segunda-feira, 3 de novembro de 2014

RESPONSABILIDADE COLECTIVA?


O tema corrupção é muito recorrente em artigos de opinião na comunicação social escrita e falada. Cremos que até às eleições legislativas do próximo ano essa tendência cresça exponencialmente.
É convicção generalizada que a corrupção mais nutrida se encontra instalada nos partidos do chamado arco da governação e abrange gente, tanto a nível central como local. Neste último âmbito, a esmagadora maioria dos cidadãos de Portimão, por exemplo, têm poucas dúvidas sobre as razões que levaram ao actual descalabro financeiro da autarquia em que vivem. Também a generalidade dos portugueses, não acredita que não haja corrupção no caso dos submarinos sabendo-se que relativamente ao mesmo facto se conhecem condenações na Alemanha. Então, por que razão os portugueses votam sempre nos mesmos, sabendo quais os resultados que vão obter? Trata-se de uma questão muito difícil de responder, que leva à afirmação politicamente incorrecta de Domingos Lopes no artigo de opinião que assina hoje no Público, segundo a qual “o povo não está isento de responsabilidades” votando da forma como vota.
As notícias e os casos que envolvem corrupção são tão latitudinários que ocorre fazer esta pergunta simples: há ou não há polític@s honrad@s que não pactuem com a corrupção, cancro com metástases espalhadas em toda a comunidade?
Os casos conhecidos tocam sobretudo dirigentes dos partidos do chamado arco da governação e aparecem nos media ao sabor não se sabe bem de que cozinheiros…e de que cozinhados…
Universidades, equipamentos das Forças Armadas, bancos, ações, créditos, privatizações, fundos europeus, subsídios, vendas de empresas públicas, fugas ao fisco de alguns fundamentalistas defensores da austeridade, offshores, facilitadores de grandes negócios, negócios envolvendo escritórios de advogados, construção imobiliária nas mais diversas autarquias são, entre muitos, exemplos da magnitude que envolve a corrupção na vida nacional.
Abrange figuras do vértice do Estado e de áreas da governação central e local. E para além do que é conhecido e vem a público o mais grave é o que se respira na sociedade. Sente-se que ela está omnipresente desde o emprego para o militante do partido no poder até às luvas se tal negócio se se fizer de certo modo ou aos “agradecimentos” por as coisas terem corrido como foi combinado e graças à influência de Vossa Excelência
As grandes negociatas dão grandes lucros a quem manda. @s que os permitem nunca, ou quase nunca, são esquecid@s, e aí está o novo posto algures no Olimpo dos mercados ou ainda as prosaicas luvas …
Criou-se a convicção relativamente generalizada que sem um “encosto” um “toque”, uma “untadela” a coisa não vai.
A corrupção instalou-se e está de boa saúde. A República está contaminada e gera desconfiança na comunidade.
É verdade que o povo não está isento de responsabilidades. Sabe que votando em quem vota maioritariamente o resultado é o que se vê. O grau de contaminação é tal que, entre o voto nos de sempre e escolher fora do tal arco, vai na onda e vota nos de sempre, deixando-os abocanhar as riquezas do país ou vendê-las ao desbarato e recebendo principescas compensações. Esperando migalhas prometidas, não quer sarilhos, prefere a amargura dos dias e o euromilhões… . Lamenta-se. Emigra, deixando de ter esperança no futuro do país. Não enfrenta as dificuldades de construir com os seus compatriotas uma sociedade onde se reveja.
A política está contaminada pelo “negocismo” : tudo tem um preço; tudo vale para se ter. As populações, sentindo-se indefesas, atemorizadas pelas consequências de ir contra esta corrente de teres, amaldiçoam os políticos. As negociatas confiscaram a política e decidem o que os políticos devem fazer, engendrando esta lama que cobre o país.
Quando estão na “oposição” há partidos que têm um comportamento antigovernamental… porém, mesmo antes das portas do poder se escancararem começam a ajeitar-se para virem a deixar cair a diferença apregoada e assumirem enfatuados o realismo da governação.
 Sem a diferença não há política; há pântano. Governar do mesmo modo, quase faz desistir de viver.
Se a política for só para os chamados políticos com vocação para governarem o povo estará tramado, será um sujeito passivo à mercê do império de traficantes das várias influências. Asfixiado. Nunca sairá da cepa torta. A política não passará de um disco riscado com a mesma cantiga cantada por diferentes intérpretes.
Independentemente da discussão sobre o sistema político partidário acerca da sua responsabilização pela situação criada, o sistema, em si, terá já degenerado a ponto de todas as mulheres e todos os homens honrados se remeterem ao silêncio dos inocentes, deixando crucificar o país e colocar as suas riquezas no altar das grandes negociatas?

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