Como
já tem sido largamente referido, o valor da abstenção nas eleições do passado
domingo, para o Parlamento Europeu, atingiu a percentagem astronómica de 66,1.
Isto significa que apenas 33,9% (pouco mais de um terço) dos eleitores tomaram
a decisão de votar. Destes 7,47% votaram branco ou nulo, o que significa que a
percentagem de cidadãos com direito a voto que optou por um partido ou
coligação, ainda desce mais.
Feitas
as contas a partir daqueles dados disponíveis, para as formações partidárias
mais votadas, significa que apenas 10,7% dos eleitores votaram PS e 9,3%
decidiram-se pela coligação de direita (PSD/CDS). Se quisermos ir um pouco mais
além, retirando os votos brancos e nulos, para ficarmos exclusivamente com os
votos atribuídos a partidos e coligações, então, os “socialistas” contarão com
9,9% e a direita no poder com 8,7%.
Poderíamos
deixar aqui os valores relativos aos restantes concorrentes mas, com diria alguém,
“é só fazer as contas”. As conclusões não serão nada agradáveis como se
depreende pela amostra…
Numa
primeira análise, estes valores são aterradores em termos da participação
democrática dos eleitores e das consequências que tal facto acarreta para a
vida de todos nós. Decisões fundamentais acabam por ser tomadas por uma pequena
minoria, exactamente ao contrário da regra básica da democracia. Começamos a
sentir com muita força as consequências da forma como nasceu o projecto
europeu, em que as populações sempre foram mantidas à margem... A resposta aí
está.
O
Algarve foi o distrito do Continente onde a abstenção foi maior – uma triste
classificação, com 71,45%. Seguindo o mesmo tipo de análise que fizemos em
relação ao todo nacional, conclui-se que o PS obteve 8,8% dos votos e a coligação
de direita 6,2% relativamente ao número de votantes. Estes valores baixarão
para 8,2% e 5,8, respectivamente, se tivermos em conta os eleitores que votaram
em partidos.
Como muito bem afirma José Vitor Malheiros
hoje no Público, “não há nenhum projecto mais urgente para a democracia do que
recuperar para o exercício da sua soberania as pessoas que não fazem ouvir a
sua voz”.
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