terça-feira, 27 de maio de 2014

O ALERTA DA ABSTENÇÃO


Como já tem sido largamente referido, o valor da abstenção nas eleições do passado domingo, para o Parlamento Europeu, atingiu a percentagem astronómica de 66,1. Isto significa que apenas 33,9% (pouco mais de um terço) dos eleitores tomaram a decisão de votar. Destes 7,47% votaram branco ou nulo, o que significa que a percentagem de cidadãos com direito a voto que optou por um partido ou coligação, ainda desce mais.
Feitas as contas a partir daqueles dados disponíveis, para as formações partidárias mais votadas, significa que apenas 10,7% dos eleitores votaram PS e 9,3% decidiram-se pela coligação de direita (PSD/CDS). Se quisermos ir um pouco mais além, retirando os votos brancos e nulos, para ficarmos exclusivamente com os votos atribuídos a partidos e coligações, então, os “socialistas” contarão com 9,9% e a direita no poder com 8,7%.
Poderíamos deixar aqui os valores relativos aos restantes concorrentes mas, com diria alguém, “é só fazer as contas”. As conclusões não serão nada agradáveis como se depreende pela amostra…
Numa primeira análise, estes valores são aterradores em termos da participação democrática dos eleitores e das consequências que tal facto acarreta para a vida de todos nós. Decisões fundamentais acabam por ser tomadas por uma pequena minoria, exactamente ao contrário da regra básica da democracia. Começamos a sentir com muita força as consequências da forma como nasceu o projecto europeu, em que as populações sempre foram mantidas à margem... A resposta aí está.
O Algarve foi o distrito do Continente onde a abstenção foi maior – uma triste classificação, com 71,45%. Seguindo o mesmo tipo de análise que fizemos em relação ao todo nacional, conclui-se que o PS obteve 8,8% dos votos e a coligação de direita 6,2% relativamente ao número de votantes. Estes valores baixarão para 8,2% e 5,8, respectivamente, se tivermos em conta os eleitores que votaram em partidos.
Como muito bem afirma José Vitor Malheiros hoje no Público, “não há nenhum projecto mais urgente para a democracia do que recuperar para o exercício da sua soberania as pessoas que não fazem ouvir a sua voz”.

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