Muitos
jovens ingressaram no grupo dos portugueses que quiseram “viver acima das suas
possibilidades” porque tiveram a ousadia de pretender tirar um curso superior. Não
tendo possibilidades económicas para tal, aproveitaram os apoios financeiros dados
pelo Estado através das bolsas de estudo. Só que a actual maioria de direita
incluiu estes investimentos públicos na categoria de “gorduras” e resolveram
infringir-lhe um corte brutal. Disto não ouvimos nós falar Rangel nem Nuno Melo
nos intervalos de duas goladas de vinho de garrafa à boca, durante a,
completamente vazia de propostas, campanha eleitoral para o Parlamento Europeu.
De
qualquer maneira, a situação de muitos estudantes bolseiros é dramática, ao
ponto de se verem obrigados a abandonar os estudos.
Segundo
a imprensa local (Coimbra), dos
1300 estudantes da Universidade de Coimbra que perderam a bolsa, 77% podem
abandonar os estudos, de acordo com um inquérito efectuado pelos Serviços de
Acção Social.
A
administradora dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (SASUC),
Regina Bento, alertou que o número obtido com o inquérito “é apenas uma gota de
água”, pois a investigação foi dirigida somente aos alunos «que se candidataram
à bolsa e viram o pedido recusado». A candidatura às bolsas é anual.
O
inquérito realizado em Março, pretendia «dar uma resposta imediata» e direccionar
os vários casos para «o Fundo de apoio Social ou para uma reavaliação da bolsa»,
explicou Regina Bento, referindo que de momento há 3700 estudantes bolseiros,
quando chegavam a ser «6000, há 10 anos». «A alteração do regulamento de atribuição
de bolsas veio reduzir imensamente o número de bolseiros», constatou, acrescentando
que «muito poucos alunos têm um plano B, caso percam a bolsa».
O
inquérito dos SASUC ainda não está fechado, visto que podem ser analisados mais
casos de alunos que perderam a bolsa até ao final de Maio.
Para
além do inquérito, os SASUC pretendem «desenvolver mecanismos de sinalização
para impedir abandonos precoces do ensino superior» (*).
A
notícia refere ainda que se têm registado mais «pedidos de emergência», alguns
para alimentação e compra de material escolar. Estas situações são encaminhadas
para instituições de carácter assistencial, como a Cáritas, o Centro de
Acolhimento João Paulo II e Instituto Justiça e Paz que actuam de forma
articulada.
(*) Diário
de Coimbra
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