalos, independentemente do resultado que tenham na justiça, se encontram sob um denominador comum: a corrupção.
O que se passou relativamente à atribuição dos Vistos Dourados só nos pode deixar alarmados porque foram presos, o chefe de uma polícia que tinha a seu cargo a defesa das nossas fronteiras e o presidente do Instituto dos Registos e Notariado. Começamos a acreditar que a corrupção está espalhada por toda a máquina do Estado e que estamos entregues a gente sem ponta de pudor que não olha a meios para enriquecer rapidamente.
É bom não nos esquecermos que os responsáveis máximos pelo que se está a passar foram os sucessivos governos, de que há a destacar o actual. A acção de Passos e Portas, totalmente despida de pudor e de ética, dão o exemplo para toda a administração pública.
O texto seguinte (*) que transcrevemos do Diário de Coimbra de ontem é um comentário soft à questão dos Vistos Dourados mas, mesmo assim, vale a pena a sua leitura.
Os Vistos Dourados são autorizações especiais que o Estado dá a pessoas ricas que querem investir pelo menos 500 mil euros em Portugal. Se essas pessoas não fossem ricas nunca poderiam cá viver. Mas isso só não chega, é preciso que sejam também honestas e honradas.
É aqui que entram o SEF e o SIS. Garantindo que esses cidadãos têm a “ficha limpa” e não representam uma ameaça à segurança das pessoas, portugueses e estrangeiros, que vivem em Portugal.
Aparentemente parecia uma boa ideia. Trazer dinheiro para Portugal vendendo a estrangeiros, maioritariamente chineses, um sonho aparentemente inacessível: Ser Europeus.
Só que se inverteu o sentido da lei.
Basta fazer uma busca na internet para perceber que esses vistos deixaram de ser apenas uma oportunidade de investimento e passaram a ser um bom negócio, com muitas empresas e advogados a angariar clientes para lhes vender, ao mesmo tempo, um visto e uma casa. O Visto Dourado deixou de ser uma política económica para passar a ser um simples negócio imobiliário.
E quando a condução dos negócios públicos passa a ter mais proveito para os particulares, os Estados enfraquecem, tornam-se inseguros e perdem soberania.
Como escrevia o Eça: “Aos políticos: «menos liberalismo e mais carácter».
(*) José Manuel Diogo, consultor de comunicação

Sem comentários:

Enviar um comentário