domingo, 4 de maio de 2014

MOÇÕES BE NA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE PORTIMÃO



Os membros eleitos pelo BE-PTM apresentaram, na última reunião da Assembleia de Freguesia de Portimão, dia 30 de Abril de 2014, três moções, respectivamente, uma “Saudação ao 1º de Maio”, “Contra os parquímetros na Praia da Rocha” e pela “Colocação de placas toponímicas nos bairros da Coca Maravilhas”. A primeira e a terceira foram rejeitadas e a segunda foi aprovada. Eis, no essencial, o conteúdo de todas as moções e as respectivas votações.

Assembleia de Freguesia de Portimão

Moção

Saudação ao 1º de Maio

Amanhã farão 40 anos que pela primeira vez foi comemorado, por todo o país, o 1º de Maio em liberdade, graças à Revolução de Abril que libertou o povo das grilhetas da ditadura.
Quatro décadas depois, as perspectivas são sombrias para a maioria dos trabalhadores portugueses:
- A taxa do desemprego atingiu nos finais de 2013, 15,3% e Portugal continua a ter um nível de desemprego muito superior ao da União Europeia (10,6%) e ao da zona euro (11,9%). A taxa do desemprego jovem atinge os 35% sendo que, comparada com outros países, Portugal tem uma taxa média superior à média da zona euro (23,5%) e da União Europeia (22,9%).
- O chamado “ajustamento”  tem sido feito largamente à custa dos impostos sobre o rendimento do trabalho: só a receita de IRS aumentou 35,5% em 2013.
- Os trabalhadores que têm a infelicidade de perder o seu emprego têm uma rede de segurança social cada vez mais débil: em relação a Janeiro de 2013, os 416 mil desempregados que recebiam apoio do Estado (subsídio, subsídio social ou prolongamento do subsídio social) passaram a ser 338,3 mil, uma redução de 6,68%. Mais de 438 mil desempregados não têm qualquer apoio do Estado e aqueles que ainda têm direito a uma prestação, se no início de 2013 o valor médio mensal do subsídio era de 510,2 euros, no início de 2014 foi reduzida para 470 euros o que diminui 40 euros mensais, significando assim um corte de um mês no valor recebido num ano. Os apoios aos desempregados foram reduzidos de 203 milhões mensais para 182 milhões.
- Milhares de trabalhadores viram, por via das alterações ao Código do Trabalho, desaparecer muitas das regalias (p.ex., a nivel do pagamento do trabalho extraordinário) que haviam obtido através de Acordos Colectivos de Trabalho negociados entre os seus sindicatos e as entidades patronais – o mesmo governo que reduz e desmantela o Estado nas suas funções sociais de apoio aos mais desfavorecidos já não teve qualquer problema em usar o poder do Estado para forçar uma revisão dos acordos laborais favorável aos ricos e poderosos.
- Empobrecer rapidamente e em força! É a política do governo: em apenas 2 anos o total de famílias em Portugal que ganham menos de 10 mil euros brutos por ano disparou 33,1%. Em 2010, ganhavam menos de 715 euros brutos mensais – considerando 14 meses – 2,28 milhões de famílias mas em 2012 eram já 3,04 milhões de agregados abaixo daquele limiar.
- O risco de pobreza da população portuguesa aumentou entre 2011 e 2012, atingindo 18,7% da população, ou seja, quase 2 milhões de pessoas. Os dados constam do mais recente inquérito às Condições de Vida e Rendimento do Instituto Nacional de Estatística, divulgados em Março e que apontavam para um aumento de oito pontos percentuais em relação a 2011. Não havendo valores relativos a 2013 os indicadores de pobreza apontam no sentido do agravamento.
Este aumento brutal das dificuldades que pesam sobre os trabalhadores nem sequer parece ter atingido o seu propalado objetivo: A dívida pública atingiu 213,6 mil milhões de euros; 8771 milhões a mais do que em 2012 segundo dados divulgados pelo Banco de Portugal; o rácio da dívida pública em percentagem do PIB tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos e passou de 108,3% em 2011 para 124,1% em 2012 e para 129% em 2013. Mesmo a tão badalada descida dos juros nominais da dívida é em parte contrariada pela deflação em que a zona euro está em risco de cair, pelo que os juros reais continuam à mesma largamente incomportáveis
É neste contexto que vamos celebrar mais um 1º de maio, dia que desde o final do século XIX assinala a luta dos trabalhadores por melhores condições e trabalho e, acima de tudo, de vida.
Assim, a Assembleia de Freguesia de Portimão, reunida em sessão ordinária no dia 30 de abril de 2014, delibera:
- Saudar o 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, e todos os trabalhadores que, em Portugal, na Europa e no mundo inteiro, lutam pela sua dignidade e pelos seus direitos
- Saudar todas as conquistas em termos de direitos laborais e sociais que foram conquistados em Portugal, sobretudo desde o 25 de abril
- Exortar à participação dos cidadãos de Portimão nas comemorações do 1º de Maio e no prosseguimento da luta pelo derrube do governo e pela realização de eleições legislativas antecipadas, condição indispensável para um futuro com paz, pão, habitação, saúde, educação e justiça.
Resultado: moção rejeitada com 9 votos contra (7 PS + 2 PSD), 5 abstenções (4 CDS/MPT/PPM + 1 PSD) e 4 votos a favor (3 BE + 1 CDU)

Moção
Contra os parquímetros na Praia da Rocha
Têm surgido notícias de que a Câmara Municipal de Portimão está a estudar um projeto no sentido de serem implementados parquímetros em algumas zonas da Praia da Rocha
Tal pode pesar de forma excecionalmente gravosa sobre as pessoas que trabalham na Praia da Rocha e também contribuir para afastar alguns turistas para outros destinos; se tal já seria mau, ainda pior o é numa altura em que continuamos numa grave crise económica e social.
Assim, a Assembleia de Freguesia de Portimão, reunida em sessão ordinária no dia 30 de abril de 2014, apela à Câmara Municipal de Portimão que rejeite a implementação do estacionamento pago em vias públicas da Praia da Rocha.
Observação: Depois de aprovada esta moção deverá ser enviada à Câmara Municipal de Portimão e divulgada pela comunicação social
Resultado: moção aprovada com 10 votos a favor (3 BE + 4 CDS/MPT/PPM + 2 PSD + 1 CDU) e 8 votos contra (7 PS + 1 PSD).

Moção
Colocação de placas toponímicas nos bairros da Coca Maravilhas
Vários moradores dos bairros do Progresso, da Boa Hora e 1º de Junho têm-se queixado de que muitos arruamentos desses bairros, apesar de já terem designação atribuída, ainda não têm placas toponímicas. Tal leva a problemas, quer na receção de correspondência, quer a dificuldades sentidas por alguns moradores em situações em que têm que declarar a designação oficial da sua morada (que muitos, devido à ausência de placas, acabam por não conhecer bem).
Assim, a Assembleia de Freguesia de Portimão, reunida em sessão ordinária no dia 30 de abril de 2014, propõe que a Junta de Freguesia de Portimão tome as providências necessárias para que sejam colocadas as referidas placas nos arruamentos dos bairros supracitados.
Portimão, 30 de Abril de 2014
Os membros eleitos pelo Bloco de Esquerda
Miguel Madeira

José Porfírio

Célia Alfarroba da Silva
Observação: moção rejeitada, com 4 votos a favor (3 BE + 1 CDU), 4 contra (CDS/MPT/PPM) e 10 abstenções (PS+PSD); o presidente usou o seu voto de qualidade contra a moção.

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